Santa
Eufrásia do S. Coração de Jesus, virgem
Beato
Alfredo Ildefonso Schuster, bispo
Beato
Eustáquio van Lieshout, presbítero
1ª
Leitura (1Tes 4,9-11): Irmãos: Sobre o amor fraterno, não precisais que
vos escreva, porque vós mesmos aprendestes de Deus a amar-vos uns aos outros. E
assim fazeis com todos os irmãos na Macedónia. Nós vos exortamos, irmãos, a
progredir cada vez mais, tendo como ponto de honra viver em paz, ocupando-vos
dos vossos assuntos e trabalhando com as vossas próprias mãos, como vos
ordenámos.
Salmo
Responsorial: 97
R. O Senhor julgará os povos
com justiça.
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou. A sua mão e o seu santo braço Lhe deram a
vitória.
Ressoe o mar e tudo o que ele
encerra, a terra inteira e tudo o que nela habita; aplaudam os rios e as
montanhas exultem de alegria.
Diante do Senhor que vem, que vem
para julgar a terra: julgará o mundo com justiça e os povos com equidade.
Aleluia. Dou-vos um mandamento
novo, diz o Senhor: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Aleluia.
Evangelho (Mt 25,14-30): «O
Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamou
os seus servos e lhes confiou os seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois
e ao terceiro, um — a cada qual de acordo com sua capacidade. Em seguida
viajou. O servo que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles
e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros
dois. Mas aquele que havia recebido um só, foi cavar um buraco na terra e
escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor voltou e foi
ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco talentos
entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos.
Aqui estão mais cinco que lucrei’. O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e
fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei
muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’. Chegou também o que
havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos.
Aqui estão mais dois que lucrei’. O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e
fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei
muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’. Por fim, chegou aquele
que havia recebido um só talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo,
pois colhes onde não plantaste e ajuntas onde não semeaste. Por isso fiquei com
medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O senhor
lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu colho onde não plantei e
que ajunto onde não semeei. Então devias ter depositado meu dinheiro no banco,
para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. Em seguida, o
senhor ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai àquele que tem dez! Pois a todo
aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem,
até o que tem lhe será tirado. E quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas
trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’».
«Um homem que ia viajar para o
estrangeiro, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens»
Rev. D. Albert SOLS i Lúcia (Barcelona,
Espanha)
Hoje contemplamos a parábola dos
talentos. Em Jesus apreciamos uma mudança do estilo na sua mensagem: o anúncio
do Reino, já não se limita tanto em assinalar a sua proximidade, mas a
descrever seu conteúdo através de narrações: é hora das parábolas!
Um grande homem decide empreender
uma longa viagem, e confia todo seu patrimônio a seus servos. Podia tê-lo
distribuído em partes iguais, mas não o fez assim. Deu a cada um conforme a sua
capacidade (cinco, dois e um talentos). Com aquele dinheiro, cada criado podia
capitalizar o início de um bom negócio. Os dois primeiros se lançaram à
administração de seus depósitos, mas o terceiro —por medo ou por preguiça—
preferiu guardá-lo, eludindo todo investimento: se fechou na comodidade de sua
própria pobreza.
O senhor regressou e... Exigiu a
prestação de contas (cf. Mt 25,19). Premiou a valentia dos dois primeiros, que
duplicaram o depósito confiado. O trato com o criado “prudente” foi muito
diferente.
Dois mil anos depois, a mensagem
da parábola continua tendo atualidade. As modernas democracias caminham para
uma separação progressiva entre a Igreja e os Estados. Isto não é mau, pelo
contrário. Não obstante, esta mentalidade global e progressiva esconde um
efeito secundário, perigoso para os cristãos: ser a imagem viva daquele
terceiro servo a quem o amo (figura bíblica de Deus Pai) repreendeu com grande
severidade. Sem malícia, por mera comodidade ou medo, corremos o perigo de
esconder e reduzir a nossa fé cristã ao meio familiar e amigos íntimos. O
Evangelho não pode ficar numa leitura e estéril contemplação. Devemos
administrar com valentia e risco a nossa vocação cristã no próprio ambiente
social e profissional, proclamando a figura de Cristo com as palavras e o
testemunho.
