Santos
Esposos: Maria e José
Santo
Ildefonso, bispo
1ª
Leitura (Hb 7,25—8,6): Irmãos: Jesus pode salvar para sempre aqueles que
por seu intermédio se aproximam de Deus, porque vive perpetuamente para
interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha:
santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos Céus.
Ele não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiro pelos seus pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma
vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Lei constitui sumos sacerdotes
homens revestidos de fraqueza; mas a palavra do juramento, posterior à Lei,
estabeleceu o Filho sumo sacerdote perfeito para sempre. O ponto principal de
tudo quanto acabamos de dizer é este: Nós temos um sumo sacerdote que está
sentado nos Céus, à direita do trono da divina majestade. Ele é ministro do
santuário e do verdadeiro tabernáculo, que foi construído pelo Senhor e não
pelo homem. Na verdade, todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer
oblações e sacrifícios; por isso era necessário que Jesus tivesse também alguma
coisa para oferecer. Ora, se Ele estivesse na terra, nem sequer seria
sacerdote, porque há outros que oferecem as oblações segundo a Lei. Estes
exercem um culto que é apenas imagem e sombra das realidades celestes, conforme
foi divinamente revelado a Moisés, quando estava para construir o tabernáculo:
«Olha – disse-lhe o Senhor – farás tudo segundo o modelo que te foi mostrado no
monte». Mas Jesus obteve um ministério tanto mais elevado, quanto mais perfeita
é a aliança de que Ele é mediador, a qual foi estabelecida sobre melhores
promessas.
Salmo
Responsorial: 39
R. Eu venho, Senhor, para
fazer a vossa vontade.
Não Vos agradaram sacrifícios nem
oblações, mas abristes-me os ouvidos; não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da
Lei que faça a vossa vontade. Assim o quero, ó meu Deus, a vossa lei está no
meu coração».
Proclamarei a justiça na grande
assembleia, não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Alegrem-se e exultem em Vós todos
os que Vos procuram. Digam sempre: «Grande é o Senhor» os que desejam a vossa
salvação.
Aleluia. Jesus Cristo, nosso
Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. Aleluia.
Evangelho
(Mc 3,7-12): Jesus, então, com seus discípulos, retirou-se em direção ao
lago, e uma grande multidão da Galileia o seguia. Também veio a ele muita gente
da Judéia e de Jerusalém, da Idumeia e de além do Jordão, e até da região de
Tiro e Sidônia, porque ouviram dizer quanta coisa ele fazia. Ele disse aos
discípulos que providenciassem um barquinho para ele, a fim de que a multidão
não o apertasse. Pois, como tivesse curado a muitos, aqueles que tinham doenças
se atiravam sobre ele para tocá-lo. E os espíritos impuros, ao vê-lo, caíam a
seus pés, gritando: «Tu és o Filho de Deus». Mas ele os repreendeu, proibindo
que manifestassem quem ele era.
«Uma grande multidão da Galileia
o seguia. Também veio a ele muita gente da Judéia e de Jerusalém, da Idumeia e
de além do Jordão, e até da região de Tiro e Sidônia»
Rev. D. Melcior QUEROL i Solà (Ribes
de Freser, Girona, Espanha)
Hoje, ainda temos recente o
batismo de João nas águas do rio Jordão, deveríamos recordar a relevância do
nosso próprio batismo. Todos fomos batizados num só Senhor, numa só fé, «num só
Espírito para formar um só corpo» (1Cor 12,13). Eis aqui o ideal de unidade:
formar um só corpo, ser em Cristo uma só coisa, para que o mundo acredite.
No Evangelho de hoje vemos como
«uma grande multidão da Galileia» e também muita gente procedente de outros
lugares (cf. Mc 3,7-8) se aproximam do Senhor. E Ele acolhe e procura o bem
para todos, sem excepção. Devemos ter isso muito presente durante o oitavário
de oração pela unidade dos cristãos.
Apercebamo-nos como, no decorrer
dos séculos, os cristãos nos dividimos em católicos, ortodoxos, anglicanos,
luteranos, e um largo etecetera de confissões cristãs. Pecado histórico contra
uma das notas essenciais da Igreja: a unidade.
Mas aterremos na nossa realidade
eclesial de hoje. A da nossa diocese, a da nossa paroquia. A do nosso grupo
cristão. Somos realmente uma só coisa? Realmente a nossa relação de unidade é
motivo de conversão para os afastados da Igreja? «Que todos sejam um, para que
o mundo acredite» (Jo 17,21), pede Jesus ao Pai. Este é o reto. Que os pagãos
vejam como se relaciona um grupo de crentes que, congregados pelo Espírito
Santo na Igreja de Cristo, têm um só coração e uma só alma (cf. At 4,32-34).
