sexta-feira, 14 de novembro de 2025

XXXIII Domingo do Tempo Comum

Beato Luís Morbioli, terceiro carmelita, penitente
 
1ª Leitura (Mal 3,19-20a):
Há de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos. Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação.
 
Salmo Responsorial: 97
R. O Senhor virá governar com justiça.
 
Cantai ao Senhor ao som da cítara, ao som da cítara e da lira; ao som da tuba e da trombeta, aclamai o Senhor, nosso Rei.
 
Ressoe o mar e tudo o que ele encerra, a terra inteira e tudo o que nela habita; aplaudam os rios e as montanhas exultem de alegria.
 
Diante do Senhor que vem, que vem para julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com equidade.
 
2ª Leitura (2Tes 3,7-12): Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar. Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer. Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades. A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem.
 
Aleluia. Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 21,5-19): Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do templo, que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: «Admirais essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído». Mas eles perguntaram: «Mestre, quando será, e qual o sinal de que isso está para acontecer?» Ele respondeu: «Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu!, e ainda: O tempo está próximo. Não andeis atrás dessa gente! Quando ouvirdes falar em guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». E Jesus continuou: «Há de se levantar povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares; acontecerão coisas pavorosas, e haverá grandes sinais no céu. Antes disso tudo, porém, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e jogados na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Será uma ocasião para dardes testemunho. Determinai não preparar vossa defesa, porque eu vos darei palavras tão acertadas que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. A alguns de vós matarão. Sereis odiados por todos, por causa de meu nome. Mas nem um só fio de cabelo cairá da vossa cabeça. É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa vida!».
 
«Cuidado para não serdes enganados»
 
Rev. D. Joan MARQUÉS i Suriñach (Vilamarí, Girona, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho fala-nos da última vinda do Filho do homem. Aproxima-se o final do ano litúrgico e a Igreja apresenta-nos a Parusia e, ao mesmo tempo, quer que pensemos nos novíssimos: morte, juízo, inferno ou paraíso. O fim de uma viagem condiciona a sua realização. Se queremos ir para o inferno, podemos comportar-nos de determinada maneira, de acordo com o termo da nossa viagem. Se escolhermos o céu, devemos ser coerentes com a Glória que queremos conquistar. Sempre, livremente. Ninguém vai para o inferno à força; nem para o céu. Deus é justo e dá a cada pessoa o que ganhou, nem mais nem menos. Não castiga nem recompensa arbitrariamente, movido por simpatias ou antipatias. Respeita a nossa liberdade. No entanto, devemos considerar que ao sair deste mundo a liberdade já não poderá escolher. A árvore permanecerá caída do lado em que tombou.
 
«Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus, significa permanecer separado d’Ele para sempre, por nossa própria livre escolha» (Catecismo da Igreja nº 1033).
 
Imaginamos a grandiosidade do espetáculo? Perante homens e mulheres de todas as raças e de todos os tempos, com o nosso corpo ressuscitado e a nossa alma compareceremos diante de Jesus Cristo, que presidirá com grande poder e majestade. Virá julgar-nos na presença de todo o mundo. Se a entrada não fosse gratuita, valeria a pena... Então se conhecerá a verdade de todos os nossos atos interiores e exteriores. Então veremos de quem são os dinheiros, os filhos, os livros, os projetos e demais coisas: «Dias virão em que de tudo isto que estais a contemplar não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído» (Lc 21,6). Dia de alegria e de glória para uns; dia de tristeza e de vergonha para outros. O que não queremos que apareça publicamente, é possível eliminá-lo agora com uma confissão bem-feita. Não se pode improvisar um ato tão solene e comprometedor. Jesus adverte-nos: «Cuidado para não serdes enganados.» (Lc 21,8). Estamos preparados agora?
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Toda fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a da duração. É fácil ser consistente durante um dia ou alguns dias. Difícil e importante é ser coerente durante toda a vida inteira» (S. João Paulo II)
 
* «Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas´. Quanta esperança nestas palavras! São um chamamento à esperança e à paciência. O Senhor, mestre da história, leva tudo ao seu cumprimento. Apesar das desordens e desastres que perturbam o mundo, o plano de bondade e misericórdia de Deus será cumprido» (Francisco)
 
* «As virtudes humanas, adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma sempre renovada perseverança no esforço, são purificadas e elevadas pela graça divina. Com a ajuda de Deus, forjam o carácter e facilitam a prática do bem. O homem virtuoso sente-se feliz ao praticá-las» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.810)
 
É pela vossa perseverança que ganhareis as vossas vidas
 
Fr. Pedro Bravo, O.Carm.
 
