Santos
mártires Berardo, Otão, Pedro, presbíteros, Acúrsio e Adjuto, religiosos, protomártires
da Ordem dos Menores,
1ª
Leitura (Hb 3,7-14): Irmãos: Como diz o Espírito Santo, «Se hoje
ouvirdes a voz do Senhor, não endureçais os vossos corações, como no tempo da
provação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais Me tentaram e
provocaram, apesar de terem visto as minhas obras, durante quarenta anos. Por
isso Me indignei contra essa geração e disse: É um povo de coração transviado,
que não conhece os meus caminhos. Por isso jurei na minha ira: não entrarão no
meu repouso». Tende cuidado, irmãos, que nenhum de vós tenha um coração mau e
incrédulo, que o afaste do Deus vivo. Exortai-vos uns aos outros todos os dias,
enquanto dura o tempo que se chama ‘hoje’, para que nenhum de vós se endureça,
seduzido pelo pecado. Porque todos nós nos tornamos participantes de Cristo,
desde que mantenhamos firme até ao fim a confiança inicial.
Salmo
Responsorial: 94
R. Se hoje ouvirdes a voz do
Senhor, não fecheis os vossos corações.
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou. Pois Ele é o nosso Deus e nós o seu povo, as
ovelhas do seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua
voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, como no dia de Massa
no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as
minhas obras.
Durante quarenta anos essa
geração Me desgostou e Eu disse: É um povo de coração transviado, que não
conheceu os meus caminhos. Por isso jurei na minha ira: Não entrarão no meu
repouso».
Aleluia. Jesus pregava o
Evangelho do reino e curava todas as enfermidades entre o povo. Aleluia.
Evangelho
(Mc 1,40-45): Um leproso aproximou-se de Jesus e, de joelhos,
suplicava-lhe: «Se queres, tens o poder de purificar-me!». Jesus encheu-se de
compaixão, e estendendo a mão sobre ele, o tocou, dizendo: «Eu quero, fica
purificado». Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou purificado. Jesus,
com severidade, despediu-o e recomendou-lhe: «Não contes nada a ninguém! Mas
vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta, por tua purificação, a oferenda
prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho”. Ele, porém, assim que
partiu, começou a proclamar e a divulgar muito este acontecimento, de modo que
Jesus já não podia entrar, publicamente, na cidade. Ele ficava fora, em lugares
desertos, mas de toda parte vinham a ele».
«‘Se queres, tens o poder de
purificar-me’(...)‘Eu quero, fica purificado’!»
Rev. D. Xavier PAGÉS i Castañer (Barcelona,
Espanha)
Hoje, durante o nosso tempo
diário de oração desejamos e pedimos para ouvirmos a voz do Senhor. «Hoje se
ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações!» (Hb 3,7-8). Esta breve
citação contém duas coisas: um desejo e uma advertência. Ambas convêm nunca
esquecer.
Mas, provavelmente, com demasiada
frequência preocupamo-nos em preencher esse tempo com as palavras que Lhe
queremos dizer e não deixamos tempo para ouvir o que Deus nos quer comunicar.
Velemos pois para cuidarmos o silêncio interior que —evitando distrações e
concentrando a nossa atenção—abre um espaço para acolhermos os afetos,
inspirações… que o Senhor, certamente, quer suscitar nos nossos corações.
Um risco que não podemos
esquecer, é o perigo de que o nosso coração —com o tempo —se vá endurecendo.
Por vezes, os golpes da vida podem-nos converter, mesmo sem nos darmos conta,
numa pessoa mais desconfiada, insensível, pessimista, sem esperança… Devemos
pedir ao Senhor que nos torne conscientes desta possível deterioração interior.
A oração é uma ótima ocasião para dar uma olhadela serena à nossa vida e a
todas as circunstâncias que a rodeiam. Devemos ler os diversos acontecimentos à
luz dos Evangelhos, para descobrirmos que aspectos necessitam uma verdadeira
conversão.
