Santa
Margarida Maria Alacoque, virgem
Santa
Edwiges, viúva e religiosa
São
Gerardo Majella, religioso
1ª
Leitura (Gal 5,18-25): Irmãos: Se vos deixais conduzir pelo Espírito,
não estais sujeitos à Lei de Moisés. As obras da carne são bem conhecidas:
luxúria, imoralidade, libertinagem, idolatria, feitiçaria, inimizades, ciúmes,
discórdias, ira, rivalidades, dissenções, facciosismos, invejas, embriaguez,
orgias e coisas semelhantes a estas, sobre as quais vos previno, como já vos
disse: os que praticam estas ações não herdarão o reino de Deus. Pelo
contrário, os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, paciência,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança. Contra coisas como
estas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne com as
suas paixões e apetites. Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o
Espírito.
Salmo
Responsorial: 1
R. Quem Vos segue, Senhor,
terá a luz da vida.
Feliz o homem que não segue o
conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores nem toma parte na
reunião dos maldizentes; mas antes se compraz na lei do Senhor e nela medita
dia e noite.
É como árvore plantada à beira
das águas: dá fruto a seu tempo e a sua folhagem não murcha. Tudo quanto fizer
será bem-sucedido.
Bem diferente é a sorte dos
ímpios: são como a palha que o vento leva. O Senhor vela pelo caminho dos
justos, mas o caminho dos pecadores leva à perdição.
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho
(Lc 11,42-46): Naquele tempo, o Senhor disse: «Ai de vós, fariseus,
porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas
deixais de lado a justiça e o amor de Deus. Isto é que deveríeis praticar, sem
negligenciar aquilo. Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro assento
nas sinagogas e de serdes cumprimentados nas praças. Ai de vós, porque sois
como túmulos que não se veem, sobre os quais as pessoas andam sem saber». Um
doutor da Lei tomou a palavra e disse: «Mestre, falando assim, insultas também
a nós!». Jesus respondeu: «Ai de vós igualmente, doutores da Lei, porque
carregais as pessoas com fardos insuportáveis, e vós mesmos, nem com um só
dedo, não tocais nesses fardos!».
«Isto é que deveríeis
praticar, sem negligenciar aquilo»
Rev. D. Joaquim FONT i Gassol (Igualada,
Barcelona, Espanha)
Hoje o Divino Mestre dá-nos
algumas lições: entre elas, fala-nos dos dízimos e também da coerência que
devem ter os educadores (pais, mestres e todo cristão apóstolo). No Evangelho
segundo São Lucas da Missa de hoje, o ensino aparece de maneira mais sintética,
mas nas passagens paralelas de Mateus (23,1ss.) é bastante extenso e concreto.
Todo o pensamento do Senhor conclui em que a alma de nossa atividade deve de
ser a justiça, a caridade, a misericórdia e a fidelidade (cf. Lc 11,42).
Os dízimos no Antigo Testamento e
nossa atual colaboração com a Igreja, segundo as leis e os costumes, vão na
mesma linha. Mas dando o valor da lei obrigatória às pequenas coisas—como o
faziam os Mestres da Lei— é exagerado e fadigoso: «Ai de vós igualmente,
doutores da Lei, porque carregais as pessoas com fardos insuportáveis, e vós
mesmos, nem com um só dedo, não tocais nesses fardos!» (Lc 11,46).
É verdade que as pessoas que
afinam têm delicadezas de generosidade. Tivemos vivências recentes de pessoas
que da colheita trazem para a Igreja —para o culto e para os pobres— 10% (o
dízimo); outros que reservam a primeira flor (as primícias), o melhor fruto do
seu horto; ou também oferecem a mesma quantia que gastaram na viagem de lazer
ou de férias; outros trazem o produto preferido do seu trabalho, tudo isso com
o mesmo fim. Adivinha-se aí assimilado, o espírito do Santo Evangelho. O amor é
engenhoso; das coisas pequenas obtém alegrias e méritos perante Deus.
O bom pastor passa na frente do
rebanho. Os bons pais são modelo: o exemplo arrasta. Os bons educadores
esforçam-se em viver as virtudes que ensinam. Isso é a coerência. Não só com um
dedo, senão com a mão toda: Vida de Sacrário, devoção à Virgem, pequenos
serviços no lar, difundir bom humor cristão... «As almas grandes dão-se conta
das pequenas coisas» (São Josemaria).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Fazei tudo por Amor. Portanto,
não há pequenas obras: tudo é grande. A perseverança nas pequenas coisas, por
Amor, é heroísmo» (São Josemaria)
«Muitos podem conhecer a ciência,
mesmo a teologia. Mas se eles não fizerem essa teologia de joelhos, ou seja,
humildemente, como os pequenos, não compreenderão nada» (Francisco)
«Jesus (...) muitas vezes
argumentou, no quadro da interpretação rabínica da Lei (366). Mas, ao mesmo
tempo, Jesus tinha forçosamente de Se confrontar com os doutores da Lei porque
não Se contentava com propor a sua interpretação a par das deles: ‘ensinava
como quem tem autoridade e não como os escribas’ (Mt 7, 28-29)» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 581)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No Evangelho de hoje
continua o relacionamento conflituoso entre Jesus e as autoridades religiosas
da época. Hoje, na igreja acontece o mesmo conflito. Numa determinada
diocese, o bispo convocou os pobres a participar ativamente. Eles atenderam ao
pedido e em grande número começaram a participar. Surgiu um grave conflito. Os
ricos diziam que foram excluídos e alguns sacerdotes começaram a dizer: “O
bispo só faz política e esquece o evangelho!”
* Lucas 11,42: Ai de vocês,
que deixam de lado a justiça e o amor. “Ai de vocês, fariseus, porque vocês
pagam o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixam de
lado a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de
lado aquilo”. Esta crítica de Jesus
contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetida contra muitos
líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de
Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a justiça e o amor. Por exemplo, o
jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e
penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Santa
Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no
fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela
soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por
dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as
observâncias fazem de Deus um ídolo.
* A observação final de Jesus
dizia: “Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo”. Esta
advertência faz lembrar uma outra
observação de Jesus que serve de comentário: "Não pensem que eu vim abolir
a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto
a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou
vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer
a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o
mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os
praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. Com efeito, eu
lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos
fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu" (Mt 5,17-20)
* Lucas 11,43: Ai de vocês,
que gostam dos lugares de honra. “Ai de vocês, fariseus, porque gostam do
lugar de honra nas sinagogas, e de serem cumprimentados em praças
públicas”. Jesus chama a atenção dos
discípulos para o comportamento hipócrita de alguns fariseus. Estes tinham
gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do
povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos
banquetes (cf. Mt 6,5; 23,5-7). Marcos acrescenta que eles gostavam de entrar
nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! Pessoas assim
vão receber um julgamento mais severo (Mc 12,38-40). Hoje acontece o mesmo na
nossa igreja.
* Lucas 11,44: Ai de vocês,
túmulos escondidos. “Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem,
e os homens pisam sobre eles sem saber". Lucas modificou a comparação. Em
Mateus se diz: “Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas
por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por
fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de
hipocrisia e injustiça” (Mt 23,27-28). A
imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Por meio
dela, Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas
cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora.
Lucas fala em sepulcros escondidos: “Ai de vocês, porque são como túmulos que
não se veem, e os homens pisam sobre eles sem saber". Quem pisa ou toca
num sepulcro torna-se impuro, mesmo quando o sepulcro existe escondido debaixo
do chão. A imagem é muito forte: por fora, o fariseu de sempre parece justo e
bom, mas esse aspecto é um engano, pois dentro dele existe um sepulcro
escondido que, sem o povo se dar conta, espalha um veneno que mata, comunica
uma mentalidade que afasta de Deus, sugere uma compreensão errada da Boa Nova
do Reino. Uma ideologia que faz do Deus vivo um ídolo morto!
* Lucas 11,45-46: Crítica do doutor da lei e a
resposta de Jesus. “Um especialista em leis tomou a palavra, e disse:
"Mestre, falando assim insultas também a nós!" Na resposta Jesus não voltou atrás mas deixou
bem claro que a mesma crítica valia também para os escribas: "Ai de vocês
também, especialistas em leis! Porque vocês impõem sobre os homens cargas
insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo”. No
Sermão da Montanha, Jesus expressou a mesma crítica que serve de comentário:
“Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de
Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não
imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os
colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los,
nem sequer com um dedo” (Mt 23,2-4).
Para um confronto pessoal
1) A hipocrisia mantém uma
aparência enganadora. Até onde atua em mim a hipocrisia? Até onde a hipocrisia
atua na nossa igreja?
2) Jesus criticava os
escribas que insistiam na observância disciplinar das coisas miúdas da lei como
dízimo da hortelã, da arruda e de todas as ervas, e esqueciam de insistir no
objetivo da lei que é a prática da justiça e do amor. Vale para mim esta crítica?
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