Bta. Francisca de Amboise, viúva e religiosa de nossa Ordem
1ª
Leitura (Flp 2,5-11): Irmãos: Tende em vós os mesmos sentimentos que
havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua
igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de
servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se
ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e
Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus
todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que
Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Salmo
Responsorial: 21
R. Eu Vos louvo, Senhor, na
assembleia dos justos.
Cumprirei a minha promessa na
presença dos vossos fiéis. Os pobres hão de comer e serão saciados, louvarão o
Senhor os que O procuram: vivam os seus corações para sempre.
Hão de lembrar-se do Senhor e
converter-se a Ele todos os confins da terra; e diante d’Ele virão prostrar-se
todas as famílias das nações.
Ao Senhor pertence a realeza, é
Ele quem governa os povos. Só ao Senhor hão de adorar todos os grandes do
mundo.
Para Ele viverá a minha alma,
há-de servi-lo a minha descendência. Falar-se-á do Senhor às gerações futuras e
a sua justiça será revelada ao povo que há-de vir: «Eis o que fez o Senhor».
Aleluia. Vinde a Mim, todos
vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho
(Lc 14,15-24): Tendo ouvido isso, um dos que estavam junto à mesa disse
a Jesus: Feliz quem come o pão no Reino de Deus! Ele respondeu: Alguém deu um
grande banquete e convidou muitas pessoas. Na hora do banquete, mandou seu
servo dizer aos convidados: Vinde! Tudo está pronto. Mas todos, um a um,
começaram a dar desculpas. O primeiro disse: Comprei um campo e preciso ir
vê-lo. Peço que me desculpes. Um outro explicou: Comprei cinco juntas de bois e
vou experimentá-las. Peço que me desculpes. Um terceiro justificou: Acabo de me
casar e, por isso, não posso ir. O servo voltou e contou tudo a seu senhor.
Então o dono da casa ficou irritado e disse ao servo: Sai depressa pelas praças
e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. E
quando o servo comunicou: Senhor, o que mandaste fazer foi feito, e ainda há
lugar, o senhor ordenou ao servo: Sai pelas estradas e pelos cercados, e obriga
as pessoas a entrarem, para que minha casa fique cheia. Pois eu vos digo:
nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete.
«Sai pelas estradas e pelos
cercados, e obriga as pessoas a entrarem, para que minha casa fique cheia»
Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona,
Espanha)
Hoje o Senhor oferece-nos uma
imagem da eternidade representada por um banquete. O banquete significa o lugar
onde a família e os amigos se encontram juntos, gozando da companhia, da
conversa e da amizade à volta da mesma mesa. Esta imagem fala-nos da intimidade
com Deus trindade e do gozo que encontraremos na estância do Céu. Tudo o fez
para nós, e chama-nos porque tudo está pronto (Lc 14,17). Nos quer com Ele;
quer a todos os homens e mulheres do mundo ao seu lado, a cada um de nós.
É necessário, no entanto, que
queiramos ir. E apesar de sabermos que é onde melhor se está, porque o céu é a
nossa morada eterna, que excede todas as mais nobres aspirações humanas - o que
Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os
ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu (1Cor 2,9) e portanto,
nada lhe é comparável-; no entanto somos capazes de recusar o convite divino e
perder eternamente a melhor oferta que Deus nos podia fazer: participar da sua
casa, da sua mesa, da sua intimidade para sempre. Que grande responsabilidade!
Somos, decididamente, capazes de
trocar a Deus por qualquer coisa. Uns, como lemos no Evangelho de hoje, por um
campo; outros por uns bois. E você e eu, pelo que é que somos capazes de trocar
aquele que é o nosso Deus e o seu convite? Há quem por preguiça, por desleixo,
por comodidade deixa de cumprir os seus deveres de amor para com Deus. Deus
vale tão pouco que o substituímos por qualquer outra coisa? Que a nossa
resposta ao oferecimento divino seja sempre um sim, cheio de agradecimento e de
admiração.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Na sua clemência, o Senhor
convida-nos a todos, mas é a nossa apatia ou o nosso desinteresse que nos
afasta d´Ele» (Santo Ambrósio de Milão)
«Deus não falha. Ainda hoje
encontrará novos caminhos para chamar os homens e quer contar conosco como seus
mensageiros e servidores» (Bento XVI)
«Pela sua revelação, `Deus
invisível, na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos e convive com
eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele´(Concilio Vaticano II). A
resposta adequada a este convite é a fé» (Catecismo da Igreja Católica, nº 142)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje continua
a reflexão em torno de assuntos ligados à mesa e à refeição. Jesus conta a
parábola do banquete. Muita gente tinha sido convidada, mas a maioria não
veio. O dono da festa ficou indignado com a desistência dos convidados e mandou
chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os mancos. Mesmo assim sobrava lugar.
Então, mandou convidar todo mundo, até que a casa ficasse cheia. Esta parábola
era uma luz para comunidades do tempo de Lucas.
* Nas comunidades do tempo de Lucas havia
cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos da gentilidade, chamados de
pagãos. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um
grande ideal de partilha e de comunhão (At 2,42; 4,32; 5,12). Mas havia muitas
dificuldades, pois os judeus impunham normas de pureza legal que os impediam de
comer com os pagãos. Mesmo depois de terem entrado na comunidade cristã, alguns
deles mantinham o costume antigo de não se sentar à mesma mesa com um pagão.
Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por ter entrado na casa
de Cornélio, um pagão, e ter comido com ele (At 11,3). Em vista desta
problemática das comunidades, Lucas conservou uma série de palavras de Jesus a
respeito da comunhão de mesa (Lc 14,1-24). A parábola que aqui meditamos é um
retrato do que estava acontecendo nas comunidades.
* Lucas 14,15: Feliz quem come o pão no Reino de Deus. Jesus
tinha acabado de contar duas parábolas: uma, sobre a escolha dos lugares (Lc
14,7-11), e outra, sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Ouvindo estas
parábolas, alguém que estava à mesa com Jesus deve ter percebido o alcance do
ensinamento de Jesus e disse: "Feliz quem come o pão no Reino de
Deus!". Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete,
marcado pela fartura, pela gratidão e pela comunhão (Is 25,6; 55,1-2; Sl
22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam o povo esperar, para o futuro,
aquilo que não podiam obter no presente. A esperança dos bens messiânicos,
comumente experimentadas nos banquetes, era projetada para o final dos tempos.
* Lucas 14,16-20: O grande jantar está pronto. Jesus
responde com uma parábola. "Um homem estava dando um grande jantar e
convidou muita gente". Mas os deveres de cada dia impedem os convidados de
aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um terreno. Preciso vê-lo!” O
segundo: “Comprei cinco juntas de bois! Vou experimentá-las!” O terceiro:
“Casei. Não posso ir!”. Dentro das normas e costumes da época, aquelas pessoas
tinham o direito de recusar o convite (cf. Dt 20,5-7).
* Lucas 14,21-22: O convite permanece de pé. O dono da
festa fica indignado com a recusa. No fundo, quem está indignado é o próprio
Jesus, pois as normas da estrita observância da lei reduziam o espaço para o
povo viver a gratuidade de um convite amigo que gerava fraternidade e partilha.
Aí, o dono da festa mandou os empregados convidar os pobres, os cegos, os
aleijados e os mancos. Os que, normalmente, eram excluídos como impuros, agora
são convidados para sentar-se à mesa do banquete.
* Lucas 14,23-24: Ainda tem
lugar. A sala não ficou cheia. Ainda havia lugar. Então, o dono da casa
manda convidar os que andam pelo caminhos e trilhas. São os pagãos. Eles também
são convidados para sentar-se à mesa. Assim, no banquete da parábola de Jesus, sentam-se
todos juntos na mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas havia muitos
problemas que impediam a realização deste ideal da mesa comum. Por meio da
parábola, Lucas mostra que a prática da comunhão de mesa vinha do próprio
Jesus.
* Depois da destruição de
Jerusalém, no ano 70, os fariseus assumiram a liderança nas sinagogas, exigindo
o cumprimento rígido das normas que os identificavam como povo judeu. Os judeus
que se convertiam ao cristianismo eram vistos como uma ameaça, pois eles
derrubavam os muros que separavam Israel dos outros povos. Os fariseus tentavam
obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Como não o conseguiam, os expulsavam das
sinagogas. Tudo isto provocou uma lenta e progressiva separação entre judeus e
cristãos e era fonte de muito sofrimento, sobretudo, para os judeus convertidos
(Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas deixa bem claro que estes judeus convertidos não
eram infiéis ao seu povo. Pelo contrário! Eles são os convidados que não
recusaram o convite. Eles são os verdadeiros continuadores de Israel. Infiéis
foram os que recusaram o convite e não quiseram reconhecer em Jesus o Messias
(Lc 22,66; At 13,27).
Para um confronto pessoal
1. Quais as pessoas que
normalmente são convidadas e quais as que não são convidadas para as nossas
festas?
2. Quais os motivos que
hoje limitam a participação das pessoas na sociedade e na igreja? E quais os
motivos que alguns alegam para se excluir da comunidade? Será que são motivos
justos?
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