terça-feira, 10 de outubro de 2023

12 de outubro - Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Primeira Leitura (Est 5,1b-2;7,2b-3):
Ester revestiu-se com vestes de rainha e foi colocar-se no vestíbulo interno do palácio real, frente à residência do rei. O rei estava sentado no trono real, na sala do trono, frente à entrada. Ao ver a rainha Ester parada no vestíbulo, olhou para ela com agrado e estendeu-lhe o cetro de ouro que tinha na mão, e Ester aproximou-se para tocar a ponta do cetro. Então, o rei lhe disse: “O que me pedes, Ester; o que queres que eu faça? Ainda que me pedisses a metade do meu reino, ela te seria concedida”. Ester respondeu-lhe: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida — eis o meu pedido! — e a vida do meu povo — eis o meu desejo!”
 
Salmo Responsorial Sl 44(45),11-12a.12b-13.14-15a.15b-16 (R. 11.12a)
R. Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: que o Rei se encante com vossa beleza!
 
Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: “Esquecei vosso povo e a casa paterna! Que o Rei se encante com vossa beleza! Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
 
O povo de Tiro vos traz seus presentes, os grandes do povo vos pedem favores. Majestosa, a princesa real vem chegando, vestida de ricos brocados de ouro.
 
Em vestes vistosas ao Rei se dirige e as virgens amigas lhe formam cortejo; entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real”.
 
Segunda Leitura (Ap 12,1.5.13a.15-16a): Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. 5E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. Quando viu que tinha sido expulso para a terra, o dragão começou a perseguir a mulher que tinha dado à luz o menino. A serpente, então, vomitou como um rio de água atrás da mulher, a fim de a submergir. A terra, porém, veio em socorro da mulher.
 
Aleluia. Disse a mãe de Jesus aos serventes: “Fazei tudo o que ele disser!” Aleluia.
 
Evangelho (Jo 2,1-11): Naquele tempo, houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava presente. Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Jesus respondeu-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser!”. Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que estavam servindo: “Enchei as talhas de água!”. Encheram-nas até a boca. Jesus disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala!”. E eles levaram. O mestre-sala experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!” Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele.
 
Reflexão 
 
A primeira parte do Quarto Evangelho é comumente chamada “O Livro dos Sinais”, pois, o evangelista relata uma série de sete sinais que, passo por passo, revelam quem é Jesus, e qual é a missão d’Ele (embora algumas bíblias traduzam o termo grego por “milagre”, a tradução mais correta é: “Sinal”). O primeiro desses sinais aconteceu no contexto das bodas de Caná, o nosso texto de hoje. Como quase todo o Evangelho de João, o relato está carregado de simbolismos, onde pessoas, números e eventos funcionam simbolicamente, para nos levar além da superfície das coisas, em uma caminhada de descoberta sobre a pessoa de Jesus.
 
Um dos temas centrais do quarto evangelho é o da “hora” de Jesus. A “hora” não se refere à cronometria, mas à hora de glorificação de Jesus, por sua morte e ressurreição. Em resposta ao pedido feito por Maria (note que João nunca se refere a Ela pelo nome, mas pelo título “mulher”), usando de uma maneira um tanto estranha este termo para a mãe d’Ele, João quer indicar que Jesus rejeita uma esfera meramente humana de ação para Maria, para reservar para Ela um papel muito mais rico, ou seja, o da mãe dos seus discípulos. Maria somente vai aparecer mais uma vez neste evangelho - ao pé da cruz, onde Ela e o Discípulo Amado assumem um relacionamento de Filho e Mãe. Devemos lembrar que o Discípulo Amado simboliza a comunidade dos discípulos/as do Senhor.
 
