Sta.
Catarina Labouré, virgem
1ª
Leitura (1Jo 2,18-21): Meus filhos, esta é a última hora. Ouvistes dizer
que há-de vir o Anticristo. Pois bem, surgiram já muitos anticristos e por isso
sabemos que é a última hora. Eles saíram do meio de nós, mas não eram dos
nossos. Se fossem dos nossos, teriam ficado conosco. Assim sucedeu para ficar
bem claro que nem todos eram dos nossos. Vós, porém, tendes a unção que vem do
Santo e todos possuís a ciência. Não vos escrevo por ignorardes a verdade, mas
porque a conheceis e porque nenhuma mentira provém da verdade.
Salmo
Responsorial: 95
R. Alegrem-se os céus, exulte
a terra.
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome,
anunciai dia a dia a sua salvação.
Alegrem-se os céus, exulte a
terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém. Exultem os campos e quanto neles
existe alegrem-se as árvores dos bosques.
Diante do Senhor que vem, que vem
para julgar a terra. Julgará o mundo com justiça e os povos com fidelidade.
Aleluia. O Verbo fez-Se carne
e habitou entre nós. Àqueles que O receberam deu-lhes o poder de se tornarem
filhos de Deus. Aleluia.
Evangelho
(Jo 1,1-18): No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de
Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi
feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. Nela estava
a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas
não conseguiram dominá-la. Veio um homem, enviado por Deus; seu nome era João.
Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos
pudessem crer, por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho
da luz. Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. Ela
estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a
reconheceu. Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram. A
quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são
os que creem no seu nome. Estes foram gerados não do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E a Palavra se fez carne e veio
morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como
filho único, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho dele e proclama:
«Foi dele que eu disse: ‘Aquele que vem depois de mim passou à minha frente,
porque antes de mim ele já existia». De sua plenitude todos nós recebemos,
graça por graça. Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade
vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que
é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer».
«E a Palavra se fez carne»
Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu,
Barcelona, Espanha)
Hoje é o último dia do ano.
Frequentemente, uma mistura de sentimentos —incluso contraditórios— sussurram
nos nossos corações nesta data. É como se uma amostra dos diferentes momentos
vividos, e dos que gostaríamos de ter vivido, se tornassem presentes na nossa
memória. O Evangelho de hoje pode ajudar-nos a decantá-los para podermos
começar o novo ano com um empurrão.
«A palavra era Deus (…). Tudo foi
feito por meio dela» (Jo 1,1.3). No momento de fazer o balanço do ano, devemos
ter presente que cada dia vivido é um dom recebido. Por isso, seja qual for o
aproveitamento realizado, hoje devemos agradecer cada minuto do ano.
Mas o dom da vida não é completo.
Estamos necessitados. Por isso o Evangelho de hoje aporta-nos uma
palavra-chave: “acolher”. «E a Palavra se fez carne» (Jo 1,14). Acolher o
próprio Deus! Deus, feito homem, fica ao nosso alcance. “Acolher” significa
abrir-lhe as nossas portas, deixar que entre nas nossas vidas, nos nossos
projetos, nos atos que enchem as nossas jornadas. Até que ponto acolhemos a
Deus e lhe permitimos que entre em nós?
«Esta era a luz verdadeira, que
vindo ao mundo a todos ilumina» (Jo 1,9). Acolher a Jesus quer dizer deixar-se
guiar por Ele. Deixar que os seus critérios deem luz tanto aos nossos
pensamentos mais íntimos como a nossa atuação social e de trabalho. Que as
nossas ações se relacionem com as suas!
«A vida era a luz» (Jo 1,4). Mas
a fé é algo mais que uns critérios. É a nossa vida enxertada na Vida. Não é
apenas esforço — que também —. É, sobretudo, dom e graça. Vida recebida no seio
da Igreja, sobretudo mediante os sacramentos. Que lugar têm eles na minha vida
cristã?
«A quantos, porém, a acolheram,
deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,12). Todo um projeto
apaixonante para o ano que vamos estrear!
