quarta-feira, 30 de setembro de 2020

2 de outubro: Santos Anjos da Guarda

1ª Leitura (Ex 23,20-23): Assim diz o Senhor: Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos fereseus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei.

Salmo Responsorial - Sl 90(91),1-2.3-4.5-6.10-11 (R. 11)

R. O Senhor deu uma ordem aos seus anjos, para em todos os caminhos te guardarem.

Quem habita ao abrigo do Altíssimo * e vive à sombra do Senhor onipotente, diz ao Senhor: "Sois meu refúgio e proteção, * sois o meu Deus, no qual confio inteiramente". R.

Do caçador e do seu laço ele te livra. * Ele te salva da palavra que destrói. Com suas asas haverá de proteger-te, * com seu escudo e suas armas, defender-te. R.

Não temerás terror algum durante a noite, * nem a flecha disparada em pleno dia; nem a peste que caminha pelo escuro, * nem a desgraça que devasta ao meio-dia. R.

Nenhum mal há de chegar perto de ti, * nem a desgraça baterá à tua porta; pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos * para em todos os caminhos te guardarem. R.

Aleluia. Bendizei ao Senhor Deus, os seus poderes, seus ministros que fazeis sua vontade! Aleluia.

Evangelho (Mt 18,1-5.10): Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: «Quem é o maior no Reino dos céus?». Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: «Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus».

«Os seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus».

Dr. Antoni PUJALS i Ginabreda (Terrassa, Barcelona, Espanha)

Hoje, celebramos a memória dos Anjos da Guarda. Havia tempo que fariseus e saduceus mantinham acalorada discussão sobre se os anjos existem ou não; diziam os saduceus que eles não eram senão quimeras, fantasias de ignorantes.

Jesus, assim de passagem, quis deixar a doutrina bem clara. «Chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: (...) Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus» (Mt 18,2.10). A existência dos anjos «é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição» (Catecismo da Igreja, nº 328).

- Eu, Jesus, nunca tive dúvidas sobre a existência dos anjos. Já em criança, a minha mãe mó recordava cada manhã quando ia para a escola. Ele guiou todos os meus passos até me conduzir ao sacerdócio. De novo, o Catecismo ensina: «Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. ‘Ninguém pode negar que cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida’ (São Basílio)» (n. 336).

São Josemaria recomendava não somente ter-lhes devoção, mas também amizade: «Tem confiança com o teu Anjo da Guarda. - Trata-o como amigo íntimo - é-o efetivamente - e ele saberá prestar-te mil e um serviços nos assuntos correntes de cada dia».

- Peço-lhe ajuda frequentemente e nunca deixou de me atender: «Ficas pasmado porque o teu Anjo da Guarda te tem prestado serviços patentes. - E não devias pasmar; para isso o colocou o Senhor junto de ti». E quando vou pela rua penso: Este se calhar não sabe que tem um anjo junto de si. Anjo, ajuda-o! Também é coisa aprendida com São Josemaria: «Habitua-te a confiar cada uma das pessoas com quem te dás ao seu Anjo da Guarda».

Daqui resulta que, «toda a vida da Igreja beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos Anjos», diz-nos o Catecismo (nº 334). - Quantos motivos tenho para dar graças a Deus e a sua Mãe, a Rainha dos Anjos!

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz um texto tirado do Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), no qual Mateus reúne frases de Jesus para ajudar as comunidades do fim do primeiro século a superar os dois problemas que elas enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns (Mt 18,1-14) e a necessidade de diálogo para superar os conflitos internos (Mt 18,15-35). O Sermão da Comunidade aborda vários assuntos: o exercício do poder na comunidade (Mt 18,1-4), o escândalo que exclui os pequenos (Mt 18,5-11), a obrigação de lutar pela retorno dos pequenos (Mt 18,12-14), a correção fraterna (Mt 18,15-18), a oração (Mt 18,19-20) e o perdão (Mt 18,21-35). O acento cai na acolhida e na reconciliação, pois o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus que nos acolhe e perdoa. Só assim a comunidade será um sinal do Reino.

* No Evangelho de hoje vamos meditar aquela parte que fala do acolhimento a ser dado aos pequenos. A expressão, os pequenos não se refere só às crianças, mas sim às pessoas sem importância na sociedade, inclusive as crianças. Jesus pede que os pequenos estejam no centro das preocupações da comunidade, pois "o Pai não quer que um só destes pequenos se perca" (Mt 18,14).

