sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

III Domingo do Advento – Semana Santa do Natal

1ª Leitura (Is 61,1-2a.10-11):
O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a promulgar o ano da graça do Senhor. Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação e me envolveu num manto de justiça, como noivo que cinge a fronte com o diadema e a noiva que se adorna com as suas joias. Como a terra faz brotar os germes e o jardim germinar as sementes, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor diante de todas as nações.
 
Salmo Responsorial: Lc 1
R. Exulto de alegria no Senhor.
 
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
 
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem.
 
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu-os de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia.
 
2ª Leitura (1Tes 5,16-24): Irmãos: Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus. Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos; mas avaliai tudo, conservando o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal. O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo – se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. É fiel Aquele que vos chama e cumprirá as suas promessas.
 
Aleluia. O Espírito do Senhor está sobre mim: enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres. Aleluia.
 
Evangelho (Jo 1,6-8.19-28): Veio um homem, enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos pudessem crer, por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Este é o testemunho de João, quando os judeus enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas para lhe perguntar: «Quem és tu?». Ele confessou e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Cristo». Perguntaram: «Quem és, então? Tu és Elias?» Respondeu: «Não sou». — «Tu és o profeta?» — «Não», respondeu ele. Perguntaram-lhe: “Quem és, afinal? Precisamos dar uma resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz de quem grita no deserto: ‘Endireitai o caminho para o Senhor!’, conforme disse o profeta Isaías». Eles tinham sido enviados da parte dos fariseus, e perguntaram a João: «Por que, então, batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?» João lhes respondeu: «Eu batizo com água. Mas entre vós está alguém que vós não conheceis: aquele que vem depois de mim, e do qual eu não sou digno de desatar as correias da sandália!». Isso aconteceu em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
 
«Mas entre vós está alguém que vós não conheceis»
 
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, durante o Advento, recebemos um convite à alegria e à esperança: «Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo» (1Tes 5,16-18). O Senhor está próximo: «Minha Filha, teu coração é o céu para Mim», lhe diz Jesus a Santa Faustina Kowalska (e, com certeza, o Senhor queria repetir a cada um dos seus filhos). É um bom momento para pensar em tudo o que Ele fez por nós e agradecer.
 
A alegria é uma característica essencial da fé. Sentir-se amado e salvo por Deus é um grande gozo; saber que somos irmãos de Jesus Cristo que deu sua vida por nós é o motivo principal da alegria cristã. Um cristão abandonado à tristeza terá uma vida espiritual raquítica, não chegará a ver tudo o que Deus fez por ele e, portanto, será incapaz de comunicá-lo. A alegria cristã brota da ação de graças, sobretudo pelo amor que o Senhor nos manifesta; cada domingo o faz comunitariamente ao celebrar a Eucaristia.
 
O Evangelho nos apresenta a figura de João Batista, o precursor. João gozava de grande popularidade entre as pessoas simples; mas, quando lhe perguntam, ele responde com humildade: «Pois, então, quem és? perguntaram-lhe eles. És tu Elias? Disse ele: Não o sou. És tu o profeta? Ele respondeu: Não.» (cf. Jo 1,21); «João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado.» (Jo 1,26-27). Jesus Cristo é Aquele a quem esperamos; Ele é a Luz que ilumina o mundo. O Evangelho não é uma mensagem estranha, nem uma doutrina entre tantas outras, e sim, a Boa Nova que completa o sentido de toda vida humana, porque nos foi comunicada pelo próprio Deus que se fez homem. Todo cristão está chamado a confessar a Jesus Cristo e a ser testemunha de sua fé. Como discípulos de Cristo, estamos chamados a contribuir como o dom da luz. Más além dessas palavras, o melhor testemunho, é e será o exemplo de uma vida fiel.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Precisamente porque é difícil distinguir a palavra da voz, tomaram João pelo Messias. A voz foi confundida com a palavra: mas a voz reconheceu-se a si mesma, para não ofender a palavra. Disse: Não sou o Messias, nem Elias, nem o profeta» (Sto. Agostinho)
 
