domingo, 26 de setembro de 2021

Terça-feira da 26ª semana do Tempo Comum

 São Venceslau, mártir
João Paulo I, Papa

1ª Leitura (Zac 8,20-23): Assim fala o Senhor do Universo: Virão de novo a Jerusalém povos e habitantes de grandes cidades. Os habitantes de uma cidade irão dizer aos habitantes da outra: «Vamos implorar a benevolência do Senhor, vamos procurar o Senhor do Universo. Eu também irei». Virão muitos povos e nações poderosas procurar em Jerusalém o Senhor do Universo, implorar a benevolência do Senhor. Assim fala o Senhor do Universo: Naqueles dias, dez homens de todas as línguas faladas entre as nações agarrarão um judeu pela orla do manto, dizendo: «Queremos ir na vossa companhia, porque ouvimos dizer que Deus está convosco».

Salmo Responsorial: 86

R. O Senhor está conosco.

O Senhor ama a cidade, por Ele fundada sobre os montes santos; ama as portas de Sião mais que todas as moradas de Jacob. Grandes coisas se dizem de ti, ó cidade de Deus.

Contarei o Egito e a Babilónia entre os meus adoradores; a Filisteia, Tiro e a Etiópia, uns e outros ali nasceram. E dir-se-á em Sião: «Todos lá nasceram, o próprio Altíssimo a consolidou».

O Senhor escreverá no registo dos povos: «Este nasceu em Sião». E irão dançando e cantando: «Todas as minhas fontes estão em ti».

Aleluia. O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção dos homens. Aleluia.

Evangelho (Lc 9,51-56): Quando ia se completando o tempo para ser elevado ao céu, Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém. Enviou então mensageiros à sua frente, que se puseram a caminho e entraram num povoado de samaritanos, para lhe preparar hospedagem. Mas os samaritanos não o queriam receber, porque mostrava estar indo para Jerusalém. Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu, para que os destrua?». Ele, porém, voltou-se e os repreendeu. E partiram para outro povoado».

«Voltou-se e os repreendeu»

Rev. D. Jordi POU i Sabater (Sant Jordi Desvalls, Girona, Espanha)

Hoje no Evangelho contemplamos como «Tiago e João disseram: ‘Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu, para que os destrua?’. Ele, porém, voltou-se e os repreendeu. E partirem para outro povoado» (Lc 9,54-55). São defeitos dos Apóstolos, que o Senhor corrige.

Conta a história de um homem que transportava água da Índia, carregava dois cântaros um a cada lado pendurado no extremo de um pau que se apoiava em seus ombros: Um era perfeito, e o outro tinha uma rachadura e perdia água. Este –triste- observava o outro tão perfeito e com vergonha e sentindo-se miserável, disse um dia ao seu amo: sinto muito, que por causa do meu defeito perca metade do meu conteúdo. Ele lhe respondeu: Quando voltarmos para casa repara nas flores que crescem no lado do caminho. E reparou: eram belíssimas flores, mas vendo que continuava a perder água, repetiu: Não sirvo, faço tudo mal. O senhor lhe respondeu: —reparaste que as flores só crescem no teu lado do caminho? Isto porque eu sempre soube que em ti havia uma rachadura, então plantei sementes do teu lado e a cada dia que fazia este trajeto tu regavas as sementes e assim pude recolher estas flores para o altar da Virgem Maria. Sem ti e a tua maneira de ser, não seria possível esta beleza.

Todos, de alguma maneira somos cântaros rachados, mas Deus conhece bem os seus filhos e dá-nos a possibilidade de aproveitar as rachaduras-defeitos para alguma coisa boa. Assim o apóstolo João —que hoje quere destruir—, com a correção do Senhor converte-se no apóstolo do amor nas suas cartas. Não se desanimou com as correções, senão que aproveitou o lado positivo do seu caráter impulsivo —a paixão— para o serviço do amor. Que nós, também sejamos capazes de aproveitar as correções, as contrariedades —sofrimento, fracasso, limitações— para “começar e recomeçar”, tal como São Josemaria definia a santidade: dóceis ao Espírito Santo para convertermos a Deus e sermos seus instrumentos.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje conta como Jesus decide ir para Jerusalém. Descreve também as primeiras dificuldades que ele encontra nesta caminhada. Traz o começo da longa e dura caminhada da periferia para a capital. Jesus deixa a Galileia e segue para Jerusalém. Nem todos o compreendem. Muitos o abandonam, pois as exigências são grandes. Hoje acontece o mesmo. Na caminhada das nossas comunidades também há incompreensão e abandono.