* Mateus 18,1: A pergunta dos discípulos que provocou o ensinamento de Jesus

Os discípulos querem saber quem é o maior no Reino. Só o fato de alguém fazer esta pergunta mostra que ele não entendeu bem a mensagem de Jesus. A resposta de Jesus, isto é, o Sermão da Comunidade todo inteiro, é para fazer entender que entre os seguidores e as seguidoras de Jesus deve vigorar o espírito de serviço, doação, perdão, reconciliação e amor gratuito, sem buscar o próprio interesse.

* Mateus 18,2-5: O critério básico: o menor é o maior.

“Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles”, Os discípulos querem um critério para poder medir a importância das pessoas na comunidade. Jesus responde que o critério é a criança! Criança não tem importância social, não pertence ao mundo dos grandes. Os discípulos, em vez de crescerem para cima e para o centro, devem crescer para baixo e para a periferia! Assim serão os maiores no Reino! E o motivo é este: “Quem recebe a um destes pequenos, recebe a mim!” O amor de Jesus pelos pequenos não tem explicação. Criança não tem mérito, é amada pelos pais e por todos por ser criança. É a pura gratuidade do amor de Deus que aqui se manifesta e pede para ser imitada na comunidade pelos que acreditam em Jesus.

2. Mateus 18,6-9: Não escandalizar os pequenos.

O evangelho de hoje omite estes versículos de 6 a 9 e continua no versículo 10. Damos uma breve chave de leitura para estes versículos 6 a 9. Escandalizar os pequenos significa: ser motivo pelo qual os pequenos percam a fé em Deus e abandonem a comunidade. A insistência demasiada em normas e observâncias, como faziam alguns fariseus, afastava os pequenos, pois já não encontravam a prática libertadora trazida por Jesus. Diante disso, Mateus conservou frases bem fortes de Jesus, como aquela da pedra de moinho amarrada no pescoço e aquela outra: “Ai daquele ou daquela que for causa de escândalo!” Sinal de que naquele tempo os pequenos já não se identificavam mais com a comunidade e procuravam outros abrigos. E hoje? Só no Brasil, por ano, são em torno de um milhão de pessoas que abandonam as igrejas históricas e migram para as pentecostais. E são os pobres que fazem esta transição. Se eles saem, é porque os pobres, os pequenos, já não se sentem em casa na nossa casa! Qual o motivo? Para evitar este escândalo, Jesus manda cortar mão ou pé e arrancar o olho. Estas afirmações de Jesus não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas significam que se deve ser muito exigente no combate ao escândalo que afasta os pequenos. Não podemos permitir, de forma nenhuma, que os pequenos se sintam marginalizados na nossa comunidade. Pois neste caso a comunidade já não seria um sinal do Reino de Deus. Não seria de Jesus Cristo. Não seria cristã.

3. Mateus 18,10: Os anjos dos pequenos na presença do Pai

"Cuidado para não desprezar nenhum desses pequeninos, pois eu digo a vocês: os anjos deles no céu estão sempre na presença do meu Pai que está no céu”. Hoje, às vezes, se ouve alguém perguntar: “Será que os anjos existem? Será que não é um elemento da cultura persa, onde os judeus viveram tantos séculos atrás durante o exílio da Babilônia?” É possível que seja. Mas isto não é o X da questão, não é a questão principal. Na Bíblia, o anjo tem um outro significado. Há textos em que se fala do Anjo de Javé ou Anjo de Deus e de repente se fala de Deus. Troca um pelo outro (Gn 18,1-2.9.10.13.16: cf Jz 13,3.18). Na Bíblia, anjo é o rosto de Javé voltado para nós. Anjo de guarda é o rosto de Deus voltado para mim, para você! É a expressão personalizada da convicção mais profunda da nossa fé, a saber, que Deus está conosco, comigo, sempre! É uma maneira de concretizar o amor e a presença de Deus na nossa vida, até nos mínimos detalhes.

Para um confronto pessoal

1) Os pequenos são acolhidos na nossa comunidade? As pessoas mais pobres do bairro participam da nossa comunidade?

2) Anjos de Deus, Anjo de Guarda. Muitas vezes, o Anjo de Deus é a pessoa que ajuda outra pessoa. Existem muitos anjos e anjas na sua vida?

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