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Em tudo devemos proceder não
segundo o nosso arbítrio, nem segundo os nossos próprios sentimentos, mas
segundo os caminhos que o próprio Senhor nos deu a conhecer nas santas
Escrituras» (Santo Hipólito)
«Ao concluir este ano, ao dar
graças e pedir perdão, faz-nos bem pedir a graça de caminhar corretamente na
liberdade» (Francisco)
«Jesus revelou que Deus é «Pai»
num sentido inédito: não o é somente enquanto Criador: é Pai eternamente em
relação ao seu Filho único. É por isso que os Apóstolos confessam que Jesus é
`o Verbo que, no princípio, estava junto de Deus e que era Deus´ (Jn 1,1)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 240-241)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* O Prólogo é a primeira coisa
que se vê ao abrir o evangelho de João. Mas foi a última a ser escrita. É o
resumo final, colocado no início. Nele João descreve a caminhada da Palavra de
Deus. Ela estava junto de Deus desde antes da criação e por meio dela tudo foi
criado. Tudo que existe é expressão da Palavra de Deus. Como a Sabedoria de
Deus (Prov 8,22-31), a Palavra quis chegar mais perto de nós e se fez carne em
Jesus. Viveu no meio de nós, realizou a sua missão e voltou para Deus. Jesus é
esta Palavra de Deus. Tudo que ele diz e faz é comunicação que nos revela o Pai.
* Dizendo "No princípio
era a Palavra", João evoca primeira frase da Bíblia que diz: "No
princípio Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Deus criou tudo por
meio da sua Palavra. "Ele falou e as coisas começaram a existir" (Sl
33,9; 148,5). Todas as criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. Esta
Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas, brilha nas trevas. As trevas
tentam apagá-la, mas não conseguem. A busca de Deus, sempre de novo, renasce no
coração humano. Ninguém consegue abafá-la. Não conseguimos viver sem Deus por
muito tempo!
* João Batista veio para
ajudar o povo a descobrir e saborear esta presença luminosa e consoladora da
Palavra de Deus na vida. O testemunho de João Batista foi tão importante,
que muita gente pensava que ele fosse o Cristo (Messias). (At 19,3; Jo 1,20)
Por isso, o Prólogo esclarece dizendo: "João não era a luz! Veio apenas
para dar testemunho da luz!"
* Assim como a Palavra de Deus
se manifesta na natureza, na criação, da mesma maneira ela se manifesta no
"mundo", isto é, na história da humanidade e, de modo particular, na
história do povo de Deus. Mas o "mundo" não reconheceu nem
recebeu a Palavra. Ela "veio para o que era seu, mas os seus não a
receberam". Aqui, quando fala mundo, João quer indicar o sistema tanto do
império como da religião da época, ambos fechados sobre si e, por isso mesmo,
incapazes de reconhecer e de receber a Boa Nova (Evangelho) da presença
luminosa da Palavra de Deus.
* Mas as pessoas que se abrem
aceitando a Palavra, tornam-se filhos e filhas de Deus. A pessoa se torna
filho ou filha de Deus não por mérito próprio, nem por ser da raça de Israel,
mas pelo simples fato de confiar e crer que Deus, na sua bondade, nos aceita e
nos acolhe. A Palavra entra na pessoa e faz com que ela se sinta acolhida por Deus
como filha, como filho. É o poder da graça de Deus.
* Deus não quer ficar longe de
nós. Por isso, a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no
meio de nós na pessoa de Jesus. O Prólogo diz literalmente: "A Palavra se
fez carne e montou sua tenda no meio de nós!" Antigamente, no tempo do
êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda no meio do povo (Ex 25,8). Agora, a
tenda onde Deus mora conosco é Jesus, "cheio de graça e de verdade!"
Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o
começo da criação.
Para um confronto pessoal
1. Tudo que existe é uma
expressão da Palavra de Deus, uma revelação da sua presença. Será que sou
suficientemente contemplativo para poder perceber e experimentar esta presença
universal da Palavra de Deus?
2. O que significa para
mim poder ser chamado filho de Deus?
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