Sto Anselmo, bispo
Salmo Responsorial: 65
R. A terra inteira aclame o Senhor.
Aclamai o
Senhor, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores,
dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras».
«A terra
inteira Vos adore e celebre, entoe hinos ao vosso nome». Vinde contemplar as
obras de Deus, admirável na sua ação pelos homens.
Mudou o mar
em terra firme, atravessaram o rio a pé enxuto. Alegremo-nos n’Ele: domina
eternamente com o seu poder.
Aleluia. Quem acredita
no Filho de Deus tem a vida eterna: Eu o ressuscitarei no último dia, diz o
Senhor. Aleluia.
Evangelho (Jo
6,35-40): Jesus lhes disse: «Eu sou o pão da
vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá
sede. Contudo, eu vos disse que me vistes, mas não credes. Todo aquele que o
Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lançarei fora, porque eu desci
do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E
esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que
ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Esta é a vontade do meu Pai: quem
vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia».
«Aquele que vem a mim,
não terá fome»
Fr. Gavan JENNINGS (Dublín, Irlanda)
Mas, de que
se trata a nossa "sede" e a nossa "fome"? Definitivamente,
são a fome e a sede da "vida eterna". A fome e a sede físicas são
somente um pálido reflexo de um profundo desejo que cada homem tem diante da
vida divina que somente Cristo pode alcançar-nos. «Esta é a vontade do meu Pai:
que todo aquele que veja ao Filho e creiam Nele, tenha vida eterna» (Jo 6,39).
E o que devemos fazer para obter esta vida eterna tão desejada? Algum fato
heroico ou sobre-humano? Não! É algo muito mais simples. Por isso, Jesus diz:
«Aquele que vier a mim não o expulsarei» (Jo 6,37). Nós só temos que buscá-lo,
ir a Ele.
Estas
palavras de Cristo nos estimulam a aproximar-nos a Ele cada dia na Missa. É a
coisa mais simples no mundo: Simplesmente, assistir à Missa; rezar e então
receber seu Corpo. Quando o fazemos, não somente possuímos esta nova vida, mas
que ademais a irradiamos sobre outros. O Papa Francisco, então Cardeal
Bergoglio, em uma homilia do Corpus Christi, disse: «Assim como é lindo despois
de comungar, pensar nossa vida como uma Missa prolongada na que levamos o fruto
da presença do Senhor ao mundo da família, do bairro, do estudo e do trabalho,
assim também nos faz bem pensar em nossa vida cotidiana como preparação para a
Eucaristia, na que o Senhor toma tudo o que é nosso e o oferece ao Pai».
«Esta é a vontade do
meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona, Espanha)
Deus torna
possível que acreditemos em Jesus Cristo e nos aproximemos dele: «Todo aquele
que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lançarei fora, porque eu
desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou» (Jo 6,37-38). Aproximemo-nos, pois, com a fé Àquele que quis ser nosso
alimento, nossa luz e nossa vida, «já que a fé é o princípio da verdadeira
vida», como afirma Santo Inácio de Antioquia.
Jesus
Cristo convida-nos a segui-lo, a alimentarmo-nos dele, dado que isto é o que
significa vê-lo e crer nele, já que nos ensina a realizar a vontade do Pai, tal
como Ele a leva a cabo. Ao ensinar aos discípulos a oração dos filhos de Deus,
o Pai-Nosso, colocou seguidos estes pedidos: «Seja feita a tua vontade assim na
terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje». Este pão não se
refere apenas ao alimento material, mas a si mesmo, alimento de vida eterna,
com quem devemos permanecer unidos um dia atrás de outro com a coesão profunda
que nos dá o Espírito Santo.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* João 6,37-40: Fazer a vontade
daquele que me enviou. Depois da conversa com a Samaritana, Jesus
tinha dito aos discípulos: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que
está no céu!" (Jo 4,34). Aqui, na conversa com o povo a respeito do pão do
céu, Jesus toca no mesmo assunto: “Eu desci do céu, não para fazer a minha
vontade, e sim para fazer a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que
me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas que eu
os ressuscite no último dia. Sim, esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa
que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no
último dia”. - Este é o alimento que o
povo deve buscar: fazer a vontade do Pai do céu. É este o pão que sustenta a
pessoa na vida e lhe dá rumo. Aí começa a vida eterna, vida que é mais forte
que a morte! Se estivessem realmente dispostos a fazer a vontade do Pai, não
teriam dificuldade em reconhecer o Pai presente em Jesus.
* João 6,41-43: Os judeus murmuram. O evangelho de amanhã começa com o
versículo 44 (Jo 6,44-51) e salta os versículos 41 a 43. No versículo 41,
começa a conversa com os judeus, que criticam Jesus. Damos aqui uma breve
explicação do significado da palavra judeus no evangelho de João para evitar
que uma leitura superficial alimente em nós cristãos o sentimento do antissemitismo.
Antes de tudo, é bom lembrar que Jesus era Judeu e continua sendo judeu (Jo 4,9).
Judeus eram seus discípulos e discípulas. As primeiras comunidades cristãs eram
todas de judeus que aceitavam Jesus como o Messias. Só depois, pouco a pouco,
nas comunidades do Discípulo Amado, gregos e pagãos começam a ser aceitos em pé
de igualdade com os judeus. Eram comunidades mais abertas. Mas tal abertura não
era aceita por todos. Alguns cristãos vindos do grupo dos fariseus queriam
manter a “separação” entre judeus e pagãos (At 15,5). A situação ficou mais
crítica depois da destruição de Jerusalém no ano 70. Os fariseus se tornam a
corrente religiosa dominante dentro do judaísmo e começam a definir as
diretrizes religiosas para todo o povo de Deus: suprimir o culto em língua
grega; adotar unicamente o texto bíblico em hebraico; definir a lista dos
livros sagrados eliminando os livros que estavam só na tradução grega da
Bíblia: Tobias, Judite, Ester; Baruc, Sabedoria, Eclesiástico e os dois livros
dos Macabeus; segregar os estrangeiros; não comer nenhuma comida, suspeita de
impureza ou de ter sido oferecida aos ídolos. Todas estas medidas assumidas
pelos fariseus repercutiam nas comunidades dos judeus que aceitavam Jesus como
Messias. Estas comunidades já tinham caminhado muito. A abertura para os pagãos
era irreversível. A Bíblia em grego já era usada há muito tempo. Não podiam
voltar atrás. Assim, lentamente, cresce um distanciamento mútuo entre
cristianismo e judaísmo. As autoridades judaicas nos anos 85-90 começam a
discriminar os que continuavam aceitando Jesus de Nazaré como Messias (Mt 5, 11-12;
24,9-13). Quem teimava em permanecer na fé em Jesus era expulso da sinagoga (Jo
9,34). Muitos das comunidades cristãs sentiam medo desta expulsão (Jo 9,22), já
que significava perder o apoio de uma instituição forte e tradicional como a
sinagoga. Os que eram expulsos perdiam os privilégios legais que os judeus
tinham conquistado ao longo dos séculos dentro do império. As pessoas expulsas
perdiam até a possibilidade de ter um enterro decente. Era um risco muito
grande. Esta situação conflituosa do fim do primeiro século repercute na
descrição do conflito de Jesus com os fariseus. Quando o evangelho de João fala
em judeus não está falando do povo judeu como tal, mas está pensando muito mais
naquelas poucas autoridades farisaicas que estavam expulsando os cristãos das
sinagogas nos anos 85-90, época em que o evangelho foi escrito. Não podemos
permitir que esta afirmações sobre os façam crescer o antissemitismo entre os
cristãos.
Para um confronto pessoal
1) Antissemitismo: olhe bem dentro de você e arranque
qualquer resto de antissemitismo.
2) Comer o pão do céu é crer em Jesus. Como isto me ajuda
a viver melhor a eucaristia?
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