segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Quarta-feira da 5ª semana do Tempo Comum

 Sta. Apolônia, virgem e mártir
S João da Mata, presbítero

1ª Leitura (1Re 10,1-10): Naqueles dias, a rainha de Sabá ouviu falar na fama de Salomão e veio experimentá-lo com enigmas. Entrou em Jerusalém com um numeroso séquito, camelos carregados de perfumes, grande quantidade de ouro e pedras preciosas. Ao chegar à presença de Salomão, expôs-lhe tudo o que tinha na mente. Salomão respondeu a todas as suas perguntas e não houve nada de obscuro que o rei não pudesse esclarecer. Vendo a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, o palácio por ele construído e as provisões da sua mesa, as instalações dos seus oficiais, o serviço e as vestes do seu pessoal, os seus copeiros e os holocaustos que oferecia no templo do Senhor, ficou maravilhada e disse ao rei: «Realmente era verdade o que ouvi dizer no meu país acerca de ti e da tua sabedoria. Eu não quis acreditar no que diziam, antes de vir e ver com os meus olhos; mas de facto nem sequer me tinham dito a metade. Tu excedes em sabedoria e opulência a fama que chegara aos meus ouvidos. Felizes os teus vassalos, felizes os teus servos, que estão sempre diante de ti e ouvem a tua sabedoria! Bendito seja o Senhor, teu Deus, que te manifestou a sua benevolência, colocando-te no trono de Israel! É pelo eterno amor que dedica a Israel que o Senhor te fez reinar, para exerceres o direito e a justiça». Por fim, ela deu ao rei cento e vinte talentos de ouro, abundantíssimos perfumes e pedras preciosas. Nunca se viram tantos perfumes como os que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.

Salmo Responsorial: 36

R. A boca do justo proclama a sabedoria.

Confia ao Senhor o teu destino e tem confiança, que Ele atuará. Fará brilhar a tua luz como a justiça e como o sol do meio-dia os teus direitos.

A boca do justo profere a sabedoria e a sua língua proclama a justiça. A lei de Deus está no seu coração e não vacila nos seus passos.

A salvação dos justos vem do Senhor, Ele é o seu refúgio no tempo da tribulação. O Senhor os ajuda e defende, porque n’Ele procuraram refúgio.

Aleluia. A vossa palavra, Senhor, é a verdade: consagrai-nos na verdade. Aleluia.

Evangelho (Mc 7,14-23): Chamando outra vez a multidão, dizia: «Escutai-me, vós todos, e compreendei! Nada que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da pessoa é que a torna impura». Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe faziam perguntas sobre essa parábola. Ele lhes disse: «Também vós não entendeis? Não compreendeis que nada que de fora entra na pessoa a torna impura, porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a fossa?». Assim, ele declarava puro todo alimento. E acrescentou: «O que sai da pessoa é que a torna impura. Pois é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades; fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro, e são elas que tornam alguém impuro».

«Nada que de fora entra na pessoa a torna impura»

Rev. D. Norbert ESTARRIOL i Seseras (Lleida, Espanha)

Hoje Jesus nos ensina que tudo o que Deus tem feito é bom. Pode ser que, nossa intenção não reta seja a que contamine o que fazemos. Por isso, Jesus Cristo diz: «o que vem de fora e entra numa pessoa, não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura» (Mc 7,15). A experiência da ofensa a Deus é uma realidade. E com facilidade o cristão descobre essa marca profunda do mal e vê um mundo escravizado pelo pecado. A missão que Jesus nos encarrega é limpar —com ajuda de sua graça— todas as contaminações que as más intenções dos homens introduziram neste este mundo.

O Senhor nos pede que toda nossa atividade humana esteja bem realizada: espera que nela ponhamos intensidade, ordem, ciência, competência, preocupação de perfeição, não buscando outro alvo e sim restaurar o plano criador de Deus, que fez o melhor para o bom proveito do homem: «Pureza de intenção. —A terás, se, sempre e em tudo, só buscais agradar a Deus» (São Josemaria).

Só nossa vontade pode estragar o plano divino e, é necessário vigiar para que não seja assim. Muitas vezes se metem a vaidade, o amor próprio, os desânimos por falta de fé, a impaciência por não conseguir os resultados esperados, etc. Por isso, nos advertia São Gregório Magno: «Não nos seduza nenhuma prosperidade aduladora, porque é um viajante teimoso aquele que para no caminho a contemplar as paisagens a menos que ele se esqueça do ponto ao que se dirige».

É conveniente, portanto, estar atentos no oferecimento de obras, manterem a presença de Deus e considerar frequentemente a filiação divina, de maneira que todo nosso dia —com oração e trabalho— tome sua força e comece no Senhor, e que tudo o que começamos por Ele chegue a seu fim.

Podemos fazer grandes coisas se notamos que cada um de nossos atos humanos é corredentor quando está unido aos atos de Cristo.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Não nos deixemos seduzir por nenhuma prosperidade lisonjeira, porque é um viajante teimoso quem pára no caminho para contemplar as paisagens agradáveis e se esquece para onde vai» (São Gregório Magno)

«É no coração humano que se desenvolve o enredo mais íntimo e, em certo sentido, o mais essencial da história» (São João Paulo II)

«O coração é a morada onde estou, onde habito (...). É a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. É o lugar do encontro, já que, à imagem de Deus, vivemos em relação [com Ele]: é o lugar da Aliança» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.563)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O Evangelho de hoje é a continuação do assunto que meditamos ontem. Jesus ajuda o povo e os discípulos a entender melhor o significado da pureza diante de Deus. Desde séculos, os judeus, para não contrair impureza, observavam muitas normas e costumes relacionados com comida, bebida, roupa, higiene do corpo, lavagem de copos, contato com pessoas de outra religião e raça, etc (Mc 7,3-4). Eles eram proibidos de entrar em contato com os pagãos e de comer com eles. Nos anos 70, época de Marcos, alguns judeus convertidos diziam: “Agora que somos cristãos temos que abandonar estes costumes antigos que nos separam dos pagãos convertidos!” Mas outros achavam que deviam continuar na observância destas leis da pureza (cf Col 2,16.20-22). A atitude de Jesus, descrita no evangelho de hoje, ajudava-os a superar o problema.

