sábado, 27 de dezembro de 2014

Celebração da Sagrada Família

«O Menino crescia e tornava-se robusto, enchendo-Se de sabedoria»

Não é por acaso que a Festa da Sagrada Família se celebra na quadra natalícia. Foi no seio de uma família que Deus se fez homem, cresceu e se encheu de sabedoria. Uma família onde todos nos fazemos homens, foi também para o nosso Deus escola de humanidade. Seguindo a prescrições da Lei, Maria e José apresentaram Jesus no templo, consagrando-O ao Senhor. Fica, assim, em evidência a sua humanidade e a sua divindade.

A família de Deus não gozou de maiores privilégios, como nos recorda Simeão; pelo contrário, ter a Deus por perto significa reger-se pelos seus critérios e preparar-se para as consequências do “sinal de contradição”, como se revelará a vida de Jesus. No entanto, este Menino que depressa será Homem e se empenhará por cumprir o projeto do Pai, levanta-nos o véu das atitudes a seguir: deixa-nos o exemplo de Maria e José, que cumprem as suas obrigações para com Deus; apresenta-nos Simeão, como homem justo e piedoso, em espera perseverante de Deus; e Ana, uma servidora fervorosa de Deus, noite e dia.

Textos: Eclo 3, 3-7.14-17; Col 3, 12-21; Lc 2, 20-40

Evangelho (Lc 2, 22-40) - Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria entes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; - e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.

A Sagrada Família de Nazaré é modelo, alento e força para todas as nossas famílias.

Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C.

Esta festa é recente e foi estabelecida faz pouco mais de um século pelo papa Leão XIII para dar às famílias cristas um modelo evangélico de vida, virtudes domesticas e de união no amor, para que depois das provas desta vida possam gozar no céu da eterna companhia de Deus e da Sagrada Família de Nazaré.

Em primeiro lugar, todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje sofrem algumas das nossas famílias, que colocou em evidencia o sínodo extraordinário da família em outubro de 2014: famílias fragmentadas, feridas, quebradas, em necessidades de pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e externas. Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na educação dos filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os reduzidos tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores disgregados como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da prática abortiva. O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os filhos como objetos de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo os seus desejos. Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas de dependência sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões livres ou em segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O que fazer diante destes desafios?

Em segundo lugar, hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família para que nos digam o segredo para formar uma família ideal e possamos lançar luz nestes desafios. Quando Paulo VI esteve em Nazaré tirou umas anotações ou lições da Sagrada Família de Nazaré, a modo de fotografia. “Primeiro, lição de silêncio. Renasça em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável condição do espírito; em nós, atordoados por tantos ruídos, tantos estrépitos, tantas vozes da nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. Silêncio de Nazaré, ensinai-nos o recolhimento, a interioridade, a aptidão de prestar atenção às boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres; ensinai-nos a necessidade e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que Deus só vê secretamente. Segundo, a lição da vida doméstica. Que Nazaré nos ensine o que é a família; a sua comunhão de amor, a sua simples e austera beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; ensine quão doce insubstituível é a sua pedagogia; ensine quão fundamental e insuperável a sua sociologia. E terceiro, lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “Filho do Carpinteiro”, como queríamos compreender e celebrar aqui a lei severa, e redentora da fatiga humana; recompor aqui a consciência da dignidade do trabalho; recordar aqui como o trabalho não pode ser fim em si mesmo e como, quanto mais livre e alto for, tanto serão, ademais do valor econômico, os valores que tem como fim; saudar aqui os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande colega, o seu irmão divino, o Profeta de toda justiça para eles, Jesus Cristo Nosso Senhor!”. (Homilia de Paulo VI, 5 de janeiro de 1964 em Nazaré).

Finalmente, devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de Deus para a família. É verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão do seio da sua família, mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um descendente, de um herdeiro, Cristo, ao redor do qual se formaria a família perfeita. E quando com braço poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para constitui-los em povo, em família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus constituiu depois a Igreja- novo Israel- ao modo de uma família, com um Pai comum. Somos todos da família de Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a mãe e os filhos. São Paulo na segunda leitura de hoje nos dá a clave para edificar esta família de Jesus com um único alicerce: o amor mútuo, feito humildade, afabilidade, paciência, perdão, paz, gratidão, oração, respeito, obediência. O pai é a cabeça, a mãe é o coração e os filhos são a coroa desses pais.

Para refletir:
1. O que é que mais impressiona da Sagrada Família de Nazaré?
2. O que é que com mais urgência as nossas famílias deveriam aprender da Sagrada Família de Jesus, José e Maria?
3. Como deveria se comportar a Igreja com essas famílias que estão passando por graves dificuldades?

Para rezar: Sagrada Família de Nazaré: ensinai-nos o recolhimento, a interioridade; dai-nos a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensinai-nos a necessidade do trabalho de reparação, do estudo, da vida interior pessoal, da oração, que só Deus vê no segredo; ensinai-nos o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua beleza simples e austera, o seu caráter sagrado e inviolável. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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