Santo Agostinho comenta: «Quem
predica a palavra de Deus aos povos, não está tão longe da condição humana e da
reflexão apoiada na fé, que não possa advertir os perigos. Porém, “consola
saber que onde resida o perigo por causa do ministério, aí temos a ajuda de
vossas orações».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Um pouco desse amor puro é mais
precioso perante Deus e a alma, e é mais proveitoso para a Igreja, embora
parecendo nada fazer, do que todas estas obras juntas» (S. João da Cruz)
«O Senhor não dá a todos as
mesmas coisas nem da mesma maneira: conhece-nos pessoalmente e confia-nos
aquilo que é justo para nós; mas a todos atribui a mesma imensa confiança. Não
O defraudemos!» (Francisco)
«Estas diferenças fazem parte do
plano de Deus que quer que cada um receba de outrem aquilo de que precisa e que
os que dispõem de «talentos» particulares comuniquem os seus benefícios aos que
deles precisam (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.937)
Com os nossos talentos ao
serviço
Do site do Opus Dei
* NUMA OCASIÃO, Jesus contou a
história de um homem que “ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados
e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao
terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou”
(Mt 25, 14-15). O que aquele homem pretendia era que os seus servos negociassem
com o que tinham recebido, para obter um retorno quando voltasse. Cristo contou
esta parábola para explicar a necessidade de corresponder aos dons naturais e
sobrenaturais que Deus nos concedeu.
* Tal como aos servos da parábola,
o Senhor deu-nos talentos únicos; capacidades que podemos pôr à sua disposição
para dar fruto e tornar o nosso ambiente um lugar melhor. “Deus chama todo
homem à vida e entrega-lhes talentos, confiando-lhes ao mesmo tempo uma missão
para cumprir. Seria tolice pensar que estes dons são um direito, assim como
renunciar a usá-los seria não cumprir o fim da própria existência”[Bento XVI, Ângelus, 13/11/ 2011]. O primeiro
passo para aproveitá-los é reconhecê-los, ou seja, identificar qual é a minha
contribuição específica para os outros. Às vezes, pode estar relacionado com o
nosso temperamento: uma pessoa expansiva pode ter facilidade para animar ou
fazer rir os outros, enquanto uma pessoa introvertida pode ter mais tendência
para ouvir e reconhecer as necessidades dos que a rodeiam. Outras vezes, esses
talentos estarão ligados às nossas competências profissionais, com as quais
contribuímos para a melhoria da sociedade em que vivemos e que também podem dar
forma às nossas relações.
* Em todo o caso, o decisivo não é
tanto a magnitude do impacto que podemos deixar, mas o esforço para fazer
render o talento, acompanhado pela graça divina. Na parábola, o Senhor louva
tanto aquele que produziu cinco talentos como aquele que deu dois, pois
reconheceu o esforço de ambos para dar bons frutos. Deste modo, Jesus quer que
valorizemos o que recebemos e que sejamos gratos pelos dons dos outros.
Enquanto a inveja nos leva a desprezar o que temos e a nos entristecermos com
os talentos dos outros, a proposta de Cristo é muito mais entusiasmante: ele
nos convida a pôr em jogo as nossas qualidades, sejam elas muitas ou poucas, e
a gozar o bem que deriva de servir e deixar-se servir pelos dons dos outros.
“Desenterra esse talento! Torna-o produtivo e saborearás a alegria de saber
que, neste negócio sobrenatural, não importa que o resultado na terra não seja
uma maravilha que os homens possam admirar. O essencial é entregarmos tudo o
que somos e possuímos, procurarmos que o talento renda, e empenharmo-nos continuamente
em produzir bom fruto”[São Josemaria, Amigos
de Deus, n. 47.].
* UM DOS SERVOS da parábola recebeu
um talento. Mas, em vez de negociar com ele para obter um retorno, “cavou um
buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão” (Mt 25,18). E quando o
patrão voltou, explicou porque tinha feito aquilo: “Senhor, sei que és um homem
severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso
fiquei com medo e escondi o teu talento no chão” (Mt 25, 24-25).