* Estamos em Jerusalém, no átrio do Templo (v. 1; Mt 24,3 e Mc 13,3:
“monte das Oliveiras”) a poucos dias da paixão de Jesus. Tal como em Mt 24-25 e Mc 13, também Jesus conclui a sua pregação em Lucas com um “discurso escatológico” (do gr. éscaton, “último”), ou seja, relativo ao “tempo do fim” (Dn 8,17.19; 11,35; 12,4.9.13), o “tempo da realização” do desígnio de Deus, inaugurado pela paixão, morte e ressurreição de Cristo.
 
* Neste discurso escatológico conjugam-se três momentos da história da salvação: 1) a tomada do Templo e de Jerusalém; 2) o tempo da missão da Igreja e 3) a Vinda do Filho do Homem na glória, “o Dia" (“Dia do Senhor/de Cristo”) em que o tempo dará lugar à plenitude final.
 
 
v. 5. Estando alguns a comentar que o Templo estava ornado com belas pedras e ofertas votivas. (vv. 5-6: Mt 24,1-2; Mc 13,1-2). Restaurado de forma magnífica, por mandato de Herodes I, a partir do ano 19 a.C. e ornado “com ofertas votivas” dos fiéis (cf. 2Ma 2,13; 3Ma 3,17), o templo de Jerusalém – cujas obras foram oficialmente concluídas em 9 d.C., mas só terminaram em 63 d.C. –, encantava pela grandiosidade e beleza das suas construções.
 
v. 6. Jesus disse: «Dias virão em que, destas coisas que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra que não venha a ser destruída». Aproveitando a conversa de “alguns” (subentende-se: 'dos seus discípulos'), Jesus profetiza a destruição do templo (o que acontecerá no ano 70 d.C.). Para os profetas, Jerusalém é o lugar onde deve irromper a salvação divina (cf. Is 4,5s; 54,12-17; 62; 65,18-25) e para onde hão de convergir as nações que dela quiserem participar (cf. Is 2,2s; 56,6ss; 60,3; 66,20ss). Mas ao rejeitar a oferta de salvação que Deus lhe fez em Jesus (cf. 13,34s), ela deixou de ser o lugar definitivo da salvação, sendo sinal disso a destruição do Templo. Dele assevera Jesus que não ficará “pedra sobre pedra” (19,44). Começa então uma nova etapa da história da salvação, “o tempo da Igreja”, durante o qual ela se deverá estender a toda a terra, levando a Boa-nova da salvação, o Evangelho, a todas as nações (cf. 24,47; At 1,8).
 
v. 7. Interrogaram-no então, dizendo: «Mestre, quando sucederão estas coisas e qual será o sinal de que elas estão para acontecer?» (vv. 7-19: Mt 24,3-14; 10,17-22; Mc 13,3-13). Os discípulos interrogam então Jesus sobre a ocasião em que isso deverá acontecer e sobre “o sinal” divino (vv. 11.25; 2,12.34; cf. Gn 9,17; Ex 3,12; 2Cr 32, 24; Sl 65,9; Sb 8,8; Is 7,14; 11,12; 66,19; Dn 4,37) que lho dará a conhecer.
 
v. 8. Ele disse: «Vede que não vos deixeis enganar. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘sou Eu’; e: ‘o momento está próximo’. Não vades atrás deles. Jesus responde-lhes com uma exortação profética sobre “o tempo da Igreja” que culminará com a sua “Vinda” (gr. parusía, lat. adventus: 1Ts 3,13; 1Cor 15,23) na glória (v. 27). Como será este tempo e como vivê-lo?
 