«Para viver a alegria durante a preparação do Natal o primeiro a fazer é rezar. O segundo: dar graças a Deus. Em terceiro lugar, pensar como posso ir ao encontro dou outros, levando um pouco de união, de paz, de alegria. Esta é alegria do cristão» (Francisco)
 
«Depois de ter aceitado dar-Lhe o batismo como aos pecadores, João Baptista viu e mostrou em Jesus o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Manifestou deste modo que Jesus é, ao mesmo tempo, o Servo sofredor, que Se deixa levar ao matadouro (Is 53,7) sem abrir a boca, carregando os pecados das multidões, e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel na primeira Páscoa (Ex 12,3-14), Toda a vida de Cristo manifesta a sua missão: ”servir e dar a vida como resgate pela multidão“ (Mc 10,45)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 608)
 
Alegrai-vos! Ele está bem perto!
 
Do site da Ordem do Carmo em Portugal
 
O texto de hoje é composto por dois excertos do primeiro capítulo do Quarto Evangelho:
1) 6-8: faz parte do prólogo, onde João expressa a fé em Cristo, a “Palavra” (gr. lógos; he. dabar, lat. verbum) de Deus eterna e eficaz, feita carne;
2) vv. 19-28: é o início da secção introdutória (1,19-3,36), onde Jesus e a sua missão são apresentados através de diversas cenas e personagens, entre as quais sobressai João Batista, mencionado no início (1,19-37) e no fim (3,22-36) dela.
1,6: Mc 1,4p.João é apresentado como:
a) “um homem”, ou seja, não é Deus;
b) “enviado por Deus”, à maneira dos profetas (2Sm 12,1; 2Rs 17,3; 2Cr 24,19; 36,15; Jr 7,25; 25,4; 26,5; 35,15; 44,4; Br 1,21);
c) cujo “nome era João” (he. “Deus fez graça”: Lc 1,13), nome que assinala o tempo da graça (cf. vv. 16s).
 
v. 7.A missão de João é a de ser “testemunha” credível e fiel, quer pela vida, quer pela palavra (Ap 19,10; 1Mac 2,56), “para que todos, por meio dele, acreditassem” (At 19,4!). Ele “dá testemunho da luz” (v. 19.19). A luz (Jo, 16x; 6x aqui, no prólogo: vv. 4.5.8*2.9) é sinónimo da vida (v. 4), ou seja, de Deus (1Jo 1,5; cf. Sl 27,1; 36,10; 43,3; 89,16; 104,2; Is 60,1.19s; Sb 7,26) e do Messias (Is 42,6; 49,6), que “fala” as suas palavras (3,34; Is 2,5) que são luz para a vida do homem (Sl 109,105), Messias este que é Jesus (12,35s.46). Sendo a “luz” a primeira obra de Deus, criada pela sua Palavra, no primeiro dia (Gn 1,3), ela é a primeira manifestação da Palavra, que é a expressão do ser de Deus, a revelação do Seu pensamento, vontade, desígnio eterno e ação. O Verbo é “luz” porque é irradiação de Deus, comunicação da sua vida, que se dá amplamente a conhecer e a participar a toda a humanidade e a todas as criaturas. Palavra e luz, porém, não são éones, emanações da divindade, como pensavam os filósofos gregos de então, mas há uma plena identidade entre elas: a Palavra é Deus e Deus é luz.
 
v. 8. João “não era a luz” (5,35), a única capaz de dar a vida, libertando o homem da trevas do pecado e da morte (vv. 4s), mas é a testemunha enviada por Deus “para dar testemunho da luz” (v. 9), ou seja, de Jesus, a “luz do mundo” que inaugura a nova criação (v. 9; 3,19; 8,12; 9,5; 12,46).
 