* É normal que, perante a missão
que Deus nos confia, sintamos, como o servo da parábola, um certo medo. Temos
medo de não estar à altura da tarefa, de falhar, de ficar mal, de perder o
talento que recebemos... Ter este sentimento não é um problema. Na verdade, é
uma reação lógica: se, perante o que o Senhor nos pede, nos sentíssemos muito
confiantes nas nossas capacidades, confiaríamos mais naquilo que podemos fazer
do que na graça divina. O medo inicial é bom quando nos leva a nos abandonarmos
em Deus, pois assim transforma-se em confiança. “Este servo não tem uma relação
de confiança com o seu patrão, mas medo, e isso paralisa-o. O temor imobiliza
sempre e, muitas vezes, leva a tomar decisões erradas. O medo dissuade de tomar
iniciativa, induz a refugiar-se em soluções seguras e garantidas e, assim se
acaba por não realizar nada de bom. Para ir em frente e crescer no caminho da
vida, não se deve ter medo, é necessário ter confiança”[Francisco, Ângelus, 19/11/2017].
* O medo crônico pode ser devido a
uma imagem deformada de Deus. Às vezes, como o servo, podemos pensar no Senhor
como um patrão severo que só quer castigar-nos. “Se dentro de nós houver esta
imagem errada de Deus, então a nossa vida não poderá ser fecunda, porque
viveremos com o medo e isso não nos levará a nada construtivo”[Francisco, Ângelus, 19/11/2017]. A Sagrada
Escritura, pelo contrário, mostra-nos um “Deus compassivo e misericordioso,
lento para a cólera e rico em clemência e fidelidade” (Ex 34, 6); em vez de um
rei que castiga sem piedade os erros dos seus súditos, é um Pai que cobre de
beijos o filho que regressa a casa e lhe prepara o melhor que tem (cf. Lc 15,
11-32). Neste sentido, São Josemaria comentava que Deus não é como um caçador
que espera o menor descuido da caça para a abater, mas é como um jardineiro
“que cuida das flores, as rega e as protege; e só as corta quando estão mais
belas, cheias de louçania”[São Josemaria, citado em Andrés Vázquez de Prada, O
Fundador do Opus Dei, vol. 3, Quadrante, São Paulo, p. 393].
* O SENHOR da parábola se dirige a
cada um dos servos que deram fruto da seguinte forma: “Muito bem, servo bom e
fiel! como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito
mais. Vem participar da minha alegria!” (Mt 25, 21). Ao contrário do que o
terceiro servo poderia ter pensado, o patrão é bastante magnânimo, pois
recompensa de forma desproporcional os esforços dos seus trabalhadores. Embora
os servos tivessem feito pouco, receberiam algo muito maior do que humanamente
se poderia esperar: uma vida junto do seu senhor.
* Cristo mostra que, para alcançar
a vida eterna, não é necessário fazer coisas extraordinárias. É certo que a
biografia de alguns santos é marcada por acontecimentos assim, mas Deus conduz
a maioria das pessoas por um caminho normal de santidade. E esse caminho é
caracterizado pelo amor com que realizamos as tarefas que o Senhor nos confiou:
o cuidado da nossa família, o desempenho do nosso trabalho, as práticas de
piedade... Todas estas realidades, como os talentos da parábola, podem assumir
dimensões inimagináveis: sendo bons pais, esposos, cristãos e trabalhadores,
podemos gozar da glória do céu.
* “A vida habitual não é algo sem
valor. Se fazer as mesmas coisas todos os dias pode parecer chato, sem graça,
sem inspiração, é porque falta amor. Quando há amor, cada novo dia tem outra
cor, outra vibração, outra harmonia. Que façais tudo por Amor. Não nos cansemos
de amar o nosso Deus: precisamos aproveitar cada segundo da nossa pobre vida
para servir todas as criaturas, por amor de Nosso Senhor, porque o tempo da
vida mortal é sempre pouco para amar, é tão breve como o vento que passa”[São
Josemaria, Carta 1, n. 19]. A maior parte da vida da Virgem Maria foi passada
na normalidade, como qualquer outra mulher da época. A ela podemos confiar os
talentos que Deus nos deu, para que os saibamos fazer frutificar nas nossas
realidades cotidianas.
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