Jesus começa por os exortar a não se deixarem “enganar”. O verbo grego aqui utilizado (gr. planáô, “seduzir”, “transviar”) é típico da literatura apocalíptica: tanto alude às seduções messiânicas ou dos falsos profetas (cf. Mt 24,4s.11.24; 2Pe 2,15; Ap 2,20), como às diabólicas, pecaminosas ou políticas (cf. Sr 15,12; Sb 11,15; 14,22; 2Tm 3,13; Ap 12,9; 13,14; 20,3.8.10) e às doutrinais (cf. Sb 5,6; Tg 5,19; 1Jo 2,26; 3,7).
 
Jesus adverte-os, dizendo que surgirão falsos messias – “sou Eu!” – e falsos profetas – “o momento (gr. kaipós, "momento/tempo oportuno") está próximo!” – (cf. At 5,36; 1Jo 2,18; 4,1s; Ap 19,20), que predirão o fim do mundo como estando iminente (cf. Ez 7,7; Sf 1,14; 2Ts 2,2), com discursos sensacionalistas, manipuladores (o que é típico de épocas de crise e de catástrofes), e exorta-os a não se deixarem transviar pelas palavras deles (cf. 1Cor 15,33), nem a andar atrás deles ou segui-los (17, 23; 2Tm 4,3; 2Pd 2,1).
 
v. 9. Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não fiqueis aterrorizados: pois é necessário que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Feita a advertência, Jesus anuncia o que deverá acontecer neste tempo de espera em que vivemos, “os últimos dias” (Dn 2,28). Não se trata de uma profecia depois dos acontecimentos (prophetia ex post facto), mas de um anúncio profético em que Jesus que recorre a imagens bíblicas apocalípticas (do gr. apokálypsis, “revelação”), muito usadas na época, para falar da queda do mundo velho (o mundo do pecado) e o despontar de uma nova era.
 
* Haverá “guerras e tumultos” (gr. akatastasía: 1Cor 14,33; 2Cor 6,5), ao longo da história e em diversos lugares, como Deus previamente anunciou (gr. deĩ). “Mas não será logo o fim” (gr. tó télos, “a realização”, a plenitude final: Dn 9,26; cf. Dn 12,13 LXX; Mt 28,20). O cerco de Jerusalém poderia levar alguns cristãos a ver aí o prenúncio da última vinda de Jesus. Mas Ele adverte-os que não se devem alarmar com as convulsões da história e as revoluções sociais, pensando que o fim de tudo é com elas que vai chegar.
 
v. 10. Disse-lhes então: «Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino. Jesus continua, fazendo uma resenha de passagens bíblicas: “Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino” (Is 19,2; 2 Cr 15,6).
 
v. 11. Haverá grandes terramotos e, por toda a parte, fomes e pestes; haverá fenómenos aterradores e também grandes sinais vindos do céu. Haverá “grandes terramotos” (Ez 38,19.22), “coisas aterradoras” (Is 19,17) e “grandes sinais” (Dn 3,32s; 4,34=4,2s.37 LXX) “vindos do céu” (cf. Is 7,11; Dn 6,28; Br 6,66).
 
* Com esta sequência de citações bíblicas, Jesus não quer dar uma ante prima do fim do mundo, mas ensinar os discípulos a fazer uma leitura profética dos acontecimentos, à luz da Palavra de Deus (12,56; Mt 16,3), de modo a aí eles poderem perceber o desígnio de Deus, a fim de viver neste mundo com esperança, fazendo a vontade do Pai.
 
v. 12. Mas antes de tudo isto, hão de deitar-vos as mãos e perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, levando-vos à presença de reis e de governadores, por causa do meu nome.
 