v. 19 (vv. 19-23: Mt 3,1-3; Mc 1,2-4; Lc 3 16-6).O segundo excerto apresenta o “testemunho” inicial de João sobre Jesus (vv. 7.8.15; 5,31.33-36). A aristocracia sacerdotal que estava no poder, os saduceus, só reconhecia a Lei e mais nenhum outro escrito bíblico, ou seja, os profetas e os escritos. Eles não gostavam de ouvir falar em profetas, nem no Messias, porque um dos objetivos da missão deste seria a reforma do sacerdócio. Ora, já desde 152 a.C., quando Jónatas Macabeu fora nomeado Sumo-sacerdote pelo rei sírio Alexandre Balas (1Mc 10,20), tinha acabado a sucessão legítima de Sumos-sacerdotes que vinha desde Sadoc, no tempo do rei David (2Sm 15,24). E a partir de 30 a.C., após a execução de Hircano II a mando de Herodes, o cargo passou a ser ocupado por pessoas impostas pelo monarca, que, em geral, eram indignas e corruptas, amigas do poder e do dinheiro. Não admira, pois, que a figura de João inquietasse os saduceus, que lhe enviam uma delegação “de Jerusalém” para o inquirir da parte do Sinédrio. Os saduceus são chamados “judeus”, porque na época em que o Quarto Evangelho foi escrito (80-90 d.C.) já o seu partido tinha sido extinto, após a conquista de Jerusalém pelos romanos (70 d.C.).
 
v. 20: 5,33. João é humilde e “confessa” (gr. omologuein, he. iadah, “confessar” – a fé ou os pecados –, aqui no sentido de “reconhecer”, Ap 3,5; “declarar”, Hb 13,15). “E não negou” (cf. 13,38): João mantém-se fiel à palavra que Deus lhe transmitiu, à missão que lhe confiou, atestando a verdade com um tríplice “não sou” (vv. 21.27; cf. 18,17.25.27). Ou seja: 1) que ele não é “o Cristo” (3,28; Lc 3,15s), o Messias (he. “ungido”) prometido.
 
v. 21. 2) Ele também não é Elias, que devia preparar a vinda do Messias (Ml 3,22s; cf. Mc 9,11ss); 3) E nem sequer é “o profeta” prometido por Moisés (Dt 18,15), que, segundo os rabinos, deveria aparecer nos últimos tempos (e que é identificado com o Messias: 6,14; 7,40). João Batista não se identifica com nenhuma figura do AT, porque não faz parte dele (pois já não pertence ao tempo das promessas, mas da sua realização: Mt 11,13; Lc 16,16) e a sua missão é única (anunciar o reino de Deus e apontar o Messias: 1,31; Mt 11,14); nem aceita nenhum título, para que o olhar das pessoas não se fixe nele, mas em Deus, dando-Lhe glória (12,43).
 
v. 22: Que diz, pois, João de si mesmo?
v. m23: Mt 3,3; Mc 1,3; Lc 3,4; Is 40,3. Ao responder, João não usa a expressão habitual: “eu sou” (gr. egô eimí), para não ser confundido com, nem usurpar o Nome divino, revelado por Deus a Moisés, “Eu Sou” (Ex 3,6.14), que em João é reservado a Jesus (3,28). João Batista limita-se a referir, sem verbo, nem outro dado pessoal, a palavra de Deus, proferida em Isaías: “Eu, ‘voz do que clama’” (Is 40,3). João anuncia assim que esta promessa se cumpre nele e que, deste modo, chegou “o fim dos tempos” (Dn 9,24; 11,13s), a era em que as promessas de Deus se haviam de cumprir e as profecias se iriam realizam.
“Voz” é um termo relacional que supõe um emissor (o que fala) e os receptores (os que ouvem). A voz, transitória, não é o mais importante: serve apenas para comunicar a Palavra, a “Palavra” eterna (1,1) que se deve acolher e que só será anunciada depois de se ter revelado (20,21). Por isso, João é a “voz”, mas os discípulos anunciarão a Palavra (17,20).
Esta voz clama “no deserto” (Is 40,3). O “deserto” é o lugar do encontro (Ex 3,1; 1Rs 19,4.8-18) e do noivado de Deus com o seu povo (Os 2,16; Jr 2,2; 31,2 Dt 8,2; Mid Ruth 2,14,132b). É no deserto que se devia iniciar o novo êxodo, o êxodo definitivo, messiânico (Is 32,16), do regresso do povo de Deus, que andava disperso, à sua terra (Is 35,6; 43,20; Jr 31,2).
 
