quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Sábado XXXIII do Tempo Comum

São Clemente I, papa e mártir
 
1ª Leitura (Ap 11,4-12):
Foi-me dito a mim, João: «Eu mandarei as minhas duas testemunhas para profetizarem. São as duas oliveiras e os dois candelabros, que estão diante do Senhor de toda a terra. Se alguém lhes quiser fazer mal, sairá fogo das suas bocas para devorar os seus inimigos; se alguém lhes quiser fazer mal, assim deve perecer. Elas têm o poder de fechar o céu, para que a chuva não caia durante os dias em que profetizarem. Têm também o poder de transformar as águas em sangue e de ferir a terra com toda a espécie de flagelos, todas as vezes que quiserem. Mas quando terminarem o seu testemunho, o Monstro que sobe do abismo há-de fazer-lhes guerra, há-de vencê-las e matá-las. E os seus cadáveres ficarão estendidos na praça da grande cidade, que se chama simbolicamente Sodoma e Egipto, onde o seu Senhor foi crucificado. Homens de vários povos, tribos, línguas e nações olharão para esses cadáveres durante três dias e meio, sem que seja permitido dar-lhes sepultura. Os habitantes da terra alegrar-se-ão pela sua morte e felicitar-se-ão, enviando presentes uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentado os habitantes da terra. Passados, porém, três dias e meio, entrou neles um sopro de vida, que veio de Deus, e eles puseram-se de pé, com grande espanto dos que os olhavam. Ouviram então uma voz forte vinda do Céu, que dizia: «Subi para aqui». E eles subiram para o Céu numa nuvem, à vista dos seus inimigos.
 
Salmo Responsorial: 143
R. Bendito seja o Senhor, rochedo do meu refúgio.
 
Bendito seja o Senhor, o rochedo do meu refúgio, que adestra as minhas mãos para a luta e os meus dedos para o combate.
 
O Senhor é meu amparo e minha cidadela, meu baluarte e meu libertador. Ele é meu escudo e meu abrigo e submete os povos ao meu poder.
 
Hei de cantar-Vos, meu Deus, um cântico novo, hei de celebrar-Vos ao som da harpa, a Vós que dais aos reis a vitória e salvastes David, vosso servo.
 
Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a vida por meio do Evangelho. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 20,27-40): Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, os quais negam a ressurreição, e lhe perguntaram: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: Se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão. Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu, sem deixar filhos. Também o segundo e o terceiro se casaram com a mulher. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. Por fim, morreu também a mulher. Na ressurreição, ela será esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa». Jesus respondeu-lhes: «Neste mundo, homens e mulheres casam-se, mas os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos; serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó. Ele é Deus não de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele». Alguns escribas responderam a Jesus: «Mestre, falaste muito bem». E não mais tinham coragem de lhe perguntar coisa alguma.
 
«Ele é Deus não de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele»
 
Rev. D. Ramon CORTS i Blay (Barcelona, Espanha)

Hoje, a Palavra de Deus nos fala do tema capital da ressurreição dos mortos. Curiosamente, como os saduceus, também nós não nos cansamos de formular perguntas inúteis e fora do lugar. Queremos solucionar as coisas do além com os critérios daqui de baixo, quando no mundo que está por vir tudo será diferente: «mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido». (Lc 20,35). Partindo de critérios errados chegamos a conclusões errôneas.
 
Se nos amassemos mais e melhor, não estranharíamos que no céu não houvesse a exclusividade do amor que vivemos na terra, totalmente compreensível devido à nossa limitação, que nos dificulta o poder sair de nossos círculos mais próximos. Mas no céu nos amaremos todos e com um coração puro, sem invejas, nem receios e, não somente ao esposo ou à esposa, aos filhos ou aos do nosso sangue, mas sim a todo o mundo, sem exceções, nem discriminações de língua, nação, raça ou cultura, uma vez que o «amor verdadeiro alcança uma grande força» (São Paulino de Nola).
 
Faz-nos muito bem escutar essas palavras da Escritura que saem dos lábios de Jesus. Faz-nos bem, porque nos poderia suceder que, agitados por tantas coisas que não nos deixam nem tempo para pensar e influenciados por uma cultura ambiental que parece negar a vida eterna, chegássemos a estar tocados pela dúvida com respeito a ressurreição dos mortos. Sim, nos faz um grande bem que o Senhor mesmo seja quem nos diga que existe um futuro além da destruição do nosso corpo e deste mundo que passa: «Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó» (Lc 20,37-38).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Se eu ressuscitar num corpo aéreo, já não serei mais eu quem ressuscitará: como poderia haver uma verdadeira ressurreição, se a minha carne não fosse uma verdadeira carne?» (São Gregório Magno)
 
«Já nesta terra, na oração, nos Sacramentos, na fraternidade, encontramos Jesus e o seu amor, e assim podemos antecipar a vida ressuscitada» (Francisco)
 
«O que é ressuscitar?(…). Deus, na sua omnipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus» (Catecismo da Igreja Católica, nº 997)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
*
O evangelho de hoje traz a discussão dos Saduceus com Jesus sobre a fé na ressurreição.
 
* Lucas 20,27: A ideologia dos Saduceus. O evangelho de hoje começa com esta afirmação: “Os saduceus afirmam que não existe ressurreição”. Os saduceus eram uma elite aristocrata de latifundiários e comerciantes. Eram conservadores. Não aceitavam a fé na ressurreição. Naquele tempo, esta fé começava a ser valorizada pelos fariseus e pela piedade popular. Ela animava a resistência do povo contra a dominação tanto dos romanos como dos sacerdotes, dos anciãos e dos próprios saduceus. Para os saduceus, o reino messiânico já estava presente na situação de bem-estar que eles estavam vivendo. Eles seguiam a assim chamada “Teologia da Retribuição” que distorcia a realidade. Segundo esta teologia, Deus retribui com riqueza e bem-estar os que observam a lei de Deus, e castiga com sofrimento e pobreza os que praticam o mal. Assim, se entende por que os saduceus não queriam mudanças. Queriam que a religião permanecesse tal como era, imutável como o próprio Deus. Por isso, para criticar e ridicularizar a fé na ressurreição, contavam casos fictícios para mostrar que a fé na ressurreição levaria a pessoa ao absurdo.
 
* Lucas 20,28-33: O caso fictício da mulher que se casou sete vezes. Conforme a lei da época, se o marido morre sem filhos, o irmão dele deve casar-se com a viúva do falecido. Era para evitar que, caso alguém morresse sem descendência, a propriedade dele passasse para outra família (Dt 25,5-6). Os saduceus inventaram a história de uma mulher que enterrou sete maridos, irmãos um do outro, e ela mesma acabou morrendo sem filho. E eles perguntam a Jesus: “E agora, na ressurreição, de quem a mulher vai ser esposa? Todos os sete se casaram com ela!" Caso inventado para mostrar que a fé na ressurreição cria situações absurdas.
 
* Lucas 20,34-38: A resposta de Jesus que não deixa dúvida. Na resposta de Jesus transparece a irritação de quem não aguenta fingimento. Jesus não aguenta a hipocrisia da elite que manipula e ridiculariza a fé em Deus para legitimar e defender seus próprios interesses. A sua resposta tem duas partes: 1) vocês não entendem nada de ressurreição: "Nesta vida, os homens e as mulheres se casam, mas os que Deus julgar dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, não se casarão mais, porque não podem mais morrer, pois serão como os anjos. E serão filhos de Deus, porque ressuscitaram” (vv. 34-36). Jesus explica que a condição das pessoas depois da morte será totalmente diferente da condição atual. Depois da morte já não haverá mais casamento, mas todas serão como os anjos no céu. Os saduceus imaginavam a vida no céu igual à vida aqui na terra. 2) vocês não entendem nada de Deus: “E que os mortos ressuscitam, já Moisés indica na passagem da sarça, quando chama o Senhor de 'o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'. Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele." No fim, Jesus conclui: “Nosso Deus não é um Deus de mortos, mas sim de vivos! Vocês estão muito errados!” Os discípulos e as discípulas, que estejam de sobreaviso e aprendam! Quem estiver do lado destes saduceus estará do lado oposto de Deus!
 
* Lucas 20,39-40: A reação dos outros frente à resposta de Jesus.  “Alguns doutores da Lei disseram a Jesus: "Foi uma boa resposta, Mestre." E ninguém mais tinha coragem de perguntar coisa nenhuma a Jesus”.  Muito provavelmente, estes doutores da lei eram dos fariseus, pois os fariseus acreditavam na ressurreição (cf Atos 23,6).
 
Para um confronto pessoal
1. Como hoje os grupos de poder imitam os saduceus e armam ciladas para impedir mudanças no mundo e na igreja?
2. Você acredita na ressurreição? Dizendo que crê na ressurreição, você pensa em algo do passado, do presente ou do futuro? Já aconteceu alguma vez uma experiência de ressurreição em sua vida?

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