quinta-feira, 24 de novembro de 2022

12 de dezembro: Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas


Primeira leitura (Gl 4,4-7) - Irmãos, quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá — ó Pai! Assim, já não és mais escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.

Salmo Responsorial: 95
R. Manifestai a sua glória entre as nações.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu Santo nome.

Dia após dia anunciai sua salvação, manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios!

Publicai entre as nações: “Reina o Senhor! Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça”.

Aleluia. Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; / és bendita entre todas as mulheres da terra! Aleluia.

Evangelho (Lc 1,39-47) - Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.

"Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada"

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, o México celebra solenemente a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, venerada como Rainha do povo mexicano. Toda a América a celebra também como sua Padroeira. Mas ainda há mais: todo o mundo se alegra com esta festa da nossa Mãe. Não foi em vão que o Espírito Santo lhe inspirou estas palavras: «Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada» (Lc 1,48).

Todas as gerações e de todo o mundo! Parece exagero? Pois não é. Perguntemo-nos, por exemplo: quantas vezes hoje mesmo repetiremos no mundo inteiro “bendita és tu entre as mulheres”? Milhões e milhões de vezes. Num só dia! E assim todos os dias! Afinal, o Espírito Santo não se enganou!

Santa Maria é um caso único: nenhuma outra pessoa é tão recordada como ela em todos os lugares do mundo. É um “caso único”, como o é também o seu Filho Jesus, pois «debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos» (At 4,12).

Em relação à Virgem ainda há outro fato impressionante: Ela é venerada em tantas regiões e lugares diferentes do mundo e, por vezes, frequentemente, é representada de acordo com a fisionomia e os traços próprios do lugar. Isto acontece porque Maria é Mãe de todos e, logicamente, cada um, cada povo a representa de acordo com a sua própria imagem. Os filhos parecem-se fisicamente com a sua Mãe! Por isso, no México, a vemos morena e com traços mestiços. E também não foi por acaso que Maria tenha falado a Juan Diego na língua asteca.

Mas tratemos de nos parecer a Ela, sobretudo, espiritualmente. A Virgem de Guadalupe reflete nos seus olhos o seu querido filho Juan Diego. A Nossa Mãe observa-nos! Que responsabilidade tão grande temos! - Mãe, quisera que nos teus preciosos olhos só se refletissem coisas boas, como a piedade, humildade e obediência de S. Juan Diego… e as flores que tu própria lhe deste e de que tanto gostas…

Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz

O evangelho foi escolhido, provavelmente, porque Maria veio ao encontro (no caminho) do índio Juan Diego que já tinha 60 anos. Zacarias e sua esposa Isabel também eram de idade avançada (vv. 7.18). A imagem de N. Sra. de Guadalupe no México mostra uma mestiça grávida.

Lucas conta paralelamente a história dos nascimentos de João Batista (seis meses mais velho) e de Jesus. Depois dos anúncios do arcanjo Gabriel, a Zacarias em Jerusalém e a Maria em Nazaré, as duas linhas paralelas se cruzam numa interseção transcendental: A reclusão de Isabel (v. 24) se abre para receber a visita de sua prima. O novo episódio, o encontro das duas parentes em sua primeira gravidez, se polariza para o encontro misterioso de Jesus e João e para o hino de Maria (vv. 47-55, chamado “Magnificat”).

Maria é representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nascerá o Filho de Deus. O anjo Gabriel tinha falado a Maria da gravidez da sua prima Isabel “apesar da sua velhice… já faz seis meses que está grávida” (v. 36).

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia (v. 39). Nazaré fica na Galileia; a região montanhosa é Judeia com nível mais alto do mar (Jerusalém: 800 m). É um caminho cerca de 100 km de Nazaré à casa de Isabel, hoje identificada no lugarejo de Ain Karim, 6 km a oeste Jerusalém, onde seu marido Zacarias trabalhava no templo como sacerdote (v. 8).

Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo (vv. 40-41). A saudação de Maria é medianeira de alegria e inspiração celeste. João recebe o Espírito anunciado em 1,15; como profeta é chamado antes de nascer, “antes de se formar no ventre eu te escolhi; antes de saíres do seio materno eu te consagrei” (Jr 1,5; Is 49,1; cf. Gl 1,15). Estremecendo diante do messias secretamente presente em Maria, João inaugura sua missão no ventre de Isabel e impressa sua alegria inconsciente (de sinal contrário os gêmeos de Gn 25,22). Assim João anuncia o messias já no ventre materno; antecipa-se o encontro dos dois adultos no Rio Jordão (cf. o batismo de Jesus em 3,21p). Isabel fala profetizando “cheia do Espírito Santo”. Na ladainha, Maria é invocada como “arca da aliança”, com base em 2Sm 6 (cf. Ap 11,19-12,1), porque dentro dela está a Palavra encarnada de Deus (cf. Jo 1,14).

Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (v. 42). A interpretação profética de Isabel menciona três elementos conjugados: a fé (v. 45.), a maternidade (v. 42), o Messias (v. 43). Maria é “bendita” embora possa recordar mulheres ilustres (Jael em Jz 5,24; Judite em Jt 13,18; Abgail em 1Sm 25,33); o contexto próximo nos convida na pensar na benção da fecundidade à Eva e Sara (Gn 1,28; 9,1; 17,16; Dt 28,4). Nenhuma maternidade da história pode ser comparada com a de Maria; a ela estavam direcionadas muitas maternidades procedentes.

“Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (v. 43). Isabel como esposa de um sacerdote estava numa posição superior do que a de Maria, mulher de carpinteiro. No entanto, Isabel chama o filho de Maria de “meu Senhor”, como que reconhecendo o messias (Cristo). Não sabemos se o autor alude ao Sl 110,1. No AT, Senhor é tradução do nome divino de Javé (cf. Ex 3,14). Para os cristãos, é título divino de Jesus Cristo ressuscitado (At 2,36; Fl 2,11 etc.) que Lc lhe atribui desde a vida terrestre, com mais frequência que Mt e Mc (cf. Lc 2,11; 7,13; 10,1.39.41; 11,39 etc.).

Cristo é o Senhor, ele é Deus junto com o Pai (“consubstancial”, cf. Concílio de Niceia em 425), portanto, Maria pode ser chamada “Mãe de Deus” (Concílio de Éfeso em 431; lógico que Maria não é a Mãe do Pai nem do Espírito). As saudações do anjo (v. 28) e de Isabel (v. 42) formam a primeira parte da oração “Ave Maria” e a segunda parte inicia usando o título “Mãe de Deus”.

“Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu” (vv. 44-45). A benção acrescenta a felicitação (“bem-aventurada”), a primeira: de uma série sem fim: a fé é mérito principal: crendo tornou possível o cumprimento. Em contraste com Zacarias (v. 20), Maria é a crente.

Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador” (vv. 46-47). Maria responde com um cântico em estilo de salmo (versos paralelos). Este cântico (vv. 46-55; nossa liturgia só apresentou o início) é chamado “Magnificat” (a primeira palavra em latim: “engrandece”) e inspira-se no cântico de Ana (1Sm 2,1-10) e em muitas outras passagens do AT, antecipando as bem-aventuranças de 6,20-26 (felicidades, venturas). Lc deve ter encontrado esse cântico no ambiente dos pobres onde era talvez atribuída a filha de Sião; julgou conveniente colocá-lo nos lábios de Maria inserindo-o em sua narrativa que é em prosa.

Maria permaneceu provavelmente com Isabel até o nascimento e a circuncisão de João (cf. vv. 56-66).

A IMAGEM MILAGROSA
A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe apareceu de maneira milagrosa no poncho de um índio, em 1531, no México. Até hoje não se sabe como esta imagem "está" no poncho, pois não é pintura, nem bordado, nem qualquer tipo de impressão conhecido. Além disso, o poncho onde está a imagem é feito das fibras de um cacto que, em condições ideais, dura, no máximo, 20 anos. Mas este poncho já tem quase 500 anos e continua intacto, tendo ficado mais de 200 anos exposto no tempo, sem qualquer tipo de proteção. Além disso, os símbolos contidos na imagem são extraordinários e dialogam com toda a humanidade, partindo da cultura Asteca. Vejamos estes símbolos.

A túnica de Nossa Senhora de Guadalupe. A imagem milagrosa de Nossa Senhora de Guadalupe revela que a Virgem Maria se vestiu com uma túnica semelhante às usadas pelas mulheres astecas. Significa que Maria é Mãe também dos astecas e de todos os indígenas. Com este gesto, ela se aproxima e se faz como um deles. Mas a túnica de Nossa Senhora de Guadalupe tem outros símbolos maravilhosos. Vejamos:

As flores na túnica de Nossa Senhora de Guadalupe. A túnica de Nossa Senhora de Guadalupe tem vários outros tipos de flores. Cada flor nasce numa determinada região. Isto significa que Maria é mãe de todos os povos, de todas as regiões e que a mensagem de oração e fé que ela deixou no México é para o mundo inteiro.

O laço de Nossa Senhora de Guadalupe. O laço que Nossa Senhora de Guadalupe tem acima da cintura e abaixo de suas mãos postas era o sinal que as mulheres indígenas usavam para mostrarem que estavam grávidas. Portanto, usando este laço, a Virgem Maria mostra que está grávida.

