terça-feira, 20 de julho de 2021

22 de julho

 Santa Maria Madalena Discípula de Jesus
Igual aos Apóstolos

Leitura (Cântico 3,1-4): "Durante as noites, no meu leito, busquei aquele que meu coração ama; procurei-o, sem o encontrar. Vou levantar-me e percorrer a cidade, as ruas e as praças, em busca daquele que meu coração ama; procurei-o, sem o encontrar. Os guardas encontraram-me quando faziam sua ronda na cidade. 'Vistes acaso aquele que meu coração ama?' Mal passara por eles, encontrei aquele que meu coração ama. Segurei-o, e não o largarei antes que o tenha introduzido na casa de minha mãe, no quarto daquela que me concebeu".

Salmo Responsorial 62/63
R. A minha alma tem sede de vós, Senhor!

Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! * A minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja como terra sedenta e sem água!

Venho, assim, contemplar-vos no templo para ver vossa glória e poder. * vosso amor vale mais do que a vida, e por isso meus lábios vos louvam.

Quero, pois, vos louvar pela vida e elevar para vós minhas mãos! * A minha alma será saciada como em grande banquete de festa; cantará a alegria em meus lábios ao cantar para vós meu louvor!

Para mim fostes sempre um socorro; de vossas asas à sombra eu exulto! * Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta.

Aleluia. Responde-nos, ó Maria, no teu caminho o que havia? Vi Cristo ressuscitado, o túmulo abandonado! Aleluia.

Evangelho (Jo 20,1-2.11-18): No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!" Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles lhe perguntaram: "Mulher, por que choras?" Ela respondeu: "Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram". Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. Perguntou-lhe Jesus: "Mulher, por que choras? Quem procuras?" Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: "Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar". Disse-lhe Jesus: "Maria!" Voltando-se ela, exclamou em hebraico: "Rabôni!" (que quer dizer Mestre). Disse-lhe Jesus: "Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: 'Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus'". Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.

Não me retenhas!

A cena comovente do encontro de Maria de Magdala com Jesus evidencia a mudança de relacionamento entre o discípulo e o Mestre, operada a partir da ressurreição. A nova condição de Jesus exigia um novo tipo de relacionamento.

Maria expressou o carinho que nutria por Jesus nos vários detalhes de seu comportamento. A notícia do desaparecimento do corpo do Senhor deixou-a perplexa. Com isso, perdia um sinal seguro da presença do amigo querido, mesmo reduzido a um cadáver. Sem ele, não teria um lugar preciso ao qual se dirigir quando quisesse prantear a perda irreparável do amigo. Por isso, mesmo que todos tivessem se afastado, ela permaneceu sozinha, à entrada do túmulo, chorando.

Seu diálogo com os anjos ocorreu de maneira espontânea, sem ela se dar conta de estar falando com seres celestes. Só lhe importava saber onde puseram "o meu Senhor". Da mesma forma aconteceu o diálogo com o Ressuscitado. Num primeiro momento, Maria pensou tratar-se de um jardineiro. Demonstrando uma admirável fortaleza de ânimo mostrou-se disposta a ir, sozinha, buscar o cadáver do Mestre para recolocá-lo no sepulcro. Tão logo reconheceu a voz do Mestre, tentou agarrar-se a ele. Ele, porém, exortou-a a mudar de comportamento. Doravante, o sinal de amizade que o Senhor queria dela era que se tornasse missionária da ressurreição. Já se fora o tempo em que podia tocá-lo fisicamente.

«Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, celebramos com satisfação a santa Maria Madalena. Com satisfação e benefício para nossa fé! porque seu caminho poderia muito bem ser o nosso. A Madalena vinha de longe (cf. Lc 7,36-50) e chegou muito longe, no amanhecer da Ressurreição, Maria buscou Jesus, encontrou Jesus ressuscitado e chegou ao Pai de Jesus, o “Pai nosso”. Aquela manhã, Jesus Cristo descobriu o mais valioso da nossa fé: que ela também era filha de Deus.

No itinerário de Maria de Magdala descobrimos alguns aspectos importantes da fé. Em primeiro lugar, admiramos sua valentia. A fé, mesmo sendo um dom de Deus, requer coragem por parte do crente. O natural em nós é a tendência ao visível, ao que se pode agarrar com a mão. Pois Deus é essencialmente invisível, fé «sempre tem algo de ruptura arriscada e de salto, porque implica a ousadia de ver o autenticamente real naquilo que não se vê» (Bento XVI). Maria vendo a Cristo ressuscitado também “vê” também ao Padre, ao Senhor.

Por outro lado, ao “salto da fé” «se chega pelo que a Bíblia chama conversão ou arrependimento: só quem muda recebe» (Papa Bento). Não foi este o primeiro passo de Maria? Não há de ser este também um passo reiterado em nossas vidas?

