quinta-feira, 12 de agosto de 2021

VIGÍLIA DA ASSUNÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

1ª Leitura (1 Cro 15, 3-4.15-16 16, 1-2):  Naqueles dias, David reuniu em Jerusalém todo o povo de Israel, a fim de trasladar a arca do Senhor para o lugar que lhe tinha preparado. Convocou também os descendentes de Aarão e os levitas. Os levitas transportaram então a arca de Deus, por meio de varas que levavam aos ombros, conforme tinha ordenado Moisés, segundo a palavra do Senhor. David ordenou aos chefes dos levitas que dispusessem os seus irmãos cantores, para que, acompanhados por instrumentos de música – cítaras, harpas e címbalos – entoassem as suas alegres melodias. Assim trasladaram a arca de Deus e colocaram-na no meio da tenda que David mandara levantar para ela. Depois ofereceram, diante de Deus, holocaustos e sacrifícios de comunhão. Quando David acabou de oferecer os holocaustos e os sacrifícios de comunhão, abençoou o povo em nome do Senhor.

Salmo Responsorial Sl 131 (132), 6-7.9-10.13-14 (R. 8)

R: Levantai-Vos, Senhor, e entrai no Vosso repouso, Vós e a Arca da vossa majestade.

Ouvimos dizer que a Arca estava em Éfrata, nós a encontrámos nas campinas de Jaar. * Entremos no santuário do Senhor, prostremo-nos a Seus pés.

Revistam-se de justiça os Vossos sacerdotes, exultem de alegria os Vossos fiéis. * Por amor de David, Vosso servo, não afasteis o rosto do Vosso Ungido.

O Senhor escolheu Sião, preferiu-a para Sua morada. * «É este para sempre o lugar do Meu repouso, aqui habitarei, pois o escolhi».

2ª Leitura (1 Cor 15, 54b-57) - Irmãos: Quando este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá esta vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo.

S. Paulo, na primeira carta aos fiéis de Corinto, proclama a fé na ressurreição de todos nós, se nos esforçarmos por seguir os passos de Cristo.

Deus concedeu-nos a vitória sobre a morte e Maria foi a primeira, depois de Jesus e por privilégio singular, a receber esta graça.

«O aguilhão do pedado é a morte». S. Paulo apresenta a morte personificada, a picar com o ferrão, isto é, a exercer o seu domínio sobre a humanidade: ao sermos feridos pelo pecado, morremos. Como se vê, isto está dito de modo figurado. «A força do pecado é a Lei». A Lei de Moisés, ao tornar mais patentes as obrigações, sem conceder a força para fazer o bem, dava força ao pecado, isto é, tornava-se ocasião de pecado (cf. Rom 7, 7-8).

«A vitória por N. S. J. Cristo»: Jesus, dando pleno cumprimento à Lei antiga, que exigia a morte do pecador, não só venceu a morte com a sua própria morte, como também arrebatou à morte o seu poder mortífero – «o aguilhão» –, isto é, o pecado, que feria a humanidade e a submetia à morte.

Aleluia. Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Aleluia.

Evangelho (Lc 11, 27-28): Naquele tempo, enquanto Jesus falava à multidão, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». 28Mas Jesus respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».

 «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito»

Quando Jesus nos quis explicar a verdadeira grandeza de Maria, falou-nos da sua generosidade em acolher a Palavra de Deus e em procurar levar as suas exigências à vida de cada dia.

Com este episódio começa a ter efetivação a previsão de Maria: todas as gerações me hão de chamar bem-aventurada (Lc 1, 48).

Jesus não contradiz o belo elogio dirigido a sua Mãe, mas aproveita a ocasião para fazer ver que o que importa aos seus ouvintes não são os laços de sangue, mas que ouçam e cumpram a Palavra de Deus. Pode ver-se aqui um elogio que Jesus faz ao fiat («faça-se») de Maria (cf. Lc 1, 38).

– A Assunção gloriosa de Maria, figurada no Antigo Testamento

«Finalmente, a Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da sua vida terrena, foi levada à glória celeste em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para que se parecesse mais com o seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Ap. 19, 16) e vencedor do pecado e da morte»1

Maria foi elevada gloriosamente ao Céu em corpo e alma. É uma verdade de fé que nos aparece simbolizada, em figura, num facto do Antigo Testamento.

A Assunção gloriosa de Maria, figurada no Antigo Testamento

Maria, Arca da Nova Aliança. «David reuniu em Jerusalém todo o povo de Israel a fim de transportar a Arca do Senhor para o lugar que lhe tinha preparado». A Arca do Antigo testamento foi construída segundo as indicações dadas pelo Senhor a Moisés.

Transportava as Tábuas da Lei recebidas no Sinai, um pouco de maná e outros objetos ligados à história do Povo de Deus. Sobre ela brilhava a glória do Senhor e era a presença sensível de Yhaveh no meio do Seu Povo.

Maria Imaculada é a Arca da Nova Aliança. É a obra mais perfeita que Deus criou: Comporta toda a perfeição possível a uma criatura e foi ornada de privilégios singulares, em atenção a ter sido eleita para Mãe do Redentor.

Transportou em seu seio virginal, durante nove meses, o Filho de Deus – o Verbo Incarnado – no meio do Seu Povo.

Guardou generosamente em seu Coração a Palavra de Deus, para a meditar e transformar em vida.