* “Jesus decide ir para Jerusalém”. Esta decisão vai marcar a longa e dura viagem de Jesus desde a Galileia até Jerusalém, da periferia até a capital. Esta viagem ocupa mais de uma terça parte de todo o evangelho de Lucas (Lc 9,51 até 19,28). Sinal de que a caminhada até Jerusalém teve uma importância muito grande na vida de Jesus. A longa caminhada simboliza, ao mesmo tempo, a viagem que as comunidades estavam fazendo. Elas procuravam realizar a difícil passagem do mundo judeu para o mundo da cultura grega. Simbolizava também a tensão entre o Novo que continuava avançando e o Antigo que se fechava cada vez mais. E simboliza, ainda, a conversão que cada um de nós tem que fazer, procurando seguir Jesus. Durante a viagem, os discípulos e as discípulas tentam seguir Jesus, sem voltar atrás. Nem sempre o conseguem. Jesus dedica muito tempo à instrução dos que o seguem de perto. Um exemplo concreto desta instrução temos no evangelho de hoje. Logo no início da viagem, Jesus sai da Galileia e leva seus discípulos para dentro do território dos samaritanos. Ele procura formá-los para que possam entender a abertura para o Novo, para o “outro”, o diferente.

* Lucas 9,51: Jesus decide ir para Jerusalém. O texto grego diz literalmente: "Quando se completaram os dias da sua assunção (ou arrebatamento), Jesus firmou o seu rosto para ir a Jerusalém”. A expressão assunção ou arrebatamento evoca o profeta Elias que foi arrebatado ao céu (2 Rs 2,9-11). A expressão firmar o rosto evoca o Servo de Javé que dizia: “Faço meu rosto duro como pedra, certo de não ser enganado” (Is 50,7). Evoca ainda uma ordem que o profeta Ezequiel recebeu de Deus: "Fixa a teu rosto contra Jerusalém!" (Ez 21,7). Usando tais expressões, Lucas sugere que, com a caminhada em direção a Jerusalém, começa uma oposição mais declarada de Jesus contra o projeto da ideologia oficial do Templo de Jerusalém. A ideologia do Templo queria um Messias glorioso e nacionalista. Jesus quer ser o Messias-Servo. Durante a longa viagem, esta oposição vai crescer e, no fim, vai terminar no arrebatamento ou na assunção de Jesus. A assunção de Jesus é a sua morte na Cruz, seguida da ressurreição.

2. Lucas 9,52-53: Fracassa a missão na Samaria. Durante a viagem, o horizonte da missão se alarga. Logo no início, Jesus ultrapassa as fronteiras do território e da raça. Ele manda seus discípulos preparar a sua vinda numa aldeia da Samaria. Mas a missão junto dos samaritanos fracassou. Lucas diz que os samaritanos não receberam Jesus porque ele estava indo para Jerusalém. Porém, se os discípulos tivessem dito aos samaritanos: “Jesus está indo para Jerusalém para criticar o projeto do Templo e para exigir maior abertura”, Jesus teria sido aceito, pois os samaritanos eram da mesma opinião. O fracasso da missão deve-se, provavelmente, aos discípulos. Eles não entenderam por que Jesus “firmou a cara contra Jerusalém”. A propaganda oficial do Messias glorioso e nacionalista impedia-os de enxergar. Os discípulos não entenderam a abertura de Jesus, e a missão fracassou!

3. Lucas 9,54-55: Jesus recusa o pedido de vingança. Tiago e João não querem levar desaforo para casa. Não aceitam que alguém não concorde com a ideia deles. Querem imitar Elias e usar o fogo para se vingar (2 Rs 1,10). Jesus recusa a proposta. Não quer o fogo. Certas Bíblias acrescentam: "Vocês não sabem de que espírito são movidos!" Significa que a reação dos dois discípulos não era do Espírito de Deus. Quando Pedro sugeriu a Jesus para não seguir pelo caminho do Messias Servo, Jesus chamou Pedro de Satanás (Mc 8,33). Satanás é o mau espírito que quer mudar o rumo da missão de Jesus. Recado de Lucas para as comunidades: os que querem impedir a missão junto dos pagãos são movidos pelo mau espírito!

* Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc 9,51.53.57; 10,1.38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28). Raramente, porém, ele diz por onde Jesus passava. Só aqui no começo da viagem (Lc 9,51), no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), você fica sabendo algo a respeito do lugar por onde Jesus estava passando. Isto vale para as comunidades de Lucas e para todos nós. O que é certo é que devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre, porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo: Jerusalém.

Para um confronto pessoal

1) Quais os problemas que já apareceram em sua vida como consequência da decisão que você tomou de seguir Jesus?

2) O que aprendemos da pedagogia de Jesus com seus discípulos que queriam vingar-se dos samaritanos?

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