segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Terça-feira da 23ª Semana do Tempo Comum


Preparando-nos para a Festa do Senhor Bom Jesus dos Passos
Patrono do Sodalício da Ordem Terceira do Carmo de Sergipe
14 de setembro
Exaltação da Santa Cruz

«O que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim» (Mt. 10, 38).
 
     1 - Com estas palavras o divino Mestre declara expressamente que levar a cruz é uma condição indispensável para ser seu discípulo.
     A palavra cruz, porém, não deve fazer-nos pensar somente em sofrimentos especiais - os quais, embora não estejam excluídos, não são, em geral, coisas de todos os dias - mas leva-nos antes a pensar naqueles incômodos ordinários e quotidianos que não faltam nunca em nenhuma forma de vida e que devemos procurar abraçar como outros tantos instrumentos de progresso e fecundidade espiritual.
     Muitas vezes é mais fácil aceitar num ímpeto de generosidade grandes sacrifícios, grandes sofrimentos, que se nos apresentam só uma vez, do que certos sofrimentos pequenos, insignificantes, de todos os dias, intimamente ligados ao próprio estado de vida e ao cumprimento do próprio dever; sofrimentos que se apresentam diàriamente, sempre sob a mesma forma, com a mesma intensidade e insistência em situações invariáveis e que duram longo tempo, São incômodos físicos derivados de falta de saúde, de restrições econômicas, ou também de fadiga, de excesso de trabalho ou de preocupações; são talvez sofrimentos morais, resultantes da divergência no modo de ver, de contrastes de temperamento, de incompreensões, etc.. Tudo isto constitui essa cruz concreta e real que todos os dias Jesus nos apresenta, convidando-nos a levá-la após Ele.
     Humilde cruz de cada dia que não exige gestos de heroísmo, mas diante da qual devemos todos os dias repetir o nosso sim, dobrando docilmente os ombros para levar o seu peso com generosidade e amor. O valor, a fecundidade dos nossos sofrimentos quotidianos consiste precisamente nisto, nesta aceitação sem reserva que nos faz recebê-Ios como 'Deus no-los apresenta, sem procurar evitá-los nem diminuir-lhes o peso. "Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado» (Mt. 11, 26).

     2 - Jesus dá aos nossos sofrimentos o nome de cruz, porque cruz significa instrumento de salvação e Ele quer que o nosso sofrimento não seja vão, mas que se torne uma cruz, isto é, um meio de elevação, de santificação. De fato qualquer sofrimento se transforma em cruz desde o momento em que o aceitamos das mãos do Senhor, aderindo à Sua vontade que quer servir-se dele para nosso proveito espiritual. Se isto é verdade para os grandes sofrimentos é também muito verdade para os pequenos; todos entram no plano divino, todos - ainda os mais pequenos - foram predispostos por Deus desde a eternidade para a nossa santificação.
     Aceitemo-los com serenidade sem nos deixarmos perturbar pelas coisas que nos desagradam; mantenhamo-los no lugar que devem ter e que têm realmente no plano divino, ou seja, o de instrumentos para podermos realizar o nosso ideal de santidade, de união com Deus.
     Se estas contrariedades são um mal, porque nos fazem sofrer, são um bem, porque nos dão ensejo de praticar a virtude, porque nos purificam e nos aproximam do Senhor.
     Mas, para se poder levar a cruz, não basta compreender o seu valor, é necessária também a força. Se nos deixarmos guiar por Jesus, Ele no-la dará certamente, e através das lutas e dos sofrimentos quotidianos, levar-nos-á pelo caminho que Ele escolheu àquele grau de santidade que fixou para cada um de nós. É preciso ter uma confiança ilimitada, ir para frente com os olhos fechados, abandonando-se totalmente; é preciso aceitar a cruz que o Senhor nos oferece e levá-la com amor. Se, com o auxílio da graça, soubermos santificar assim os pequenos e grandes sofrimentos diários, sem perder a serenidade e a confiança, chegaremos à santidade. Muitas almas desanimam perante o sofrimento e procuram evitá-lo porque não têm bastante confiança no Senhor, não creem que tudo, até nos mínimos pormenores, foi disposto por Ele para o nosso verdadeiro bem. Todo ti sofrimento, grande ou pequeno, esconde uma graça de redenção, de santificação; esta graça será nossa, desde que aceitemos sofrer com espírito de fé e por amor de Deus.

