sábado, 8 de agosto de 2020

10 de agosto: São Lourenço, diácono e mártir

 

1ª Leitura (2Cor 9,6-10): Quem semeia pouco também colherá pouco e quem semeia abundantemente também colherá abundantemente. Dê cada um segundo o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento, porque Deus ama aquele que dá com alegria. E Deus é poderoso para vos cumular de todas as graças, de modo que, tendo sempre e em tudo o necessário, vos fique ainda muito para toda a espécie de boas obras, como está escrito: «Repartiu com largueza pelos pobres; a sua justiça permanece para sempre». Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para alimento também vos dará a semente em abundância e multiplicará os frutos da vossa justiça.

Salmo Responsorial: 111

R. Ditoso o homem de coração bondoso e compassivo.

Feliz o homem que teme o Senhor e ama ardentemente os seus preceitos. A sua descendência será poderosa sobre a terra, será abençoada a geração dos justos.

Ditoso o homem que se compadece e empresta e dispõe das suas coisas com justiça. Este jamais será abalado; o justo deixará memória eterna.

Ele não receia más notícias, seu coração está firme, confiado no Senhor, O seu coração é inabalável, nada teme e verá os adversários confundidos.

Reparte com largueza pelos pobres, a sua generosidade permanece para sempre e pode levantar a cabeça com dignidade.

Aleluia. Quem Me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida, diz o Senhor. Aleluia.

Evangelho (Jo 12,24-26): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem não faz conta de sua vida neste mundo, há de guardá-la para a vida eterna. Se alguém quer me servir, siga-me, e onde eu estiver, estará também aquele que me serve. Se alguém me serve, meu Pai o honrará».

«Se alguém quer me servir, siga-me, e onde eu estiver, estará também aquele que me serve»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, a Igreja por meio da Liturgia Eucarística que celebra o mártir romano São Lourenço nos lembra que «Existe um testemunho de coerência que todos os cristãos devem estar dispostos a dar cada dia, inclusive à custa de sofrimentos e de grandes sacrifícios» (S. João Paulo II).

A Lei Moral é santa e inviolável. Esta afirmação, certamente, contrasta com o ambiente relativista que impera em nossos dias, onde com facilidade cada um adapta as exigências éticas à própria comodidade pessoal ou às suas próprias debilidades. Não encontraremos ninguém que diga: Eu sou imoral; Eu sou um inconsciente; Eu sou uma pessoa sem verdade... Qualquer pessoa que dissesse isso se desqualificaria a si mesma imediatamente.

Mas a pergunta relevante seria: de que moral, de que consciência e de que verdade estamos falando? É evidente que a paz e a sadia convivência sociais não se podem basear em uma moral à la carte, onde cada um tira conforme lhe pareça, sem levar em conta as inclinações e as aspirações que o Criador dispôs para nossa natureza. Esta moral, longe de nos conduzir por «caminhos seguros» para os «verdes prados» que o Bom Pastor deseja para nós (cf. Sal 23, 1-3), nos levaria irremediavelmente às areias movediças do relativismo moral, onde absolutamente tudo se pode pactuar e justificar.

Os mártires são testemunhas inapeláveis da santidade da lei moral: há exigências de amor básicas que não admitem nunca exceções nem adaptações. De fato, «Na Nova Aliança encontram-se numerosas testemunhas de seguidores de Cristo que (...) aceitaram as perseguições e a morte antes de fazer o gesto idólatra de queimar incenso diante a estátua do Imperador (S. João Paulo II).

No ambiente da Roma do imperador Valeriano, o diácono «São Lourenço amou a Cristo na vida, imitou a Cristo na morte» (Santo Agostinho). E, uma vez mais, cumpriu-se que «quem não faz conta de sua vida neste mundo, há de guardá-la para a vida eterna» (Jo 12, 25). Felizmente para nós, a memória de São Lourenço, ficará para sempre, como sinal de que o seguimento de Cristo merece que se dê a própria vida e, não admitir frívolas interpretações do seu caminho.

A Glorificação do Filho do Homem

Frei Carlos Mesters

A condição da glorificação é ilustrada no grão de trigo, que caindo na terra e morrendo, germinará para a vida produzindo muito fruto. É a vitória da vida sobre a morte, porque é a própria vida que nasce da morte. A imagem do grão de trigo é encontrada também na Parábola do Semeador narrada pelo próprio Jesus, conforme consta no evangelho de Mateus 13:1-23, mas é importante acentuar a diferença entre as duas imagens. Na parábola do Semeador a semente é a palavra do Cristo, e no evangelho de João refere-se à "Hora da Glorificação", isto é, o grão de trigo que cairá na terra é o próprio Cristo que precisa morrer, pois não há ressurreição sem morte.

Jesus simboliza na expressão “Quem ama a sua vida, perdê-la-á” como a procura ansiosa dos gozos que a matéria oferece e que desviam por completo o homem da espiritualidade. Ao acumular fortuna e gozar a vida, o homem se esquece de cuidar da parte divina que possui. Os gozos imorais, os vícios, a dedicação às coisas materiais como única finalidade da vida, perdem a alma, porque a fazem recair nos círculos das reencarnações dolorosas, até que o sofrimento a depure e desperte nela o desejo de trabalhar para sua elevação espiritual, e de outra forma: Quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna é a luta do ser por espiritualizar-se, seguindo os preceitos evangélicos. Neste caso, o que se perde das coisas do mundo, ganha-se em espiritualidade. E quem procura espiritualizar-se, enriquece sua alma com as virtudes que a levarão à ascensão.

Para que possamos crescer e produzir maravilhosos frutos de altruísmo, se faz necessário que seja rompida a casca grossa do personalismo egoísta que nos envolve. Para consegui-lo, um só meio existe: seguir o exemplo do Mestre incomparável, entregando-nos a uma vivência de abnegação, exercitando-nos nas tarefas de auxílio ao próximo. Amando e servindo nossos irmãos em humanidade, estaremos amando e servindo ao Cristo, pois, conforme sua afirmação, cada vez que assistimos a um desses pequeninos é a ele próprio que o fazemos. Empenhando-nos nesse trabalho com perseverança, embora o mundo o ignore ou não lhe reconheça os méritos, no devido tempo o Pai celestial o honrará.

Neste Evangelho, Jesus se apresenta como o Messias predito pelas Escrituras, mostrando sua verdadeira missão. Que para servi-lo, devemos glorificá-lo e seguir os seus preceitos.

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