quinta-feira, 30 de setembro de 2021

2 de outubro: Santos Anjos da Guarda


1ª Leitura (Bar 4,5-12.27-29): Tem coragem, meu povo, memorial de Israel. Fostes vendidos às nações, mas não para vossa ruína. Por terdes provocado a ira de Deus, fostes entregues aos vossos inimigos, pois irritastes Aquele que vos criou, oferecendo sacrifícios aos demónios e não a Deus. Esquecestes Aquele que vos sustentou, o Deus eterno, e contristastes também aquela que vos alimentou, Jerusalém. Ao ver cair sobre vós a ira de Deus, ela disse: «Ouvi, cidades vizinhas de Sião, Deus infligiu-me um grande sofrimento, pois vi o cativeiro dos meus filhos e filhas, que o Eterno fez cair sobre eles. Eu tinha-os alimentado com alegria, mas vi-os partir com pranto e aflição. Ninguém se alegre por causa de mim, vendo-me viúva e abandonada. Fiquei só, por causa dos pecados de meus filhos, porque se desviaram da Lei de Deus. Tende coragem, meus filhos, e clamai a Deus, pois Aquele que vos castigou lembrar-se-á de vós. Assim como tivestes o pensamento de abandonar a Deus, agora voltai para Ele e empenhai-vos dez vezes mais em procurá-lo. Pois Aquele que vos infligiu estes males fará vir sobre vós a eterna alegria, juntamente com a vossa salvação».

Salmo Responsorial: 68

R. O Senhor escuta o clamor dos pobres.

Vós, humildes, olhai e alegrai-vos, buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará. O Senhor ouve os pobres e não despreza os cativos. Louvem-no o céu e a terra, os mares e quanto neles se move.

Deus protegerá Sião, reconstruirá as cidades de Judá; e hão de voltar a ocupá-la os cativos. Os seus servos a receberão em herança e nela hão de morar os que amam o seu nome.

Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.

Evangelho (Lc 10,17-24): Naquele tempo, os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus». Naquele mesma hora, Ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». E voltando—se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

«Ele exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Hoje, o evangelista Lucas nos narra o fato que dá lugar ao agradecimento de Jesus para com seu Pai pelos benefícios que tem outorgado à Humanidade. Agradece a revelação concedida aos humildes de coração, aos pequenos no Reino. Jesus mostra sua alegria ao ver que estes admitem, entendem e praticam o que Deus dá a conhecer por meio Dele. Em outras ocasiões, no seu diálogo íntimo com o Pai, também lhe agradecerá porque sempre o escuta. Elogia ao samaritano leproso que, uma vez curado de sua doença -junto com outros nove- retorna ele só, onde está Jesus para lhe agradecer o benefício recebido.

Escreve Santo Agostinho: «Podemos levar algo melhor no coração, pronunciá-lo com a boca, escrevê-lo com uma pena, que estas palavras: Graças a Deus. Não há nada que se possa dizer com maior brevidade, nem escutar com maior alegria, nem sentir-se com maior elevação, nem fazer com maior utilidade». Assim devemos agir sempre com Deus e com o próximo, inclusive pelos dons que desconhecemos, como escreveu São Josemaria Escrivá. Gratidão para com os pais, os amigos, os professores, os companheiros. Para com todos os que nos ajudem, nos estimulem, nos sirvam. Gratidão também, como é lógico, com nossa Mãe, a Igreja.

A gratidão não é uma virtude muito usada ou frequente, no entanto, é uma das que se experimentam com maior beneplácito. Devemos reconhecer que, às vezes, não é fácil vive-la. Santa Teresa afirmava: «Tenho uma condição tão agradecida que me subornariam com uma sardinha». Os santos têm agido sempre assim. E o têm feito de três maneiras diferentes, como indicava Santo Tomás de Aquino: primeiro, com o reconhecimento interior dos benefícios recebidos; segundo, louvando externamente a Deus com a palavra; e, terceiro, procurando recompensar ao bem feitor com obras, segundo as próprias possibilidades.

Reflexão

Contexto. Anteriormente Jesus tinha enviado os 72 discípulos, agora eles voltam e contam como foi a experiência. Pode-se observar que o sucesso da missão é devido à superioridade ou supremacia do nome de Jesus, em vez de os poderes do mal. A derrota de Satanás coincide com a chegada do Reino: os discípulos tinham visto isso em sua missão. As forças demoníacas tinham sido enfraquecidas: os demônios tinham se submetidos ao poder do nome de Jesus.

Essa convicção não pode basear a alegria e o entusiasmo do seu testemunho missionário; a alegria tem a sua raiz última em ser conhecidos e amados por Deus. Isto não significa dizer que o ser protegidos por Deus e o relacionamento com Ele sempre nos coloca em uma posição de vantagem diante das forças demoníacas. Aqui entra a mediação de Jesus entre Deus e nós: "Eis que eu vos dei o poder" (v. 19). O poder de Jesus é um poder que nos permite experimentar o sucesso contra o poder demoníaco e nos protege. Um poder que só pode ser transmitido quando Satanás é derrotado. Jesus assistiu a queda de Satanás, mesmo se ainda não está definitivamente derrotado; para frustrar esse poder de Satanás na terra são chamados os cristãos. Esses estão confiantes da vitória, apesar do fato de que eles vivem em uma situação crítica: participam da vitória na comunhão de amor com Cristo mesmo sendo provados pelo sofrimento e morte. No entanto, o motivo da alegria, não está na certeza de escapar ilesos, mas ser amados por Deus. A expressão de Jesus "seus nomes estão escritos nos céus" testemunha que o estar presente no coração de Deus (a memória) garante a continuidade de nossas vidas na dimensão da eternidade. O sucesso da missão dos discípulos é uma consequência da derrota de Satanás, agora, mostra a benevolência do Pai (vv. 21-22): o sucesso da Palavra de Graça na missão dos setenta e dois, vivida como plano do Pai e na comunhão da ressurreição do Filho, a partir de agora, é a demonstração da benevolência do Pai; a missão torna-se um espaço para a revelação da vontade de Deus no tempo humano. Esta experiência é transmitida por Lucas num contexto de oração: mostra de uma parte a reação no céu ("Eu vou dar graças", v. 21) e de outra aquela sobre a terra (vv. 23-24).

A oração de alegria. Na oração que Jesus dirigiu ao Pai, sob a ação do Espírito, diz-se, que "exulta," exprime a abertura da alegria messiânica e proclama a benevolência do Pai. Torna-se evidente nos pequenos, nos pobres e naqueles que não contam para nada, porque acolheram a palavra transmitida pelos enviados e por isso entram na relação entre as pessoas divinas da Trindade. Em vez disso, os sábios e os doutos, por causa da sua segurança se alegram devido à sua competência intelectual e teológica. Mas esta atitude impede-os de entrar na dinâmica da salvação dada por Jesus. O ensinando que Lucas pretende transmitir aos crentes individualmente, mas também às comunidades eclesiais, podem ser da seguinte forma sintetizado: a humildade abre para a fé; a suficiência das próprias seguranças fecha ao perdão, à luz, à benevolência de Deus. A oração de Jesus tem seus efeitos sobre todos aqueles que se deixam ser envolvidos pela benevolência do Pai.

Para um confronto pessoal

1. A missão de levar a vida de Deus para o outro envolve um estilo de vida pobre e humilde. A sua vida é perpassada pela vida de Deus, pela Palavra da graça que vem de Jesus?

2. Tenho confiança no chamado de Deus e no seu poder, que precisa ser expressa através da simplicidade, da pobreza e da humildade?

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