Lectio Divina para a Terça-feira da 23ª semana do Tempo Comum
 
Evangelho (Lc 6,12-19): Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: Simão, a quem chamou Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou o traidor.
      Jesus desceu com eles da montanha e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e uma grande multidão de gente de toda a Judéia e de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. Vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças. Também os atormentados por espíritos impuros eram curados. A multidão toda tentava tocar nele, porque dele saía uma força que curava a todos.
 Comentário: Fray Lluc TORCAL Monje del Monastério de Sta. Mª de Poblet (Santa Maria de Poblet, Tarragona, Espanha)

 Jesus foi à montanha para orar e passou a noite toda em oração a Deus
      Hoje gostaria de centrar a nossa reflexão nas primeiras palavras deste Evangelho: «Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar. Passou a noite toda em oração a Deus» (Lc 6,12). Introduções como esta podem passar despercebidas na nossa leitura quotidiana do Evangelho mas, —de fato— são da máxima importância. Concretamente, hoje nos dizem que a eleição dos doze discípulos —decisão central para a vida futura da Igreja— foi precedida por toda uma noite de oração de Jesus, sozinho, perante Deus, seu Pai.
     Como era essa oração do Senhor? Do que se infere da sua vida, deveria ser uma prece cheia de confiança no Pai, de total abandono à sua vontade —«não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade do que me enviou» (Jo 5,30)—, de manifesta união à sua obra de salvação. Apenas desde esta profunda, longa e constante oração, sempre sustentada pela ação do Espírito Santo que, já presente no momento da sua Encarnação, tinha descido sobre Jesus no seu Batismo; apenas assim, dizíamos, o Senhor podia obter a força e a luz necessárias para continuar a sua missão de obediência ao Pai para cumprir a sua obra vicária de salvação dos homens. A eleição subseqüente dos Apóstolos, que como nos recorda São Cirilo de Alexandria, «O próprio Cristo afirma ter-lhes dado a mesma missão que recebera do Pai», mostra-nos como a Igreja nascente foi fruto desta oração de Jesus ao Pai no Espírito e que, portanto, é obra da Santíssima Trindade. «Ao amanhecer, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, aos quais deu o nome de apóstolos» (Lc 6,13).
     Oxalá toda a nossa vida de cristãos de — discípulos de Cristo— esteja sempre submersa na oração e continuada por ela.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
 

Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes
e adotastes como filhos,
concedei aos que crêem no Cristo
a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Reflexão   Lucas 6,12-19
*  O evangelho de hoje traz dois assuntos: a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e a multidão enorme de gente querendo encontrar-se com Jesus (Lc 6,17-19). O evangelho de hoje nos convida a refletir sobre os Doze que foram escolhidos para conviver com Jesus como apóstolos. Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes destes Doze e de alguns outros homens e mulheres que seguiram a Jesus e que, depois da ressurreição, foram criando as comunidades pelo mundo afora. Hoje também, todo mundo lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã.
*  Lucas 6,12-13: A escolha dos 12 apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão nos evangelhos e que receberam o nome de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais e diz que Deus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14)..
*  Lucas 6,14-16: Os nomes dos 12 apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do AT. Por exemplo, Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria e a pedagogia do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
*  Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, gente da Judéia e também de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Este é um dos temas preferidos de Lucas!
*  Estas doze pessoas, chamadas por Jesus para formar a primeira comunidade, não eram santas. Eram pessoas comuns, como todos nós. Tinham suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada uma delas. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós. 
* Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e ele voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás para Jesus (Mc 8,33). Jesus deu a ele o apelido de Pedra (Pedro). Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
* Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme. Queria Jesus só para o grupo dele (Mc 9,38).
* Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
* André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
* Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
* Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
* Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
* Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
* Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
* Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.

 Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira daí?
2) Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?

Oração final
Em coros louvem o seu nome,
cantem-lhe salmos com o tambor e a cítara,
porque o Senhor ama o seu povo, e dá aos humildes a honra da vitória (Sl 149)

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