v. 12: cf. Dn 7,25; 8,24. Em terceiro lugar, Jesus adverte os discípulos das dificuldades e perseguições que assinalarão a caminhada da Igreja desde o início do seu percurso até ao fim dos tempos. Para isso, Lucas usa termos que serão repetidos nos Atos dos Apóstolos: “hão de deitar-vos as mãos”, ou seja, hão de prender-vos (20,19; At 4,3; 5; 12,1; Mt 26,30; Jo 7,30.44); “e perseguir-vos” (11,49; Jo 15,20; At 8,1.3), começando por Israel, “entregando-vos às sinagogas” – nas quais se reunia um pequeno sinédrio de vinte elementos para julgar os casos menores (cf. Mt 5,22; 10,17) –, “e às prisões”, quer de Israel, quer dos gentios (At 5,18; 12,4; 16,23), fazendo-vos comparecer perante “reis e governadores”, para serdes julgados por eles (At 23,24.26.33s; 24.1.10.25s; 26,1-30), não por algum crime que tenhais feito, mas “por causa do meu nome” (v. 16; At 9,16; Jo 15,21; 1Pd 4,14), da vossa fé em mim.
 
v. 13. Isto será para vós ocasião de dar testemunho. A atitude dos discípulos perante as perseguições não deve ser de uma resignação passiva, mas proativa. Em vez de se amedrontar com elas e desanimar perante as adversidades, eles deverão ver aí o apelo de Deus a exercer a missão que Jesus lhes confiou: dar testemunho (gr. martyrion: Mt 8,4) dele e do Evangelho (24,48; At 1,8; 23,11; 26,22; 28,23; 2Tm 4,17).
 
v. 14. Assentai, pois, nos vossos corações: não preparareis a vossa defesa.
v. 14: 12,11s; Mt 10,17-20. Jesus assegura-lhes (9,44) que nunca os deixará sós. Eles não deverão preparar a sua defesa, porque Ele estará sempre com eles, assistindo-os (At 18,9; 2Tm 4,17).
 
v. 15. Porque Eu vos darei uma boca e uma sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. Jesus assisti-los-á com a sabedoria (At 6,10) e a força do seu Espírito (Jo 14,26; 15,26s), para poderem enfrentar os adversários, falar em Seu nome (cf. Ef 6,19) e resistir à prisão, à tortura e à morte.
 
v. 16. Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos e matarão alguns de entre vós. Nesses tempos difíceis, que são os últimos, até as relações pessoais e as amizades mais sagradas serão violadas (12,52s; Jr 9,4; 12,6; Mq 7,5s), devendo alguns discípulos ser mortos (11,49; At 7,60; 9,24; 12, 2; 26,10s; 1Ts 2,15).
 
v. 17. E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Serão “odiados por todos” (6,22; Jo 15, 19; 17,14) “por causa do Seu nome” (v. 12), ou seja, por serem “cristãos” (cf. At 11,26).
 
v. 18. Mas nem um só cabelo da vossa cabeça se perderá. Os seus discípulos não deverão, porém, temer os adversários, porque Deus os guardará e “nem um só cabelo da vossa cabeça se perderá” (cf. 12,7; Dn 3,27).
 
v. 19. É pela vossa perseverança que ganhareis as vossas vidas». E conclui: “É pela vossa perseverança que ganhareis as vossas vidas”. A perseverança (cf. 8,15; Sl 27,13; Rm 2,7; 2Ts 1,4; 3,5; Hb 10, 36; 12,1) é a firmeza, paciência e constância nas dificuldades, sofrimentos e perseguições. Nasce da esperança (cf. Rm 5,3s; 8,25; 15,4; 1Ts 1,3). Quem permanecer fiel até ao fim “ganhará a sua vida” (gr. psyquê, “alma”), pois alcançará a verdadeira vida, a vida eterna, que ninguém lhe poderá arrebatar (cf. Jo 12,24s; Rm 6,8; 2Tm 2,11; Sb 3,1-9).
 
MEDITAÇÃO
1. Tenho medo do fim do mundo? Por quê? Que significa ele para mim? Que ganho ou perco com ele?
2. Que sinais de esperança diviso nos nossos dias, anunciando-me a irrupção do Reino? Que posso eu (que podemos nós) fazer no meu (no nosso) dia a dia para apressar a sua vinda sobre a terra?

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