sábado, 28 de setembro de 2024

Segunda-feira da 26ª semana do Tempo Comum

São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja
 
1ª Leitura (Jó 1,6-22):
Um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se diante do Senhor, Satanás apareceu também no meio deles. O Senhor disse-lhe: «De onde vens?». Satanás respondeu: «Venho de percorrer a terra, de rondar por toda ela». O Senhor disse-lhe: «Reparaste no meu servo Job? Não há ninguém como ele na terra: é um homem íntegro e reto, que teme a Deus e se afasta do mal». Satanás respondeu ao Senhor: «Porventura teme Job a Deus de maneira desinteressada? Não o cercastes Vós com um muro protetor, a ele, à sua casa e a todos seus bens? Abençoastes o trabalho das suas mãos e os seus rebanhos cobrem toda a região. Mas estendei a mão e tocai nos seus bens e vereis que Vos amaldiçoa frente a frente». Disse então o Senhor a Satanás: «Pois bem, tudo o que lhe pertence fica sob o teu poder, mas não estenderás a mão sobre ele». E Satanás saiu da presença do Senhor. Ora um dia em que os filhos e as filhas de Job comiam e bebiam vinho em casa do irmão mais velho, um mensageiro veio dizer a Job: «Estavam os teus bois a lavrar e as jumentas a pastar junto deles, quando os sabeus arremeteram contra eles e os levaram e passaram os teus servos ao fio da espada. Só eu escapei, para te vir dar a notícia». Ainda ele estava a falar, quando outro veio dizer: «Caiu do céu o fogo de Deus e queimou e reduziu a cinzas as ovelhas e os teus servos. Só eu escapei, para te vir dar a notícia». Ainda ele falava, quando chegou outro e lhe disse: «Os caldeus, divididos em três grupos, lançaram-se sobre os teus camelos e levaram-nos e passaram os teus servos ao fio da espada. Só eu escapei, para te vir dar a notícia». Ainda ele falava, quando outro entrou e lhe disse: «Os teus filhos e as tuas filhas estavam a comer e a beber vinho em casa do irmão mais velho, quando um vento impetuoso veio do lado do deserto e abalou os quatro cantos da casa. A casa desabou sobre os jovens e morreram todos. Só eu escapei, para te vir dar a notícia». Então Job levantou-se, rasgou o manto e rapou a cabeça. Depois prostrou-se por terra e disse: «Saí nu do ventre de minha mãe e nu para ele voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor». Em tudo isto, Job não cometeu pecado, nem disse contra Deus nenhuma blasfémia.
 
Salmo Responsorial: 16
R. Escutai, Senhor, e atendei a minha súplica.
 
Ouvi, Senhor, uma causa justa, atendei a minha súplica. Escutai a minha oração, feita com sinceridade.
 
Sede Vós a fazer o meu julgamento, pois vossos olhos veem o que é reto. Se perscrutais o meu coração e o provais com o fogo, não encontrareis em mim iniquidade.
 
Eu Vos invoco, meu Deus, respondei-me, ouvi-me e escutai as minhas palavras. Mostrai a vossa admirável misericórdia, Vós que salvais quem se acolhe à vossa direita.
 
Aleluia. O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção dos homens. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 9,46-50): Surgiu entre os discípulos uma discussão sobre qual deles seria o maior. Sabendo o que estavam pensando, Jesus pegou uma criança, colocou-a perto de si e disse-lhes: «Quem receber em meu nome esta criança, receberá a mim mesmo. E quem me receber, estará recebendo Aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior». Tomando a palavra, João disse: «Mestre, vimos alguém expulsar demônios em teu nome, mas nós lhe proibimos, porque não anda conosco». Jesus respondeu: «Não o proibais, pois quem não é contra vós, está a vosso favor».
 
«Aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior»
 
Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Itália)
 
Hoje, caminho de Jerusalém em direção à paixão, «surgiu entre os discípulos uma discussão sobre qual deles seria o maior» (Lc 9,46). Cada dia os meios de comunicação e também nossas conversas estão cheias de comentários sobre a importância das pessoas: dos outros e de nós mesmos. Esta lógica só humana produz, frequentemente, desejo de vitória, de ser reconhecido, apreciado, correspondido, e a falta de paz, quando estes reconhecimentos não chegam.
 
A resposta de Jesus a estes pensamentos -até mesmo comentários- dos discípulos, lembra o estilo dos antigos profetas. Antes das palavras estão os gestos. Jesus «pegou uma criança, colocou-a perto de si» (Lc 9,47). Depois vem o ensinamento: «aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior» (Lc 9,48). -Jesus, por que custa tanto aceitar que isto não é uma utopia para as pessoas que não estão implicadas no tráfico de uma tarefa intensa, na qual não faltam os golpes de uns contra os outros, e que, com a tua graça, podemos vivê-lo todos? Se o fizéssemos, teríamos mais paz interior e trabalharíamos com mais serenidade e alegria.
 