* Marcos 7,14-16: Jesus abre um novo caminho para o povo se aproximar de Deus - Ele diz para a multidão: “Não há nada no exterior do ser humano que, entrando nele, possa torná-lo impuro!” (Mc 7,15). Jesus inverte as coisas: o impuro não vem de fora para dentro, como ensinavam os doutores da lei, mas sim de dentro para fora. Deste modo, ninguém mais precisa se perguntar se esta ou aquela comida ou a bebida é pura ou impura. Jesus coloca o puro e o impuro num outro nível, no nível do comportamento ético. Ele abre um novo caminho para chegar até Deus e, assim, realiza o desejo mais profundo do povo.

* Marcos 7,17-23: Em casa, os discípulos pedem explicação - Os discípulos não entenderam bem o que Jesus queria dizer com aquela afirmação. Quando chegaram em casa pediram uma explicação. Jesus estranhou a pergunta dos discípulos. Pensava que eles tivessem entendido a parábola. Na explicação aos discípulos ele vai até ao fundo da questão da pureza. Declara puros todos os alimentos! Ou seja, nenhum alimento que de fora entra no ser humano pode torná-lo impuro, pois não vai até o coração, mas vai para o estômago e acaba na fossa. Mas o que torna impuro, diz Jesus, é aquilo que de dentro do coração sai para envenenar o relacionamento humano. E ele enumera: prostituição, roubo, assassinato, adultério, ambição, etc. Assim, de muitas maneiras, pela palavra, pelo toque e pela convivência, Jesus foi ajudando as pessoas a ver e obter a pureza de outra maneira. Pela palavra, purificava os leprosos (Mc 1,40-44), expulsava os espírito impuros (Mc 1,26.39; 3,15.22 etc), e vencia a morte que era a fonte de toda a impureza. Pelo toque em Jesus, a mulher excluída como impura ficou curada (Mc 5,25-34). Sem medo de contaminação, Jesus comia junto com as pessoas consideradas impuras (Mc 2,15-17).

* As leis da pureza no tempo de Jesus - O povo daquela época tinha uma grande preocupação com a pureza. A lei e as normas da pureza indicavam as condições necessárias para alguém poder comparecer diante de Deus e se sentir bem na presença dele. Não se podia comparecer diante de Deus de qualquer jeito. Pois Deus é Santo. A Lei dizia: “Sede santos, porque eu sou santo!” (Lv 19,2). Quem não era puro não podia chegar perto de Deus para receber dele a bênção prometida a Abraão. A lei do puro e do impuro (Lv 11 a 16) foi escrita depois do cativeiro da Babilônia, cerca de 800 anos depois do Êxodo, mas tinha suas raízes na mentalidade e nos costumes antigos do povo da Bíblia. Uma visão religiosa e mítica do mundo levava o povo a apreciar as coisas, as pessoas e os animais, a partir da categoria da pureza (Gn 7,2; Dt 14,13-21; Nm 12,10-15; Dt 24,8-9).

No contexto da dominação persa, séculos V e IV antes de Cristo, diante da dificuldade para reconstruir o templo de Jerusalém e para a própria sobrevivência do clero, os sacerdotes que estavam no governo do povo da Bíblia ampliaram as leis da pureza e a obrigação de oferecer sacrifícios de purificação pelo pecado. Assim, depois do parto (Lv 12,1-8), da menstruação (Lv 15,19-24) ou da cura de uma hemorragia (Lv 15,25-30), as mulheres tinham que oferecer sacrifícios para recuperar a pureza. Pessoas leprosas (Lv 13) ou que entravam em contato com coisas e animais impuros (Lv 5,1-13) também deviam oferecer sacrifícios. Uma parte destas oferendas ficava para os sacerdotes (Lv 5,13).

No tempo de Jesus, tocar em leproso, comer com publicano, comer sem lavar as mãos, e tantas outras atividades, etc.: tudo isso tornava a pessoa impura, e qualquer contato com esta pessoa contaminava os outros. Por isso, as pessoas “impuras” deviam ser evitadas. O povo vivia acuado, sempre ameaçado pelas tantas coisas impuras que ameaçavam sua vida. Era obrigado a viver desconfiado de tudo e de todos. Agora, de repente, tudo mudou! Através da fé em Jesus, era possível conseguir a pureza e sentir-se bem diante de Deus sem que fosse necessário observar todas aquelas leis e normas da “Tradição dos Antigos”. Foi uma libertação! A Boa Nova anunciada por Jesus tirou o povo da defensiva, do medo, e lhe devolveu a vontade de viver, a alegria de ser filho e filha de Deus, sem medo de ser feliz!

Para um confronto pessoal

1. Na sua vida há costumes que você considera sagrados e outros que considera não sagrados? Quais? Por que?

2. Em nome da Tradição dos Antigos os fariseus esqueciam o Mandamento de Deus. Isto acontece hoje? Onde e quando? Também na minha vida?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO