terça-feira, 13 de outubro de 2020

15 de outubro: SANTA TERESA DE JESUS, Virgem, Doutora da Igreja e Mãe do Carmelo Reformado

1ª leitura (Ef 1,1-10): Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus: a vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. Pelo seu sangue, nós somos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou profusamente sobre nós, abrindo-nos a toda a sabedoria e prudência. Ele nos fez conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio benevolente que de antemão determinou em si mesmo, para levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular em Cristo, o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra.

Salmo Responsorial: Sl 97(98)

R. O Senhor fez conhecer a salvação/ e às nações revelou sua justiça.

— Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo/ alcançaram-lhe a vitória.

— O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua justiça;/ recordou o seu amor sempre fiel/ pela casa de Israel.

— Os confins do universo contemplaram/ a salvação do nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai!

Aleluia. Sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim. Aleluia.

Evangelho (Mt 11,25-30): Naquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: «Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo. Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve».

«Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e revelaste-as aos pequenos»

Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell (Agullana, Girona, Espanha)

Hoje, celebramos a festa de Santa Teresa de Ávila. O Evangelho, proclamado no dia desta doutora da Igreja, recomenda-nos a simplicidade de crianças, a fim de nos pormos nas mãos do Pai: «Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos» (Mt 11,25). Das crianças tinha dito Jesus: «Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham» (Mt 19,14). Ser como crianças não significa permanecer num infantilismo psicológico permanente. Criança é aquele que se deixa guiar com docilidade pela mão do pai. A criança descobre a cada passo aquilo que os pais lhe mostram. Todas as crianças dão os primeiros passos pela mão amorosa de uns pais. Seguir a vontade do Pai é o que pedimos cada vez que recitamos o Pai-Nosso, e esta é a característica fundamental de quem se faz criança. «Aquele que se ocupou de ti antes existires, não se há de preocupar contigo uma vez que te chamou à vida? Quem te criou é também quem te sustenta» (Sto. Agostinho). Tudo descansa na providência de Deus.

Deus, nosso Pai, não nos abandona nunca. Pelo contrário, somos nós que temos de nos abandonar nas mãos de Deus. O Evangelho de hoje a isso nos convida: confiar n’Aquele que nos acompanha sempre. Ter confiança e ser humilde não está na moda, mas é com certeza o único caminho para chegar a Deus. Santa Teresa afirma-o expressamente: «Vi claramente que, se queremos que a soberana majestade nos revele grandes segredos, temos de entrar por esta porta [a contemplação de Jesus]. Ninguém queira nenhum outro caminho (...). Este caminho há de percorrer-se com liberdade, abandonando-nos nas mãos de Deus».

Perguntemo-nos, especialmente hoje, como é a nossa vida: guardamos silêncio para deixar que Deus fale? Rezamos abandonando-nos nas suas mãos? Mas confiar e ser humilde são dois objetivos que temos de aprender dentro da Igreja, nossa Mãe: confiamos humildemente nela e amamo-la?

Reflexão de Frei Carlos Mesters, OCarm.

* O contexto do Capítulo 11 de Mateus, no qual aparece o evangelho de hoje.

No Evangelho de hoje, Jesus acolhe os pequenos e manifesta o desejo de que os pobres encontrem descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pobres e excluídos, Jesus foi criticado e perseguido. Muita gente não foi capaz de entendê-lo. O próprio João Batista, que olhava Jesus com os olhos do passado, ficou na dúvida (Mt 11,1-15). O povo, que olhava para Jesus com finalidade interesseira, não soube como acolhê-lo (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram aceitar a sua mensagem (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que julgavam tudo a partir da sua própria ciência, não foram capazes de entendê-lo (Mt 11,25). Só os pequenos o entendiam e aceitavam a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30).

* Mateus 11,25-26: O Evangelho revelado aos pequenos

Diante desta contradição que marcava a sua vida, Jesus fez esta prece: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos”.  Os sábios, os doutores, animados por uma ideia errada de Deus, tinham criado uma série de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa, não é o que nós fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! O povo pobre, os pequenos, entendia esta mensagem de Jesus e ficava alegre. Os sábios achavam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento. E Jesus termina: Sim, Pai, assim foi do teu agrado!  É do agrado do Pai que os sábios e inteligente não entendam a mensagem. Se quiserem entende-lo, deverão fazer-se discípulos dos pequenos, dos pobres e excluídos.

* Mateus 11,27: O Filho conhece o Pai e o revela a quem ele quer

Jesus, como Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai queria quando, séculos atrás, entregou a Lei a Moisés. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o revelou a Jesus, e Jesus o revela aos pequenos, pois estes se abrem para a sua mensagem.

* Mateus 11,28-30: Vinde a mim vocês todos

Jesus convida a todos que estão cansados debaixo do peso das leis, das observâncias e dos impostos, e promete descanso. Ele diz: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado os professores de religião da época e comece a aprender dele, de Jesus, que é "manso e humilde de coração". Jesus não é como os escribas que se vangloriam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabe por experiência o que se passa no povo e o que o povo sofre. Jesus é o abrigo que o Pai oferece ao povo cansado!

* As comunidades da época de Mateus estavam numa travessia difícil e perigosa, saindo do mundo fechado das observâncias e dos sacrifícios para o mundo aberto do amor e da misericórdia. Também nós estamos numa travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de sermos cristãos. O evangelho de hoje é um espelho do que se passa nas nossas comunidades. Nós também queremos que as nossas comunidades sejam um abrigo que o Pai oferece ao povo cansado e pobre. Para isto é importante que deixemos que o Pai tome conta de nossas vidas e que possamos dizer com Jesus: “Nós, filhos e filhas, conhecemos o Pai, e o Pai nos conhece!” Só assim poderemos ser uma presença contemplativa e profética no meio do povo pobre.

Para confronto pessoal

1) A ciência pode ajudar e pode impedir de reconhecer e acolher a mensagem de Jesus. O que mais predomina na minha vida?

2) Os pequenos entendem e aceitam a mensagem. Já aprendi deles algo que eu não sabia?

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