Esta atitude é também a fonte da onde brota a alegria, ao ver que outros trabalham bem por Deus, com um estilo diferente do nosso, mas sempre assumindo o nome de Jesus. Os discípulos queriam impedi-lo. Em troca, o Mestre defende aquelas outras pessoas. Novamente, o fato de sentir-nos filhos pequenos de Deus facilita-nos a ter o coração aberto para todos e crescer na paz, na alegria e na gratidão. Estes ensinamentos valeram à Santa Teresinha de Lisieux o título de Doutora da Igreja: em seu livro História de uma alma, ela admira o belo jardim de flores que é a Igreja, e está contenta de perceber-se uma pequena flor. Ao lado dos grandes santos -rosas e açucenas- estão as pequenas flores -como as margaridas ou as violetas- destinadas a dar prazer aos olhos de Deus, quando Ele dirige o seu olhar à terra.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«É melhor ser cristão sem o dizer, do que dizê-lo sem o ser. É uma coisa ótima ensinar, mas na condição de que se pratique o que se ensina» (Santo Inácio de Antioquía)
 
«Comportamo-nos frequentemente como controladores de graça e não como seus facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega» (Francisco)
 
«Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo» (Catecismo da Igreja Católica, nº 799)
 
Reflexão
 
Iluminando o texto. Se Lucas já havia apresentado a convergência das pessoas em torno Jesus para de reconhecê-lo na fé, para escutá-lo e assistir suas curas, agora se abre uma nova etapa em seu itinerário público. A pessoa de Jesus não monopoliza a atenção das multidões, mas ele é apresentado como aquele que está lentamente é tirado dos seus para ir ao Pai. Este itinerário inclui a viagem para Jerusalém. E enquanto faz esta viagem, Jesus revela-lhes o destino que o espera (9,22). Depois ele se transfigura diante deles, como que para indicar o ponto de partida do seu "êxodo" de Jerusalém. Mas imediatamente após a luz experimentada no evento da transfiguração, Jesus começa novamente a anunciar sua paixão deixando os discípulos na incerteza e perturbação. As palavras de Jesus sobre o evento de sua paixão, "o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens", encontram nos discípulos incompreensões (9,45) e medo silencioso (9,43).
 
* Se Lucas havia apresentado anteriormente a convergência dos homens ao redor de Jesus para reconhecê-lo na fé, prestar-lhe atenção e estar presente em suas curas, agora se abre uma nova etapa em seu itinerário público. A pessoa de Jesus não monopoliza mais a atenção das multidões, mas Ele é apresentado como aquele que está sendo lentamente afastado dos Seus para ir em direção ao Pai. Esse itinerário prevê Sua jornada para Jerusalém. E enquanto está prestes a empreender essa jornada, Jesus revela a eles o destino que O aguarda (9:22). Ele então se transfigura diante deles para indicar o ponto de partida de Seu “êxodo” para Jerusalém. Imediatamente após a luz que experimenta na transfiguração, Jesus anuncia mais uma vez Sua Paixão, deixando os discípulos incertos e perturbados. As palavras de Jesus sobre o evento de Sua Paixão, “O Filho do Homem vai ser entregue ao poder dos homens” (Lc 9:45), eles não entenderam e tiveram medo de perguntar a Ele.
 
* Jesus leva uma criança. O enigma de Jesus ser entregue causou uma grande disputa entre os discípulos, pois eles se perguntavam a quem caberia o primeiro lugar. Sem que perguntassem sua opinião, Jesus, que, sendo Deus, sabia ler os corações, intervém com um gesto simbólico. Para começar, Ele pega uma criança e a coloca ao Seu lado. Esse gesto é uma indicação de eleição, de privilégio, que se estende quando alguém se torna cristão (Lc 10:21-22). Para que esse gesto seja compreendido, e não desconcertante, Jesus dá uma palavra de explicação: a “grandeza” da criança não é enfatizada, mas é uma inclinação à “aceitação”. O Senhor considera “grande” todo aquele que, como uma criança, sabe aceitar Deus e seus mensageiros. A salvação apresenta dois aspectos: a eleição por parte de Deus, que é simbolizada pelo gesto de Jesus, que aceita a criança, e a aceitação daquele que o enviou, o Pai de Jesus (que é o Filho) e de cada pessoa. A criança encarna Jesus, e ambos, em sua pequenez e sofrimento, percebem a presença de Deus (Bovon). Os dois aspectos da salvação também são indicativos da fé: no dom da eleição, surge o elemento passivo; no serviço, surge o ativo; dois pilares da existência cristã. Aceitar Deus ou Cristo na fé tem como consequência a aceitação total dos pequeninos por parte do crente ou da comunidade. “Ser grande”, sobre o qual os discípulos estavam falando, não é uma realidade de algo além, mas se refere ao momento presente e é expresso na ‘diaconia’ do serviço. O amor e a fé vividos cumprem duas funções: somos aceitos por Cristo (leva a criança); mas também temos o dom particular de recebê-Lo (“quem aceita a criança, aceita a Ele, o Pai”, v. 48). Segue-se um breve diálogo entre Jesus e João (vv. 49-50). Esse último discípulo é considerado um dos íntimos de Jesus. O exorcista, que não pertence àqueles que são íntimos de Jesus, recebe o mesmo papel que é dado aos discípulos. Ele é um exorcista que, por um lado, é externo ao grupo, mas, por outro, está dentro do grupo porque compreendeu a origem cristológica da força divina que o guia (“em Teu nome”). O ensinamento de Jesus é claro: um grupo cristão não deve colocar obstáculos à atividade missionária de outros grupos que sejam fiéis aos ensinamentos de Jesus. Não há cristãos que sejam “maiores” do que os outros, mas alguém é “grande” por ser e se tornar cristão. Portanto, a atividade missionária deve estar a serviço de Deus e não para aumentar a própria fama ou renome, ou para proclamar crenças e interpretações distorcidas. Essa ênfase no poder do nome de Jesus é de importância crucial: é uma referência à liberdade do Espírito Santo, cuja presença certamente está dentro da Igreja, mas pode se estender além dos ministérios instituídos ou oficiais.
 
Perguntas pessoais
- Como você, como crente batizado, entende o sucesso e o sofrimento?
- Que tipo de “grandeza” você vive em seu serviço à vida, às pessoas? Você é capaz de transformar a competição em cooperação?
- Você reconhece as pessoas na sociedade atual que usam o cristianismo ou a atividade missionária para obter fama ou ganho pessoal?

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