A Palavra de Deus, que João anuncia, é: “endireitai o caminho do Senhor”, ou seja, convertei-vos ao Senhor, renunciai aos vossos ídolos e pecados e servi-o só a Ele (1Sm 7,3!), para assim poderdes acolher o Messias e com ele percorrerdes o êxodo da salvação eterna.
 
v. 24 (vv. 24-28: Mt 3,1-6.11s; Mc 1,1-8; Lc 3,3-6.15ss). Os fariseus, apegados à Lei e aos seus ritos de purificação, v. 25, estão mais preocupados com o batismo (gr. “imersão”: 2Rs 5,14) introduzido por João, diverso das práticas existentes no tempo (a mikvá, o banho ritual de purificação, repetido quase diariamente pelos judeus e os essênios), pois é administrado por outra pessoa e recebido uma só vez, em ordem à remissão dos pecados.
 
v. 26. João relativiza o seu batismo em água porque, embora disposto por Deus, é apenas um sinal que simboliza a rutura com o pecado e o desejo de se converter a Deus e encetar uma vida nova na fidelidade à sua vontade. Mas, por si só é incapaz de dar o coração novo que anuncia (cf. Sl 51,10), prometido para a nova Aliança, graças à remissão dos pecados, que seria conferida pelo Espírito Santo nos tempos messiânicos (Jr 31,33; Ez 11,19; 36,26ss; 37,5s.14).
 
“No meio de vós está Aquele que não conheceis”: segundo os rabinos, o Messias devia permanecer oculto até ao dia em que Deus o manifestasse (v. 31; Ml 3,1).
 
v. 27: vv. 15.30. João apresenta então o Messias. Ele é: a) “o que vem”, título dado a Deus (Is 40,10; Ml 3,1) e ao Messias (11,27; 12,13; Sl 118,26; Dn 7,13; Zc 9,9); b) “após mim” (cf. 3,28), retomando o anúncio e o apelo de João à conversão; c) de sublime dignidade, não se reputando João «digno de lhe desatar a correia da sandália» (cf. Ex 3,2.5; Js 5,15!), o serviço mais humilde, reservado ao último dos escravos.
 
v. 28. Isto passou-se em Betânia (he. “casa do pobre”), junto ao rio Jordão, local desconhecido para nós. Trata-se provavelmente de Bethabara (“casa do vau” de passagem, a atual Al-Maghtas, árabe: “batismo”, “imersão), como referem Orígenes (In Ioh 6,40,24: PG 14,269) e alguns manuscritos, ou seja, o lugar onde Josué fez Israel passar o Jordão para entrar na Terra prometida (Js 3), e perto do qual, segundo a tradição, Elias foi arrebatado ao céu (2Rs 2,11).
 
Ali, na Peréia, “além do Jordão”, tal como Moisés, João permanece, fora da terra prometida (Nm 20,12; 27,12ss; Dt 32,49; 34,4), convocando o povo de Deus e incentivando-o à travessia. Não será, porém, ele, mas Jesus, o novo Josué (nome hebraico que é traduzido em grego, pelos Setenta, por “Jesus”), que iniciará o novo êxodo, introduzindo o povo de Deus na sua verdadeira pátria, o Reino de Deus (3,3.5; 18,36), para lhe dar a genuína e primordial herança prometida (Nm 27,16ss; Js 1,2), a vida eterna (6,40; 10,28; 17,2; Gn 3,22; Dn 12,2; Mt 25,34.46; Hb 11,15s).
Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo...
 
MEDITAÇÃO (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
A que vozes dou atenção: às opiniões dos homens ou à Palavra do Pai?
Que devo mudar na minha vida para preparar o caminho do Senhor?
Tenho consciência de que Deus me envia como sua testemunha a todos os lugares aonde Ele quer ir? Sou uma testemunha autêntica?

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