A flor de quatro pétalas. Logo abaixo do laço e sobre o ventre da Virgem de Guadalupe há uma flor de quatro pétalas. Existem vários tipos de flores representados na túnica. Porém, flor de quatro pétalas é somente esta. Este era um símbolo muito conhecido dos astecas e significa: "O lugar onde Deus habita". Portanto, a Virgem de Guadalupe está grávida e seu ventre é o lugar onde Deus habita. Ela está grávida de um ser divino.

O sol atrás de Nossa Senhora de Guadalupe. Em volta de toda a imagem da Virgem de Guadalupe aparecem raios do sol, dando a entender que o sol, embora não apareça, está atrás dela. O sol, para os astecas, era o símbolo maior da divindade. Portanto, estando grávida de um ser divino, tendo o sol nascente atrás de si, Nossa Senhora diz que seu filho que vai nascer é Deus e que ele é quem, na verdade, iluminará os povos americanos. E Nossa Senhora mostrou este sol divino no dia do solstício de inverno, ou seja, no dia mais curto do ano. A partir deste dia, os dias começam a ser mais longos. Com isso, Nossa Senhora nos diz que a luz do sol, que é seu filho, irá crescer cada vez mais para aquecer e iluminar todos os povos.

A cruz no colarinho de Nossa Senhora de Guadalupe. Com este símbolo, Nossa Senhora define para os americanos que o ser divino que está em seu ventre, que vai nascer e que iluminará os povos, é Jesus Cristo, morto numa cruz e ressuscitado para a salvação de todos.

Os cabelos da Virgem de Guadalupe. Os cabelos soltos sob o véu de Nossa Senhora de Guadalupe têm um simbolismo claríssimo para os astecas: quer dizer que ela é virgem. Este era o adorno característico que todas as virgens astecas usavam. Portanto, Nossa Senhora de Guadalupe é "mãe e virgem", em consonância com toda a Doutrina Católica.

A lua negra debaixo dos pés de Nossa Senhora de Guadalupe
Esta lua negra simbolizava para os astecas todas as forças do mal. Com esta imagem, Nossa Senhora mostra que pisa sobre o mal, graças ao poder que recebe de seu Filho Divino, Jesus Cristo. Os astecas passaram a ser muito mais confiantes depois de verem esta imagem e se converteram aos milhões.

O anjo debaixo da Virgem de Guadalupe. Este anjo é um sinal para os europeus que iniciavam suas conquistas no México. Mostra para eles que se trata da mesma Virgem Maria, Mãe de Deus, que está no céu e que eles veneravam na Europa.

O manto de Nossa Senhora de Guadalupe. O manto de Nossa Senhora de Guadalupe é um capítulo à parte nesta maravilhosa imagem. A cor azul do manto representa o céu e as estrelas nele representadas correspondem exatamente, precisamente, à posição das estrelas e constelações visíveis no céu daquela região no dia da aparição e marcam também o solstício de inverno. Os astecas eram bons conhecedores das estrelas e marcavam suas datas festivas e colheitas pela posição das estrelas. Por isso, quando viram as estrelas no manto da Virgem de Guadalupe, compreenderam imediatamente que aquela mulher vinha do céu, do divino, de Deus.

Os olhos da Virgem de Guadalupe. Ampliações gigantescas dos olhos de Nossa Senhora de Guadalupe feitas no microscópio eletrônico revelaram o momento em que São Juan Diego, o índio que a vira, abre seu manto diante do bispo local. Os olhos da Virgem mostram imagens como se fossem de olhos humanos que estão vendo a cena naquele momento. Assim, é possível ver que quando Juan Diego abriu seu manto, doze pessoas estavam presentes, inclusive o bispo.

As mãos de Nossa Senhora de Guadalupe. As mãos de Nossa Senhora de Guadalupe trazem uma mensagem clara para as Américas. A mão direita é mais escura e representa os indígenas, nativos das Américas. A mão direita é mais clara e representa os brancos vindos da Europa. As duas mãos juntas em sinal de oração simbolizam que brancos e índios devem se unir e rezar, para a paz e o crescimento de todos. Esta é a maravilhosa imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Uma imagem que "fala". Sua mensagem é uma mensagem divina, de vida, de amor, de Deus. Que Deus nos dê a graça de guardarmos esta mensagem em nossas vidas.

Oração a Nossa Senhora de Guadalupe
"Perfeita, sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, por quem se vive. Mãe das Américas! Tu que na verdade és nossa mãe compassiva, te buscamos e te clamamos. Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas. Cura nossas penas, nossas misérias e dores. Tu que és nossa doce e amorosa Mãe, acolhe-nos no aconchego de teu manto, no carinho de teus braços. Que nada nos aflige nem perturbe nosso coração. Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado filho, para que Nele e com Ele encontremos nossa salvação e a salvação do mundo. Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, faz-nos mensageiros teus, mensageiros da vontade e da palavra de Deus. Amem."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO