sábado, 29 de junho de 2024

Segunda-feira da 13ª semana do Tempo Comum

Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo
 
1ª Leitura (Am 2,6-10.13-16):
Assim fala o Senhor: «Por três e por quatro crimes de Israel, não revogarei a minha decisão, porque vendem o justo por dinheiro e o pobre por um par de sandálias; porque esmagam no pó da terra a cabeça dos humildes e confundem o caminho aos pequenos; porque o filho e o pai vão à mesma mulher, profanando o meu santo nome; porque se prostram junto dos altares com as vestes recebidas em penhor e bebem o vinho das multas da casa do seu Deus. E, no entanto, fui Eu que exterminei diante deles os amorreus, altos como cedros e fortes como carvalhos; destruí no alto os seus frutos e em baixo as suas raízes. Fui Eu que vos retirei da terra do Egipto e vos conduzi durante quarenta anos pelo deserto, para vos dar em posse a terra dos amorreus. Por isso, Eu vos afundarei na lama, como um carro cheio de feno. Então a fuga não será possível para o mais ágil, nem o mais forte poderá recorrer à sua força, nem o valente terá a vida salva. O arqueiro não resistirá, nem o corredor veloz escapará, nem o cavaleiro salvará a vida. O mais valente dos heróis fugirá nu naquele dia».
 
Salmo Responsorial: 49
R. Arrependei-vos, vós que esqueceis a Deus.
 
Como falas tanto na minha lei e trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus ensinamentos e desprezas as minhas palavras?
 
Se vês um ladrão, ajuntas-te com ele e fazes grupo com os adúlteros. Destes largas à tua boca para o mal e a tua língua tece enganos.
 
Sentas-te a falar contra o teu irmão e difamas os filhos da tua mãe. Fizeste isto e Eu calei-me. Pensaste que Eu era como tu, hei-de acusar-te e lançar-te tudo em rosto.
 
Considerai isto, vós que esqueceis a Deus, não aconteça que vos extermine, sem haver quem vos salve. Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor, a quem segue o caminho reto
darei a salvação de Deus.
 
Aleluia. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. Aleluia.
 
Evangelho (Mt 8,18-22): Vendo uma grande multidão ao seu redor, Jesus deu ordem de passar para a outra margem do lago. Nisso, um escriba aproximou-se e disse: «Mestre, eu te seguirei aonde fores». Jesus lhe respondeu: «As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça». Um outro dos discípulos disse a Jesus: «Senhor, permite-me que primeiro eu vá enterrar meu pai». Mas Jesus lhe respondeu: «Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos».
 
«Segue-me»
 
Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona, Espanha)
 
Hoje o Evangelho apresenta-nos —através de dois personagens— uma qualidade do bom discípulo de Jesus: o desprendimento dos bens materiais. Mas antes, o texto de São Mateus dá-nos um detalhe que não posso passar por alto: «Vendo uma grande multidão ao seu redor...» (Mt 8,18). As multidões se reúnem perto do Senhor para escutar a sua palavra, ser curados das suas doenças materiais e espirituais; buscam a salvação e um alento de Vida eterna no meio dos vaivéns deste mundo.
 
Como então, algo parecido passa no nosso mundo de hoje em dia: todos —mais ou menos conscientemente— temos necessidade de Deus, de saciar o coração dos bens verdadeiros, como são o conhecimento e o amor de Jesus e uma vida de amizade com Ele. Se não, caímos na armadilha que quer encher o nosso coração de outros “deuses” que não podem dar sentido a nossa vida: o celular, Internet, as viagens, o trabalho sem medida para ganhar mais e mais dinheiro, o automóvel que seja melhor que o do vizinho, o ginásio para conseguir o corpo mais esbelto do país... É o que passa a muitos atualmente.
 
Em contraste, ressoa o grito do Papa João Paulo II que com força e confiança disse à juventude: «Se pode ser moderno e profundamente fiel a Jesus». Para isso é preciso, como o Senhor, o desprendimento de tudo o que nos ata a uma vida por demais materializada e que fecha as portas ao Espírito.
 
«O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça (...). Segue-me» (Mt 8,22), é o que nos diz o Evangelho de hoje. São Gregório Magno recorda-nos: «Tenhamos as coisas temporais para o uso, as eternas no desejo; sirvamo-nos das coisas da terra para o caminho, e desejemos as eternas para o fim da jornada». É um bom critério para examinar o nosso seguimento de Jesus.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Tenhamos as coisas temporais para o nosso uso, e as eternas no nosso desejo; sirvamo-nos das coisas terrenas para o caminho, e desejemos as eternas para o fim da jornada» (São Gregório Magno)
 
«Desde os tempos evangélicos até aos dias de hoje, a vontade fundadora de Cristo tem continuado a atuar, como se manifesta nesse magnifico e santíssimo convite dirigido a tantas almas: `Segue-me!´» (São João Paulo II)
 
«A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar, com as exigências da doutrina e da vida cristã, as realidades sociais, políticas e económicas. Tal iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja» (Catecismo da Igreja Católica, nº 899)
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
 
* Durante três semanas, meditamos os capítulos 5 a 8 do evangelho de Mateus.
Dando sequência à meditação do capítulo 8, o evangelho de hoje trata das condições do seguimento de Jesus. Jesus decidiu ir para o outro lado do lago e uma pessoa pediu para poder segui-lo (Mt 8,18-22).
 
* Mateus 8,18: Jesus manda passar para o outro lado do lago
Jesus tinha acolhido e curado todos os doentes que o povo havia trazido até ele (Mt 8,16). Muita gente juntou-se ao redor dele. À vista desta multidão, Jesus decidiu ir para a outra margem do lago. No evangelho de Marcos, do qual Mateus tirou grande parte das suas informações, o contexto é outro. Jesus acabava de terminar o discurso das parábolas (Mc 4,3-34) e dizia: “Vamos para o outro lado!” (Mc 4,35), e, do jeito que ele estava no barco, de onde tinha feito o discurso (cf. Mc 4,1-2), os discípulos o levaram para o outro lado. De tão cansado que estava, Jesus se deitou e dormiu em cima de um travesseiro (Mc 4,38).
 
* Mateus 8,19: Um doutor da Lei quer seguir Jesus. Quando Jesus decide fazer a travessia do lago, um doutor da lei se aproxima e diz: "Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata do mesmo assunto, mas de um jeito um pouco diferente. Conforme Lucas, Jesus tinha decidido ir para Jerusalém onde seria preso e morto. Tomando o rumo de Jerusalém, ele entrou no território da Samaria (Lc 9,51-52), onde três pessoas pedem para poder segui-lo (Lc 9,57.59.61). Em Mateus, que escreve para judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da lei. Mateus acentua o fato de uma autoridade dos judeus reconhecer o valor de Jesus e pedir para ser discípulo. Em Lucas, que escreve para pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas acentua a abertura ecumênica de Jesus que aceita também não judeus como discípulos.
 
*  Mateus 8,20: A resposta da Jesus ao doutor da Lei. A resposta de Jesus é idêntica tanto em Mateus como em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: "As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça". Quem quer ser discípulo de Jesus deve saber o que faz. Deve examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cf. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).
 
* Mateus 8,21: Um discípulo pede para poder enterrar o falecido pai. Em seguida, alguém que já era discípulo pede licença para poder enterrar seu falecido pai: "Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai". Com outras palavras, ele pede que Jesus adie a travessia do lago para depois do enterro do pai. Enterrar os pais era um dever sagrado dos filhos (cf Tb 4,3-4).
 
* Mateus 8,22: A resposta de Jesus. Novamente, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não adiou sua viagem para o outro lado do lago e diz ao discípulo: "Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. Quando Elias chamou Eliseu, ele permitiu que Eliseu voltasse para casa para despedir-se dos pais (1Reis 19,20). Jesus é bem mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus convém lembrar que a expressão Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos era um provérbio popular usado pelo povo para significar que não se deve gastar energia em coisas que não tem futuro e que não tem nada a ver com a vida. Um provérbio assim não pode ser tomado ao pé da letra. Deve-se olhar o objetivo com que foi usado. Assim, aqui no nosso caso, por meio do provérbio Jesus acentua a exigência radical da vida nova para qual ele chama as pessoas e que exige abandonar tudo para poder seguir Jesus. Descreve as exigências do seguimento de Jesus.
 
* Seguir Jesus. Como os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles "seguem Jesus". Seguir era o termo que se usava para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. Para os primeiros cristãos, Seguir Jesus significava três coisas muito importantes, ligadas entre si:
1. Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e recriado na vida do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Na "escola de Jesus" só se ensinava uma única matéria: o Reino, e este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus.
2. Participar do destino do Mestre: Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e "estar com ele nas suas provações" (Lc 22,28), inclusive nas perseguições (Mt 10,24-25) e na cruz (Lc 14,27). Devia estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16).
3. Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, o seguimento assume esta terceira dimensão: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do seguimento, fruto da ação do Espírito. Os cristãos procuravam refazer em suas vidas o caminho de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11).
 
Para um confronto pessoal
1) Ser discípulo, discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo o seguimento de Jesus?
2) As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça. Como viver hoje esta exigência de Jesus?

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