Como poderia, então, o Senhor permitir que esta Arca santíssima fosse entregue à corrupção e voragem do túmulo?

Entrou no Céu glorificada no Céu. «David mandou aos chefes dos Levitas que fizessem estar a postos os seus irmãos cantores, com os instrumentos de música – alaúdes, harpas e címbalos – para que entoassem bem alto as suas alegres melodias».

A nossa imaginação limitada tenta reconstituir esse acolhimento glorioso de Maria em Corpo e Alma.

A comunhão com a Santíssima Trindade em que vivera na terra – Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa de Deus Espírito Santo – torna-se agora ainda mais intensa, porque cederam para sempre as barreias levantadas pelos sentidos na vida terrena: Acolhem-na com a maior alegria S. José, seu esposo virginal, os Anjos, os Patriarcas e os justos de todos os tempos.

Vivemos hoje esta mesma alegria e comunhão, com a Igreja Universal – triunfante, padecente e militante, por esta Celebração da Eucaristia.

Preparemo-nos para ir ao seu encontro. «Depois, ofereceram diante de Deus holocaustos e sacrifícios de paz.»

A verdadeira devoção a Nossa Senhora exterioriza-se pelas nossas flores e Cânticos, mas vivemo-la quando procuramos imitá-la, seguir o caminho que Ela seguiu, caminhando ao seu encontro.

Aclamamo-la como cheia de graça. Procuremos viver na graça santificante e alimentar esta vida divina com os Sacramentos.

Invocamo-la como Virgem fidelíssima. A nossa fidelidade à vocação baptismal, concretizada, depois, na vocação pessoal, é uma consequência da nossa devoção mariana.

Não podemos evitar a corrupção do túmulo, mas podemos lutar por nos mantermos afastados do contágio da corrupção moral. Nas horas mais difíceis, lembremo-nos de Ela espera por nós.

O caminho da glorificação de Maria

São muitas as pessoas que procuram cantar as glórias de Nossa Senhora. Cumpre-se, deste modo, a profecia da Mãe de Jesus em casa de Isabel: «De hoje em diante me proclamarão bem-aventurada todas as gerações.»

Não podemos ficar como quem aplaude, ao lado do caminho, um cortejo que passa por nós. Esta celebração é um convite insistente a que sigamos pelo seu caminho, a que A acompanhemos, porque vamos a caminho da felicidade em que Ela se encontra.

Jesus Cristo, depois de ter ouvido o elogio a Sua Mãe, de uma mulher anónima do povo, ensina-nos como havemos de segui-la.

Acolher a Palavra de Deus. «Felizes antes os que ouvem a palavra de Deus»

Como poderíamos seguir o caminho do Céu que Jesus nos ensina, sem o conhecermos? Precisamos urgentemente de formação doutrinal. A nossa piedade crescerá na medida da formação que procurarmos adquirir.

Maria ensina-nos a combater a ignorância religiosa, o maior inimigo de Deus no mundo de hoje. A crise de fé e moral em que vivemos tem as sua origem nela. As pessoas confundem facilmente religiosidade com verdadeiro cristianismo, vivido em toda a sua exigência.

São muitas as perguntas a que o cristão deve dar uma resposta concreta à luz da fé. Não basta o bom senso para o fazer, e o Espírito Santo não quer alimentar a nossa preguiça, substituindo-nos naquilo que podemos fazer.

Precisamos urgentemente de estudar o catecismo e prestar atenção às respostas que o Santo Padre e os Bispos vão dando aos problemas do nosso tempo. Uma piedade sem doutrina cai facilmente num sentimentalismo estéril, sem qualquer influência no nosso comportamento, numa separação entre as exigências da fé e a vida.

Deixar-se guiar pela Palavra de Deus. «Felizes antes os que (…) a guardam.» A fé, infundida em nós pelo Espírito Santo, no Baptismo, e alimentada pela Palavra de Deus, deve ser vivida em todas as circunstâncias, por uma luta ascética constante.

Para tornar isto possível, recebemos as virtudes e os Dons do Espírito Santo os quais devem produzir frutos.

Quando não fazemos um esforço para sermos coerentes com a fé, agindo de acordo com ela, acabamos por justificar o mal, o pecado. A fé enfraquece e acaba por se apagar.

Maria, elevada ao Céu em Corpo e Alma, anima-nos continuamente a subir, a melhorar espiritualmente, a sermos santos na situação em que nos encontramos, se ela está de acordo com a Lei de Deus.

Promessa da nossa ressurreição. A Ressurreição de Jesus e a de Sua Mãe é promessa da nossa glorificação final. S. Paulo recorda-nos esta verdade na primeira Carta aos fiéis de Corinto. «No fim dos tempos, este nosso corpo corruptível ficará incorruptível, este nosso corpo imortal ficará imortal.»

Seguindo Nossa Senhora na vida, mesmo sem darmos por isso, caminhamos direta e fielmente para a nossa glorificação eterna no Céu.

Há apenas uma pequena diferença entre a glorificação de Maria e a nossa: Ela foi glorificada em Corpo e Alma imediatamente depois de terminar a sua caminhada na terra. O nosso corpo voltará ao pó de que foi formado, para ressuscitar e ser revestido de glória no fim dos tempos.

Na Celebração da Eucaristia pedimos para esta verdade se realize em cada um de nós: «Anunciamos, Senhor, a Vossa vinda, proclamamos a Vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!»

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