Não devemos reduzir a ação da Maria no texto à de uma incomparável intercessora. Embora seja comum esta interpretação na devoção popular, não se sustenta do ponto de vista exegético. É melhor ver Maria aqui como discípula exemplar, pois embora a resposta de Jesus indique um distanciamento entre a sua expectativa e a visão d’Ele, Ela continua com confiança n’Ele e leva outros a acreditar nele: “Façam tudo o que Ele lhes disser”.
 
O simbolismo da água tornada vinho é também importante. Não era qualquer água - era a água da purificação dos judeus. Com essa história, João quer mostrar que doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação vem através de Jesus. Podemos entender isso como a mudança de uma prática religiosa baseada no medo do pecado, uma prática que excluía muita gente considerada impura, para uma nova relação entre Deus e a humanidade, a partir de Jesus. Assim, em Caná Jesus começa a substituir as práticas do judaísmo do Templo, o que vai continuar ao longo do Evangelho de João.
 
A quantia do vinho chama a atenção - 600 litros! O vinho em abundância era símbolo dos tempos messiânicos, e na tradição rabínica, a chegada do Messias seria marcada por uma colheita abundante de uvas. Assim João quer dizer que a expectativa messiânica se realiza em Jesus. E as talhas transbordantes simbolizam a graça abundante que Jesus traz.
 
A figura do mestre-sala é também simbólica, bem como a dos serventes. Aquele que devia saber a origem do vinho da festa, não o sabia, enquanto estes, sabiam. Assim, o mestre-sala representa os chefes do Templo que não sabiam a origem de Jesus enquanto os servos representam os discípulos que acreditaram n’Ele.
Fazendo comparação entre o vinho antigo e o novo, João quer reconhecer que a Antiga Aliança era boa, mas a Nova a superou. Os ritos e práticas judaicos, ligados à purificação e ao sacrifício, não têm mais sentido, pois uma nova era de relacionamento entre a humanidade e Deus começou em Jesus.
 
O ponto culminante do relato está em v. 11: “Foi em Caná que Jesus começou os seus sinais, e os seus discípulo acreditaram n’Ele”. A fé deles não é intelectual ou teórica, mas o seguimento concreto do Mestre, na formação de novos relacionamentos de amor. Passo por passo, o autor vai revelando Jesus através de sinais para que nós, os leitores, possamos “acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, tenhamos a vida em seu nome” (Jo 20, 31).
 
Para um confronto pessoal
1) Maria diz: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Como estou colocando em prática estas palavras da Mãe de Deus?
2) Percebo os sinais de Deus na vida e no mundo? Sou um sinal de Deus para os outros?
 
“Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas joias”.
 
Pe Wagner Augusto Portugal
 
O Brasil e o seu povo santo estão unidos, de norte a sul, de leste a oeste, para a grande festa de nossa augusta padroeira: a Virgem da Conceição, Aparecida das águas do Rio Paraíba, no vale do mesmo nome, no ano de 1717.
 
A devoção à Virgem Maria, depois da Fé Católica, é o maior legado que nossos colonizadores nos deixaram. “Em Portugal se conservará o dogma da fé”, predisse Nossa Senhora em Fátima, há mais de 200 anos após a aparição da Virgem Aparecida. No Brasil, por consequência, essa fé há-de ser sempre inabalável, pela forma sólida como sempre foi fundada no coração de nossos fiéis.
 
Poderia a Providência Divina ter, como sinal, conduzido às redes dos dedicados e sofridos pescadores do Paraíba uma cruz – símbolo da nossa fé; ou um ícone do Divino Redentor ou até de algum santo. Mas, não. É a imagem daquela que nos foi dada por Mãe, a Eva do Novo Tempo, numa expressão plácida, orante, imersa no diálogo com o Deus que a criou, como que meditando todas as maravilhas que lhe foi dado conhecer, que vem guiar a espiritualidade daquele povo sofrido, massacrado pelo poder exacerbado, pela injustiça, pela opressão.
 
