quinta-feira, 13 de agosto de 2020

XX Domingo do Tempo Comum

SÃO ROQUE, 
Leigo
Mª SACRÁRIO DE S. LUÍS GONZAGA
Virgem e Mártir de nossa Ordem.

I Leitura (Is 56, 1.6-7) -
Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a manifestar-se. Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, se forem fiéis à minha aliança, hei de conduzi-los ao meu santo monte, hei de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos».

Salmo Responsorial - Sl 66 (67), 2-3.5.6.8 (R. 4)

R. Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão os vossos caminhos e entre os povos a vossa salvação.

Alegrem-se e exultem as nações, porque julgais os povos com justiça e governais as nações sobre a terra.

Os povos Vos louvem, ó Deus, todos os povos Vos louvem. Deus nos dê a sua bênção e chegue o seu temor aos confins da terra.

II Leitura (Rm 11, 13-15.29-32) - Irmãos: É a vós, os gentios, que eu falo: Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis. Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também eles desobedeceram agora, devido à misericórdia que alcançastes, para que, por sua vez, também eles alcancem agora misericórdia. Efetivamente, Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos.

Aleluia. Jesus proclamava o evangelho do reino e curava todas as doenças entre o povo. Aleluia.

Evangelho (Mt 15,21-28): Partindo dali, Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Uma mulher cananeia, vinda daquela região, pôs-se a gritar: «Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demônio!» Ele não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: «Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós». Ele tomou a palavra: «Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante de Jesus e começou a implorar: «Senhor, socorre-me!» Ele lhe disse: «Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!» Diante disso, Jesus respondeu: «Mulher, grande é tua fé! Como queres, te seja feito!» E a partir daquela hora, sua filha ficou curada.

«Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!»

+ Rev. D. Joan SERRA i Fontanet (Barcelona, Espanha)

Hoje contemplamos a cena da cananeia: uma mulher pagã, não israelita, que tinha uma filha muito doente, endemoninhada, e que ouviu falar de Jesus. Saiu ao seu encontro e aos gritos diz-lhe: «Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demônio!» (Mt 15,22). Não lhe pede nada, apenas lhe conta a doença de que padece a sua filha, confiando em que Jesus a curará.

Jesus finge-se surdo. Por quê? Provavelmente porque tinha visto a fé daquela mulher e desejava que aumentasse. Ela continua suplicando, de tal forma que até os discípulos pedem a Jesus que a mande embora. A fé desta mulher manifesta-se, sobre tudo, na sua humilde insistência, sublinhada pelas palavras do discípulo: «Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós» (Mt 15,23).

A Mulher continua suplicando; não se cansa. O silêncio de Jesus explica-se pois apenas veio para a casa de Israel. Apesar disso, depois da ressurreição, dirá aos discípulos: «Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a toda a criação» (Mc 16,15).

Este silêncio de Deus, por vezes, atormenta-nos. Quantas vezes nos queixamos deste silêncio? Mas a cananeia prostra-se, põe-se de joelhos. É a postura de adoração. Ele responde-lhe que não é correto tirar o pão dos filhos e dá-lo aos cães. Mas ela responde: «É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!» (Mt 15,26-27).

Esta mulher é muito espevitada. Não se zanga, não lhe parece mal, e até lhe dá razão: «Tens razão, Senhor». Mas consegue pô-lo do seu lado. É como se lhe dissesse: —Sou como um cão, mas um cão que está sob a proteção do seu amo.

A cananeia oferece-nos uma grande lição: dá razão ao Senhor que sempre a tem. —Não queiras ter razão quando te apresentares perante o Senhor. Não te queixes nunca e, se te queixares, termina dizendo: «Senhor, faça-se a tua vontade».

Deus em Cristo oferece a salvação a todos, sem exceção.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Como devemos nos comportar perante aqueles que não são cristãos, que são diferentes de nós, de outro credo, de outra religião, de outros pontos de vista políticos ou sociais? Também se salvarão? A Palavra de Deus desse domingo ilumina este problema que pode acontecer na nossa vida: fora racismo e nacionalismo excludente na nossa vida! Racismo de cor, de cultura, de religião, de profissão, de opinião. Deus veio salvar a todos em Cristo Jesus (segunda leitura). A salvação não é privilégio nacionalista de alguns que cumprem a lei friamente ou pensam que são melhores dos outros (primeira leitura). Mas, para receber esta salvação, Cristo pede fé e humildade (Evangelho), pois só Jesus salva a quem se entrega a Ele.

