quarta-feira, 13 de julho de 2022

Quinta-feira da 15ª semana do Tempo Comum

S. Camilo de Lellis, Presbítero

1ª Leitura (Is 26,7-9.12.16-19): O caminho do justo é reto, Vós aplanais o caminho do justo. Pela vereda dos vossos juízos, em Vós esperamos, Senhor: o vosso nome e a vossa lembrança são o desejo da nossa alma. Por Vós suspira a minha alma durante a noite e o meu espírito Vos procura desde a aurora; pois, quando as vossas leis se manifestam ao mundo, os habitantes da terra aprendem a justiça. Vós nos dareis a paz, Senhor, porque sois Vós que realizais tudo o que fazemos. Senhor, na angústia a Vós recorremos; quando nos castigáveis, nós Vos invocámos. Como a mulher que está para ser mãe se contorce e grita com dores, assim estávamos diante de Vós, Senhor. Concebemos e sentimos as dores de parto, mas foi vento que demos à luz. Não trouxemos a salvação à terra, nem nasceram habitantes para o mundo. – Os teus mortos voltarão à vida, os seus cadáveres ressuscitarão. Despertai e cantai de alegria, vós que habitais no pó da terra. Porque o vosso orvalho, Senhor, é orvalho de luz e a terra dará vida aos que dormem nas sombras da morte.

Salmo Responsorial: 101
R. Do alto do Céu, o Senhor olhou para a terra.

Vós, Senhor, permaneceis para sempre, o vosso nome será lembrado de geração em geração. Levantai-Vos e compadecei-Vos de Sião, já é tempo de serdes propício. Os vossos servos têm amor às suas pedras e sentem pena das suas ruínas.

Os povos temerão, Senhor, o vosso nome, todos os reis da terra a vossa glória. Quando o Senhor reconstruir Sião e manifestar a sua glória, atenderá a súplica do infeliz e não desprezará a sua oração.

Escreva-se tudo isto para as gerações vindouras e o povo que se há de formar louvará o Senhor. Debruçou-Se do alto da sua morada, lá do Céu o Senhor olhou para a terra, para ouvir os gemidos dos cativos, para libertar os condenados à morte.

Aleluia. Vinde a Mim, todos vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor. Aleluia.

Evangelho (Mt 11,28-30): Naquele tempo, disse Jesus, «vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve».

«Vinde a mim, todos vós que estais cansados (…) e encontrareis descanso para vós»

P. Julio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)

Hoje, diante um mundo que decidiu lhe dar as costas a Deus, diante um mundo hostil ao cristão e aos cristãos, escutar de Jesus (que é quem nos fala na liturgia ou na leitura pessoal da Palavra), provoca consolo, alegria e esperanças no meio das lutas quotidianas: «Vinde a mim, todos vós que estais cansados (…) e encontrareis descanso para vós» (Mt 11,28).

Consolo, porque estas palavras contêm a promessa do alívio que provém do amor de Deus. Alegria, porque fazem que o coração manifeste na vida, a segurança na fé dessa promessa. Esperanças, porque caminhando, num mundo assim de definido contra Deus e nós os que acreditamos em Cristo sabemos que não tudo acaba com um fim, senão que muitos “fins” foram “inícios” de coisas muito melhores, como o mostrou sua própria ressurreição.

Nosso fim, para começo de novidades no amor de Deus, é estar sempre com Cristo. Nossa meta é ir indefectivelmente ao amor de Cristo, “jugo” de uma lei que não se baseia na limitada capacidade dos voluntarismos humanos, senão na eterna vontade salvadora de Deus.

Nesse sentido nos dirá Bento XVI numa de suas Catequeses: «Deus tem uma vontade com e para conosco e, esta deve se converter no que queremos e somos. A essência do céu estriba em que se cumpra sem reservas a vontade de Deus, ou para dizê-lo em outros termos, onde se cumpre a vontade de Deus há céu. Jesus mesmo é “céu” no sentido mais profundo e verdadeiro da palavra, Nele em quem e através de quem se cumpre totalmente a vontade de Deus. Nossa vontade nos afasta da vontade de Deus e nos transforma em mera “terra”. Mas, Ele nos aceita, nos atrai para Si e, em comunhão com Ele, aprendemos a vontade de Deus» Que assim seja, então.

«Vinde a mim, todos vós que estais cansados»

Ir. Lluís SERRA i Llançana (Roma, Itália)

Hoje, as palavras de Jesus ressoam íntimas e próximas. Somos conscientes que o homem e a mulher contemporâneos sofrem uma enorme pressão psicológica. O mundo gira e dá voltas de tal maneira que não temos tempo nem paz interior suficientes para assimilar estas mudanças. Afastamo-nos frequentemente da simplicidade evangélica e, estamos carregados de normas, compromissos, planejamentos e objetivos. Sentimo-nos abrumados e cansados de lutar sem perceber resultados convincentes. As pesquisas recentes afirmam que a depressão aumenta. O que nos falta para estarmos bem?

Hoje à luz do Evangelho, podemos revisar qual é nossa concepção de Deus. Como vivo e sinto a Deus no meu interior? Que sentimentos me provocam sua presença na minha vida? Jesus oferece sua compreensão quando sentimos o cansaço e temos vontade de repousar: «Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei». (Mt 11,28). Talvez tenhamos lutado para ser perfeitos e no fundo a única coisa que queremos é sentir-nos amados. Em suas palavras encontramos resposta a nossa crise de sentido. Nosso ego joga-nos maus momentos e não nos permite ser tão bons como quiséssemos. Não vemos talvez a luz em determinadas épocas. Santa Juliana de Norwich, mística inglesa do século XIV, entendeu a mensagem de Jesus e escreveu: «Tudo irá bem, todas as coisas irão bem».