Essa imagem da Virgem que se apresenta como ícone de veneração, de contemplação e de modelo tornou-se, com o passar do tempo, uma referência para os brasileiros – para o povo e para a nobreza. A similitude com o povo pobre, a cor negra, a simplicidade de sua escultura tem muito em comum com o povo brasileiro, na sua simplicidade, a ponto de ser consagrada como Rainha e Padroeira do Brasil e, por Decreto Pontifício, coroada como tal. Daí o 12 de outubro ser um dia de grande felicidade e de contentamento espiritual.
 
No majestoso Santuário Nacional de Nossa Senhora, na paulista Aparecida, ou nas catedrais, igrejas matrizes e filiais, capelanias e oratórios públicos de todo o imenso território nacional, os fiéis, precedidos de seus Pastores, louvam a Deus, por intermédio de sua Mãe que nos legou o mais simples e profundo modo de seguir a Jesus Cristo, o Redentor: “Fazei tudo o que Ele vos Disser!”.
 
Na solenidade de Nossa Senhora Aparecida a Sagrada Liturgia no-la apresenta como a intercessora de seu povo, mais que súditos ou vassalos, seus filhos amados, nós todos, brasileiros. Assim, a Primeira Leitura nos relata sobre a intervenção da rainha Éster junto ao Rei Assuero em favor do povo judeu, ao qual ela mesma pertencia. Ao mesmo tempo, menciona-se a graciosa beleza desta “flor do seu povo”. É, pois, a Senhora Aparecida a intercessora junto ao trono do Altíssimo, de pé, orante, insistente.
 
Ao meditarmos o relato sagrado, vêm-nos recordações importantes da vida cristã: como a ternura maternal de Maria, sua dedicação a Jesus, mulher de fé e seu serviço prestado a toda a humanidade. Em MARIA temos o mais perfeito exemplo do discípulo de Jesus, que sabe cumprir os mandamentos e fazer realizar a única vontade do Pai, que se concretiza na salvação do povo de Deus.
 
A Virgem Maria deve ser apresentada como o Modelo perfeito de fidelidade do ser humano para com Deus. Maria da fraternidade. Maria da acolhida. Maria da graça. Maria da partilha. Maria da misericórdia. Maria da graça santificante. Maria da generosidade. Maria do serviço. Maria, a Mãe da nova evangelização. Maria, a Mãe que zela pelos seus filhos.
 
Talvez aí esteja o motivo de sua manifestação por ocasião da visita do governador –general de São Paulo e Minas, o Conde de Assumar, em 1717, a Guaratinguetá. Na ocasião, os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso teriam sido escalados para pescar os peixes que seriam servidos à refeição do ilustre visitante. Era uma sexta-feira e, conforme rígido costume da época, dia de abstinência de carne.
 
E os homens simples do Vale do Paraíba nada pescaram.
 
Quando já estavam quase desanimados, jogaram a rede e retiram uma imagem pequena de Nossa Senhora da Conceição, um pouco enegrecida pela água, sem a cabeça. Outro arremesso, veio a cabeça da imagem. Mais um arremesso, veio a pesca abundante. Deus abençoava, naquele momento, os três pescadores.
 
A imagem da Virgem da Conceição, feita de barro cozido, enegrecida pelas águas e pelo tempo, medindo 36 centímetros, foi levada para o culto divino.
 
Em 1745, foi construída uma capela no alto do Morro dos Coqueiros. Nascia, assim, a devoção à Virgem Aparecida, Mãe do Povo Brasileiro.
 
Em 1888, foi substituída a primitiva capela por uma igreja maior. Em 1894, a Igreja e a devoção a Nossa Senhora foram enriquecidas com a chegada dos primeiros Missionários Redentoristas que passaram a gerir o Santuário Nacional.
 
Desde 1953, a festa de Nossa Senhora Aparecida tem como dia de celebração o 12 de outubro. Desde 1930, Nossa Senhora Aparecida abençoa o povo brasileiro como sua Padroeira Nacional.

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