Recordemos que, como fruto da
Eucaristia —em simultâneo com a união de cada um com Jesus— deve manifestar-se
a unidade da Assembleia pois, alimentamo-nos do mesmo Pão para sermos um só
corpo. Portanto, o que significam os sacramentos, e a graça que contêm, exige
de nós gestos de comunhão para com os outros. A nossa conversão é à unidade
trinitária (o qual é um dom que vem do alto) e a nossa tarefa santificadora não
pode obviar os gestos de comunhão, de compreensão, de acolhimento e de perdão
para com os demais.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Este é o caminho pelo que
chegamos à salvação: Jesus Cristo. Por Ele, podemos elevar nossa mirada até o
alto dos céus; por Ele, vemos como num espelho a face imaculado e excelso de
Deus» (São Clemente Romano)
«Sua pessoa [Jesus] não é outra
coisa que amor. Os signos que realiza, sobretudo para os pecadores, para as
pessoas pobres, excluídas, doentes e sofrentes levam consigo o distintivo da
misericórdia» (Francisco)
« Ao liberar algumas pessoas de
males terrestres -fome, injustiça, doença, morte-, Jesus operou sinais
messiânicos. Ele, no entanto, não veio para abolir todos os males da terra, mas
para liberar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado (Catecismo da
Igreja Católica, n°549)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* A conclusão a que se
chega, no fim destes cinco conflitos (Mc 2,1 a 3,6), é que a Boa Nova de Deus
tal como era anunciada por Jesus dizia exatamente o contrário do ensinamento
das autoridades religiosas da época. Por isso, no fim do último conflito, se prevê
que Jesus não vai ter vida fácil e será combatido. A morte aparece no
horizonte. Decidiram matá-lo (Mc 3,6). Sem uma conversão sincera não é possível
as pessoas chegarem a uma compreensão correta da Boa Nova.
* Um resumo da ação
evangelizadora de Jesus. Os versículos do evangelho de hoje (Mc 3,7-12) são
um resumo da atividade de Jesus e acentuam um enorme contraste. Um pouco antes,
em Mc 2,1 a 3,6, só se falou em conflitos, inclusive em conflito de vida e
morte entre Jesus e as autoridades civis e religiosas da Galileia (Mc 3,1-6). E
aqui no resumo, aparece o contrário: um movimento popular imenso, maior que o
movimento de João Batista, pois veio gente não só da Galileia, mas também da
Judéia, de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e até da região pagã de Tiro
e Sidônia para encontrar-se com Jesus! (Mc 3,7-12). Todos querem vê-lo e tocar
nele. É tanta gente, que o próprio Jesus fica preocupado. Ele corre o perigo de
ser esmagado pelo povo. Por isso, pediu aos discípulos para manter um barco à
disposição a fim de que o povo não o apertasse. E do barco falava à multidão.
Eram sobretudo os excluídos e os marginalizados que vinham a ele com seus
males: os doentes e os possessos. Estes, que não eram acolhidos na convivência
social da sociedade da época, são acolhidos por Jesus. Eis o contraste: de um
lado, a liderança religiosa e civil que decide matar Jesus (Mc 3,6); do outro
lado, um movimento popular imenso que busca a salvação em Jesus. Quem vai
ganhar?
* Os espíritos impuros e
Jesus. A insistência de Marcos na expulsão dos demônios é muito grande. O
primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um demônio (Mc 1,25). O primeiro
impacto que Jesus causa no povo é por causa da expulsão dos demônios (Mc 1,27).
Uma das principais causas da briga de Jesus com os escribas é a expulsão dos
demônios (Mc 3,22). O primeiro poder que os apóstolos vão receber quando são
enviados em missão é o poder de expulsar os demônios (Mc 6,7). O primeiro sinal
que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios (Mc 16,17). O
que significa expulsar os demônios no evangelho de Marcos?
* No tempo de Marcos, o medo
dos demônios estava aumentando. Algumas religiões, em vez de libertar o
povo, alimentavam nele o medo e a angústia. Um dos objetivos da Boa Nova de
Jesus era ajudar o povo a se libertar deste medo. A chegada do Reino de Deus
significou a chegada de um poder mais forte. Jesus é “o homem mais forte” que
chegou para amarrar o Satanás, o poder do mal, e roubar dele a humanidade
prisioneira do medo (Mc 3,27). Por isso, Marcos insiste tanto, na vitória de
Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre o Satanás, sobre o pecado e
sobre a morte. Do começo ao fim, com palavras quase iguais, ele repete a mesma
mensagem: “E Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.27.34.39; 3,11-12.15.22.30;
5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,9.17). Parece até um refrão! Hoje, em
vez de usar sempre as mesmas palavras preferimos usar palavras diferentes.
Diríamos: “O poder do mal, o Satanás, que mete tanto medo no povo, Jesus o
venceu, dominou, amarrou, destronou, derrotou, expulsou, eliminou, exterminou,
aniquilou, abateu, destruiu e matou!” O que Marcos nos quer dizer é isto: “Ao
cristão é proibido ter medo de Satanás!” Depois que Jesus ressuscitou, já é
mania e falta de fé apelar, a toda hora, para Satanás, como se ele ainda
tivesse algum poder sobre nós. Insistir no perigo dos demônios para chamar o
povo de volta para as igrejas é desconhecer a Boa Nova do Reino. É falta de fé
na ressurreição de Jesus!
Para um confronto pessoal
1) Como você vive a sua fé
na ressurreição de Jesus? Contribui para vencer o medo?
2) Expulsão dos demônios.
Como você faz para neutralizar esse poder em sua vida?
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