Em primeiro lugar, a primeira leitura é clara: antes de Cristo só havia os judeus, povo escolhido por Deus, e os pagãos, o resto. A tentação dos primeiros –dos judeus- foi a de fecharem-se em si mesmos e considerar os outros como imundos, pecadores e excluídos. Pareceria que só eles se salvariam. Isaías, contudo, nos deixou a porta aberta: os estrangeiros podem também aderir ao Senhor e servi-lo. Condições? Se aceitarem a Lei, poderão entrar e formar parte do povo da Aliança, e Deus aceitará seus sacrifícios, de modo que o templo será casa de oração para todos os povos. Mas, isso é suficiente?

Em segundo lugar, que aconteceu com esse povo com o advento de Cristo? Não quiseram se abrir à surpresa de Deus. Antes fechados aos pagãos, agora se fecham ao mesmo Deus encarnado que veio salvar a todos, sem exceção. Eles esperavam um messias político, grandioso. Para receber esta salvação, Cristo nos pede fé. Por isso Jesus elogiou a mulher pagã siro-fenícia e concedeu-lhe a cura de sua filha. Contudo, Cristo a prova, para saber se realmente sua fé é autêntica e humilde. As palavras duras de Cristo, em vez de desanimá-la, fazem mais firme sua fé e mais humilde sua oração: “Conformo-me com as migalhas, contanto de curar minha filha”. Não é a pertença ao povo judeu o que salva, mas a fé no Enviado de Deus. Não é a raça, mas a disposição de cada um diante da oferta de Deus. Cristo louva esta boa mulher, que não é judia, enquanto, muitas vezes, tem que criticar a pouca fé dos “oficialmente justos”, os do povo eleito, e também nós. Cristo teve que corrigir inúmeras vezes esse “racismo” baseado na descendência de Abraão. Pedia-lhes que fossem imitadores de Abraão, não tanto em virtude da herança racial, mas em virtude de sua fé.

Finalmente, a que Cristo nos convida neste domingo? Fora racismo, preconceitos, discriminação, mentalidade elitista e excludente! Todos encontramos dificuldades anímica e de sensibilidade na hora de incluir em nossa esfera de convivência a pessoas de outras culturas, religiões, idade ou de ideologia política diferente. A primeira reação, ante tais pessoas, é a desconfiança, e as discriminamos facilmente. A Igreja Católica nos pede um diálogo inter-religioso baseado no respeito e na compreensão para superar os prejuízos. A Igreja nos pede, como o Papa Francisco disse na sua visita à Terra Santa, o ecumenismo de sangue, porque na veia dos cristãos –ortodoxos, católicos, anglicanos, luteranos- corre o sangue do Redentor. Isso não significa que todas as religiões são iguais. Mas toda pessoa pode ser fiel a Deus, segundo a consciência na qual foi formada, e pode nos dar exemplos belos, como o da fé da mulher cananeia, louvada por Jesus. Não olhemos os estrangeiros com suspicácia, nem os jovens com impaciência, nem os adultos com indiferença, nem os pobres com desgosto, nem o terceiro mundo com desinteresse, nem os afastados da fé com autossuficiência, nem os de outra língua ou cultura com dissimulado receio. Cristo, se tem alguma preferência, é pelos débeis e marginalizados.

Para refletir: Já li os seguintes documentos do Concílio Vaticano II: Unitatis Redintegratio, sobre o ecumenismo; Nostra Aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs? Tenho caridade cristã e amplidão de horizontes nas relações com todas as pessoas, ao tempo que dou testemunho de fidelidade a minhas convicções católicas? Como trato os forasteiros, os imigrantes, os desconhecidos, os turistas?

Você pode entrar em contato com o Pe. Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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