quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mês do Sagrado Coração de Jesus – Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo

LECTIO DIVINA  - Textos: Dt 8, 2-3.14-16; 1 Co 10, 16-17; Jo 6, 51-59

Evangelho (Jo 6,51-58): «Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como é que ele pode dar a sua carne a comer?». Jesus disse: «Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que me come viverá por meio de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram — e no entanto morreram. Quem come este pão viverá para sempre».

Cristo é o Pão vivo com sabor de vida eterna.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

O homem, durante o seu peregrinar na terra, é um ser radical e espiritualmente faminto (primeira leitura). E Deus na Eucaristia veio para satisfazer essa fome interior humana (evangelho). Ao comer a Eucaristia, não só alimentamos a nossa alma, mas também formamos um só corpo com Cristo (segunda leitura).

Em primeiro lugar, temos muitos quilômetros para percorrer nesta terra até chegar à eternidade. Temos que levar suficientes provisões na nossa mochila, senão desfalecemos irremediavelmente no caminho. Se existe algo que não deve faltar é o Pão da Eucaristia, sem o qual não teríamos forças para avançar e cantar, e morreríamos de fome. Durante a nossa travessia somos seduzidos por tantos restaurantes que vemos na esquerda e na direita, tentando-nos e oferecendo-nos um cardápio suculento que satisfaz o nosso ventre e os nossos sentidos.

Em segundo lugar, Deus, sabendo da nossa fome radical, nos prepara um banquete para a nossa alma com o Corpo e o Sangue do seu Filho. Este Pão é remédio da imortalidade, como diz são Inácio de Antioquia, isto é, o Pão que nos garante a ressurreição, inclusive do nosso corpo. Mas também este Pão neste dia de Corpus Christi é pão no só para ser comido no banquete da missa, mas também para ser contemplado e adorado. Por isso, passeamos pelas ruas dos povoados e das cidades, assentado na custódia, esse Pão consagrado que é Cristo. Podemos vê-lo, contemplá-lo e adorá-lo com gozo. É a presença de Cristo oferecida para alento nas nossas tristezas, e para que também nós nos convertamos em pão fresco para os nossos irmãos; pão que se parte; pão que se reparte e se comparte; e assim os nossos irmãos tenham vida e ninguém morra de fome.

Finalmente, na sequência, que foi composta por santo Tomás de Aquino, cantamos hoje: Este Pão “comem Dele bons e maus, com proveito diferente; para uns é vida; para outros, morte”. Para comer este Pão com dignidade e respeito, a nossa alma tem que estar limpa, o nosso coração bem decente. Não podemos jogar este Pão dos anjos aos cachorros das nossas paixões. É para os filhos que se aproximam do banquete com o traje de gala da graça e da amizade com Deus. Para Santo Agostinho de Hipona, a Eucaristia tem como finalidade última a união dos cristãos com Cristo e entre si. É o que são Paulo na segunda leitura de hoje nos diz: “formamos um só corpo, porque todos comemos do mesmo pão”. A Eucaristia é o meio privilegiado para edificar a Igreja. Por isso podemos dizer com santo Agostinho que a Eucaristia é “sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade”.

Para refletir: Tenho fome do Pão de vida eterna, ou tenho o estômago cheio de manjares mundanos? Noto que a Eucaristia me transforma em Jesus, e me faz pensar, sentir e amar como Cristo? Comungo em estado de amizade com o Senhor? Procuro tempo para contemplar e adorar a Cristo Eucaristia na Igreja uma vez por semana?

Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente

Mons. Agustí CORTÉS i Soriano Bispo de Sant Feliu de Llobregat (Barcelona, Espanha)

Hoje, toda a mensagem que ouviremos e viveremos está contida no "o pão". O sexto capítulo do Evangelho segundo são João, relata o milagre da multiplicação dos pães, e segue com um grande discurso de Jesus, um desses fragmentos ouvimos hoje. Interessa-nos muito entendê-lo, não só para viver a festa do “Corpus” e o sacramento da Eucaristia, senão também para compreender uma das mensagens centrais do seu Evangelho.

Há multidões famintas que precisam pão. Há toda uma humanidade próxima à morte e ao vazio, carente de esperança, que necessita de Jesus Cristo. Há um Povo de Deus crente e caminhante que precisa encontrá-lo visivelmente para seguir vivendo Dele e alcançar a vida. Há três tipos de fome e três experiências de sacies, que correspondem a três formas de pão: o pão material, o pão que é a pessoa de Jesus Cristo e o pão eucarístico.

Sabemos que o pão mais importante é Jesus Cristo. Sem Ele não podemos viver de nenhuma maneira. «Pois sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5). Mas Ele mesmo quis dar de comer ao faminto e, além do mais, fez disso um imperativo evangélico fundamental. Certamente pensava que era uma boa forma de revelar e verificar o amor de Deus que salva. Mas também quis fazer-se acessível a nós em forma de pão, para os que ainda caminhamos na história, permaneçamos nesse amor e alcancemos assim a vida.

Ele queria, antes de tudo, ensinar-nos que devemos buscá-lo e viver Dele? quis demonstrar seu amor dando de comer ao faminto, oferecendo-se constantemente na Eucarística: «Quem consome este pão viverá para sempre» (Jo 6,58). Santo Agostinho comentava este Evangelho com frases atrevidas e figurativas: «Quando se come a Cristo, se come a vida (...). Se vos separais até o ponto de não comer o Corpo e não beber o Sangue do Senhor, é de temer-se que morrais».

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