Tomara que peçamos a nossa
conversão com a mesma fé e confiança com que o leproso se apresentou a Jesus!:
«De joelhos, suplicava-lhe: “Se queres, tens o poder de purificar-me”!». (Mc
1,40). Ele é o único que pode tornar possível aquilo que por nós próprios
resultaria impossível. Desejamos que Deus atue com a sua graça em nós, para que
o nosso coração seja purificado e, dócil no seu agir, seja cada dia mais um
coração à imagem e semelhança do coração de Jesus. Ele, com confiança, diz-nos:
«‘Eu quero, fica purificado’» (Mc 1,41).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Jesus, sobretudo com seu estilo
de vida e com suas ações, há demostrado como no mundo em que moramos está
presente o amor. Este amor [misericordioso de Deus] se faz notar
particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça, a pobreza» (São Joao
Paulo II)
«Vivemos neste mundo no que Deus
não tem a evidência do palpável. Só se pode lhe encontrar com o impulso do
coração e reconhecer que não só vivemos de “pão”, se não ante tudo da
obediência à Palavra de Deus» (Bento XVI)
«Os homens, cooperadores muitas
vezes inconscientes da vontade divina, podem entrar deliberadamente no plano
divino, por suas ações por suas orações e também por seus sofrimentos (cf. Col.
1,24). Tornam-se então plenamente “cooperadores de Deus” (1Cor 3,9) e do seu
Reino» (Catecismo da Igreja Católica, n°307)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Acolhendo e curando o
leproso Jesus revela um novo rosto de Deus. Um leproso chegou perto de
Jesus. Era um excluído, impuro. Devia viver afastado. Quem tocasse nele ficava
impuro também! Mas aquele leproso teve muita coragem. Transgrediu as normas da
religião para poder chegar perto de Jesus. Ele grita: Se queres, podes
curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta você querer para eu ficar
curado!” A frase revela duas doenças: 1) a doença da lepra que o tornava
impuro; 2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela
religião. Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente
compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, toca
no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Eu te acolho
como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado! O leproso, para poder entrar em contato com
Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder
ajudar aquele excluído e, assim, revelar um rosto novo de Deus, transgrede as
normas da sua religião e toca no leproso. Naquele tempo, quem tocasse num
leproso tornava-se um impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei
da época.
* Reintegrar os excluídos na
convivência fraterna. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa
curada possa conviver novamente. Reintegra a pessoa na convivência. Naquele
tempo, para um leproso ser novamente acolhido na comunidade, ele precisava ter
um atestado de cura assinado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do
hospital com o documento assinado pelo médico. Jesus obrigou o leproso a buscar
o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades
a reconhecer que o homem tinha sido curado.
* O leproso anuncia o bem que
Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido o
leproso de falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu,
começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar
publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por quê? É que
Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo,
Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não
podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com
estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão total!
* Resumindo. Tanto nos
anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era
e continua sendo importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar
a Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do
primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e
apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua
missão. Eis o esquema:
TEXTO
|
ATIVIDADE DE
JESUS
|
OBJETIVO DA
MISSÃO
|
1. Marcos 1,16-20
|
Jesus chama os primeiros
discípulos
|
formar comunidade
|
2. Marcos 1,21-22
|
o povo fica admirado com o
ensino
|
criar consciência crítica
|
3. Marcos 1,23-28
|
Jesus expulsa um demônio
|
combater o poder do mal
|
4. Marcos 1,29-31
|
a cura da sogra de Pedro
|
restaurar a vida para o serviço
|
5. Marcos 1,32-34
|
a cura de doentes e
endemoninhados
|
acolher os marginalizados
|
6. Marcos 1,35
|
Jesus se levanta cedo para
rezar
|
ficar unido ao Pai
|
7. Marcos 1,36-39
|
Jesus segue em frente no
anúncio
|
não se fechar nos resultados
|
8. Marcos 1,40-45
|
a cura um leproso
|
reintegrar os excluídos
|
Para um confronto pessoal
1) Anunciar a Boa
Nova é dar testemunho da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o
que ele anuncia? Ele conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo
isso! E é este testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que
Jesus nos trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa
Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que
são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a
vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe
para Jesus. Já tive esta coragem?
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