A proposta de Jesus —«aprendei de mim» (Mt 11,29)— implica seguir seu estilo de benevolência (querer o bem para todos) e de humildade de coração (virtude que faz referência a tocar de pés a terra e, a que só a Graça Divina nos pode fazer levantar o voo). Ser discípulo exige aceitar o jugo de Jesus, lembrando que seu jugo é «suave» e seu peso é «leve». Mas eu não sei se estamos convencidos que isso é assim. Viver como pessoa cristã em nosso contexto não é fácil, pois optamos por valores contra a corrente. Não se deixar levar pelo dinheiro, pelo prestígio ou pelo poder exige um esforço. Se o queremos fazer sozinhos, se transformará em uma empresa impossível. Com Jesus tudo é possível e suave.

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«A carga de Cristo é tão leve que levanta; não serás oprimido por ela. Pensa que esta carga seja para você como é o peso das assas para as aves; as aves ao ter o peso das assas, se elevam, se perderem elas, ficaram em terra» (Santo Agostinho)

«A mansidão e humildade de Jesus chegam a ser atraentes para quem é chamado a acessar a sua escola:” Aprendam de mim”. Jesus é “o testigo fiel” do amor com o que Deus nutre ao homem» (São João Paulo II)

«Esta insistência inequívoca na indissolubilidade do vínculo matrimonial pôde criar perplexidade e aparecer como uma exigência impraticável. No entanto, Jesus não impôs aos esposos um fardo impossível de levar e pesado demais (cf. Mt 11,29-30), mais pesado que a Lei de Moisés. Tendo vindo restabelecer a ordem original da criação, perturbada pelo pecado, Ele próprio dá a força e a graça de viver o matrimónio na dimensão nova do Reino de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1615)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

O evangelho de hoje tem apenas três versículos (Mt 11,28-30) que fazem parte de uma pequena unidade literária, uma das mais bonitas, na qual Jesus agradece ao Pai por ele revelar a sabedoria do Reino aos pequenos e por escondê-la aos doutores e entendidos (Mt 11,25-30). No breve comentário que segue incluiremos toda a pequena unidade literária.

* Mateus 11,25-26: Só os pequenos entendem e aceitam a Boa Nova do Reino. Jesus faz uma prece: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos”. Os sábios, os doutores daquela época, tinham criado um sistema de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus (Mt 23,3-4). Eles achavam que Deus exigia do povo estas observâncias. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa para salvar-nos, não é o que nós fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! Deus quer misericórdia e não sacrifício (Mt 9,13). O povo pequeno e pobre entendia esta fala de Jesus e ficava alegre. Os sábios diziam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento. Sim, Pai, assim foi do teu agrado!  É do agrado do Pai que os pequenos entendam a mensagem do Reino e que os sábios e entendidos não o entendam! Se eles quiserem entendê-lo deverão fazer-se alunos dos pequenos! Este modo de pensar e ensinar subverte a convivência e incomoda.

* Mateus 11,27: A origem da nova Lei: o Filho conhece o Pai. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o entregou a Jesus, e Jesus o revela aos pequenos, porque estes se abrem para a sua mensagem. Jesus, o Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai nos queria comunicar quando, séculos atrás, entregou sua Lei a Moisés. Hoje também, Jesus está ensinando muita coisa aos pobres e pequenos e, através deles, à toda a sua Igreja.

* Mateus 11,28-30: O convite de Jesus que vale até hoje. Jesus convida a todos  que estão cansados para vir até ele, e lhes promete descanso. Nós, das comunidades de hoje, deveríamos ser a continuação deste mesmo convite que Jesus dirigia ao povo cansado e oprimido debaixo do peso das observâncias exigidas pelas leis de pureza. Ele dizia: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado “os sábios e entendidos”, os professores de religião da época, e comece a aprender dele, de Jesus, um camponês do interior da Galileia, sem instrução superior, que se diz "manso e humilde de coração". Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabia por experiência o que se passava no coração do povo e o que o povo sofria. Ele o viveu e conheceu de perto durante os trinta anos em Nazaré.

* O jeito de Jesus praticar o que ensinou no Sermão da Missão. Uma paixão se revela no jeito de Jesus anunciar a Boa Nova do Reino. Paixão pelo Pai e pelo povo pobre e abandonado da sua terra. Onde encontrava gente para escutá-lo, Jesus transmitia a Boa Nova. Em qualquer lugar. Nas sinagogas durante a celebração da Palavra (Mt 4,23). Nas casas de amigos (Mt 13,36). Andando pelo caminho com os discípulos (Mt 12,1-8). Ao longo do mar, à beira da praia, sentado num barco (Mt 13,1-3). Na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1). Nas praças das aldeias e cidades, onde o povo carregava seus doentes (Mt 14,34-36). Mesmo no Templo  de Jerusalém, durante as romarias (Mt 26,55)! Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era e continua sendo uma amostra viva do Reino. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua vida. O evangelho de hoje revela a ternura com que Jesus acolhia os pequenos. Ele queria que eles encontrassem descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pequenos e excluídos, Jesus foi criticado e perseguido. Sofreu muito! O mesmo acontece hoje. Quando uma comunidade se abre e procura ser um lugar de acolhida e consolo, de descanso e paz também para os pequenos e excluídos de hoje que os estrangeiros e imigrantes, muitas pessoas reclamam e criticam.

Para um confronto pessoal
1) Você já experimentou alguma vez o descanse que Jesus prometeu?

2) Como as palavras de Jesus podem ajudar a nossa comunidade a ser um lugar de descanso para as nossas vidas?

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