São
Carlos Borromeu, bispo
1ª
Leitura (Flp 2,1-4): Irmãos: Se há em Cristo alguma consolação, algum
conforto na caridade, se existe alguma comunhão no Espírito, alguns sentimentos
de ternura e misericórdia, então completai a minha alegria, tendo entre vós os
mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não
façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os
outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses,
mas aos interesses dos outros.
Salmo
Responsorial: 130
R. Guardai-me junto de Vós, na
vossa paz, Senhor.
Senhor, não se eleva soberbo o
meu coração, nem se levantam altivos os meus olhos. Não ambiciono riquezas, nem
coisas superiores a mim.
Antes fico sossegado e tranquilo,
como criança ao colo da mãe. Espera, Israel, no Senhor, agora e para sempre.
Aleluia. Se permanecerdes na
minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade,
diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho
(Lc 14,12-14): E disse também a quem o tinha convidado: «Quando
ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua
vez, e isto já será a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres um banquete,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então serás feliz, pois
estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na ressurreição dos
justos».
«Quando deres um banquete,
convida os pobres, (...), pois estes não têm como te retribuir! Receberás a
recompensa na ressurreição dos justos»
Fr. Austin Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi,
Nigéria)
Hoje, o Senhor ensina-nos o
verdadeiro sentido da generosidade cristã: o dar-se aos demais. «Quando
ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua
vez, e isto já será a tua recompensa» (Lc 14,12).
O cristão move-se no mundo como
uma pessoa comum; mas o fundamento do trato com os seus semelhantes não pode
ser nem a recompensa humana nem a vanglória; deve procurar ante tudo a glória
de Deus, sem pretender outra recompensa que a do Céu. «Pelo contrário, quando
deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então
serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na
ressurreição dos justos» (Lc 14, 13-14).
O Senhor convida-nos a dar-nos
incondicionalmente a todos os homens, movidos somente pelo amor a Deus e ao
próximo pelo Senhor. «Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que
recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem
outro tanto» (Lc 6,34).
Isto é assim porque o Senhor
ajuda-nos a entender que se nos damos generosamente, sem esperar nada em troca,
Deus nos pagará com uma grande recompensa e nos fará seus filhos prediletos.
Por isto, Jesus nos diz: «Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e
emprestai sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis
filhos do Altíssimo» (Lc 6-35).
Peçamos à Virgem a generosidade
de saber fugir de qualquer tendência ao egoísmo, como seu Filho. «Egoísta!— Tu,
sempre tu, sempre o que é "teu".— Pareces incapaz de sentir a
fraternidade de Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês degraus (...)» (São
Josemaria).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Uma palavra, um sorriso amigo,
muitas vezes bastam para animar uma alma triste» (Santa Teresa do Menino Jesus)
«A quem quer segui-lo, Jesus pede
para amar a quem não merece, sem esperar recompensa, para preencher as lacunas
de amor que existem nos corações, nas relações humanas, nas famílias, nas
comunidades, no mundo» (Francisco)
«A Eucaristia compromete-nos com
os pobres: Para receber, na verdade, o Corpo e o Sangue de Cristo entregue por
nós, temos de reconhecer Cristo nos mais pobres, seus irmãos» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 1.397)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje dá
continuidade ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos,
todos ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um
conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho
para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de
Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a
perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as
palavras de Jesus
* Lucas 14,12: Convite
interesseiro. Jesus está jantando na casa de um fariseu que o tinha
convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é o assunto do ensinamento do
evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite: convites interesseiros em
benefício de si mesmo e convites desinteressados em benefício dos outros. Jesus
diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos,
nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E
isso será para você recompensa”. O costume normal do povo era este: para
almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois sentar à mesa
com pessoas desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga!
Este era o costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje.
Jesus pensa diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém
costuma fazer.
* Lucas 14,13-14: Convite desinteressado. Jesus
diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”.
Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres,
aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso.
Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por quê? Porque no convite
desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte
de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”.
Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir.
É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade
total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar
nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer
nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade
que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas
já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!
* É o Reino acontecendo. O
conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois
discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias
recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a
comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa
cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes
que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui,
nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal
que impediam a convivência fraterna.
Para um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e
convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só
convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
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