Na conversão de Madalena houve muito amor: ela não economizou em perfumes para seu Amor. O amor! hei aqui outro “veículo” da fé, porque nem escutamos, nem vemos, nem cremos a quem não amamos. No Evangelho de são João aparece claramente que «crer é escutar e, ao mesmo tempo, ver (…) ». Naquele amanhecer, Maria Madalena arrisca por seu Amor, ouve ao seu Amor (basta-lhe escutar «Maria» para reconhecer) e conhecer ao Pai. «De manhã de Páscoa (…), a Maria Madalena que vê a Jesus, pede-se que o contemple em seu caminho ao Pai, até chegar a plena confissão: ‘Tenho visto ao Senhor’ (Jo 20,18)» (Papa Francisco).

«Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Eu vi o Senhor»

Rev. D. Albert SOLS i Lúcia (Barcelona, Espanha)

Hoje, celebramos a festa de Santa Maria Madalena. Costuma ser próprio da juventude apaixonar-se loucamente por um filme, chegando a identificar-se pessoalmente com algum dos protagonistas. Nesse sentido, nós, os cristãos, deveríamos ser sempre jovens perante a vida de Jesus de Nazaré e identificar-nos com essa grande mulher de que fala o Evangelho, Maria Madalena. Ela seguiu os passos de Jesus, escutou a Sua Palavra. Cristo soube corresponder e concedeu-lhe o histórico privilégio de ser a primeira pessoa a quem foi comunicada a ressurreição.

Diz o evangelista que, ao princípio, ela não O reconheceu, confundiu-o com um camponês daquele lugar. Mas quando o Senhor a chamou pelo seu nome «Maria», talvez pela maneira peculiar como o disse, então esta santa mulher não duvidou nem um instante: «Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: «Rabboni! — quer dizer: “Mestre”» (Jo, 20,16). Depois do seu encontro com Jesus, ela foi a primeira que correu a anunciar aos outros discípulos: «Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que Ele lhe tinha dito» (Jo, 20,18).

O cristão que, no seu programa diário de vida, cultiva a intimidade com Cristo, na Eucaristia, fazendo um tempo de oração contemplativa e cuidando a leitura assídua do Evangelho de Jesus, também terá o privilégio de escutar o chamamento pessoal do Senhor. É o próprio Cristo que nos chama pessoalmente, pelo nosso nome, e nos anima a seguir o caminho firme da santidade.

«A oração é conversação e diálogo com Deus: contemplação para os que se distraem certeza das coisas que se esperam, igualdade de condição e de honra com os anjos, progresso e incremento dos bens, emenda dos pecados, remédio para os males, fruto dos bens presentes, garantia dos bens futuros» (S. Gregório de Nissa).

Digamos ao Senhor: Jesus, que a minha amizade contigo seja tão forte e tão profunda que, como Maria Madalena, eu seja capaz de Te reconhecer na minha vida.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz a aparição de Jesus a Maria Madalena, cuja festa hoje celebramos. A morte de Jesus, seu grande amigo, trouxe para ela uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe havia roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos nossos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota. Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa do falecido amigo até o reencontro com o ressuscitado. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho. É o processo de morte e ressurreição que se prolonga no dia-a-dia da vida.

* João 20,1: Maria Madalena vai ao sepulcro
Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio!

* João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca 
Chorando, Maria Madalena inclinou-se e olhou para dentro do túmulo, onde viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés. Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena busca o Jesus que ela tinha conhecido, o mesmo com quem tinha convivido durante três anos.

* João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo
Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus também pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. A imagem de Jesus do passado impede que ela reconheça o Jesus vivo, presente na frente dela.

* João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus
Jesus pronuncia o nome: "Maria!" (Miriam) Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" (Rabôni)  Jesus tinha voltado. A primeira impressão é de que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que tinha morrido na cruz, o mesmo que ela tinha conhecido e amado. Aqui se realiza o que Jesus disse na parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).

* João 20,17: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos
De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Jesus vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltá-lo e assumir sua missão: “Vá dizer aos meus irmãos que subo para junto do meu Pai, que é Pai de vocês, do meu Deus, que é o Deus de vocês”. Chama os discípulos de “meus irmãos”. Subindo para o Pai, Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós. “Quero que eles estejam comigo onde eu estiver” (Jo 17,24; 14,3).

* João 20,18: A dignidade e missão de Madalena e das Mulheres
Maria Madalena é citada como discípula de Jesus (Lc 8,1-2); como testemunha da sua crucifixão (Mc 15,40-41; Mt 27,55-56; Jo 19,25), do seu sepultamento (Mc 15,47; Lc 23,55; Mt 27,61), e da sua ressurreição (Mc 16,1-8; Mt 28,1-10; Lc 24,1-10; Jo 20,1.11-18). E agora ela recebe a ordem, a ordenação, de ir aos Doze e anunciar a eles que Jesus está vivo. Sem esta Boa Nova da Ressurreição, as sete lâmpadas dos sacramentos se apagariam (Mt 28,10; Jo 20,17-18).

Para um confronto pessoal
1) Você já passou por uma experiência que lhe deu esse sentimento de perda e de morte? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
2) Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?

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