domingo, 31 de maio de 2020

Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja


Na segunda-feira depois de Pentecostes, a Igreja celebra a Memória de "Maria Mãe da Igreja".

Início do Mês do Coração de Jesus
1ª Leitura (Gen 3,9-15.20): «Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?» E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi». Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens. Hás de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta há de atingir-te na cabeça e tu a atingirás no calcanhar». O homem deu à sua mulher o nome de ‘Eva’, porque ela foi a mãe de todos os viventes.

Salmo Responsorial: 86
R. Grandes coisas se dizem de ti, ó cidade de Deus.

O Senhor ama a cidade, por Ele fundada sobre os montes santos; ama as portas de Sião mais que todas as moradas de Jacob. Grandes coisas se dizem de ti, ó cidade de Deus.

E dir-se-á em Sião: «Todos lá nasceram, o próprio Altíssimo a consolidou». O Senhor escreverá no registo dos povos: «Este nasceu em Sião». E irão dançando e cantando: «Todas as minhas fontes estão em ti».

Aleluia. Sois ditosa, ó Virgem Santa Maria, sois digníssima de todos os louvores, porque de Vós nasceu o sol da justiça, Cristo, nosso Deus. Aleluia.

Evangelho (Jo 19,25-27): Naquele tempo, estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto, Jesus disse a sua Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.

«Eis a tua Mãe»

P. Alexis MANIRAGABA (Ruhengeri, Ruanda)

Adicionar legenda
Hoje, celebramos a memória de Maria, Mãe da Igreja. Contemplamos, neste sentido, a maternidade espiritual de Maria em relação à Igreja que é - em si mesma - Mãe do Povo de Deus, pois «ninguém pode ter Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe (S. Cipriano). Maria é Mãe do Filho de Deus e, ao mesmo tempo, Mãe daqueles que amam o seu Filho e dos “bem-amados” de seu Filho, de acordo com «Mulher, eis o teu filho; discípulo: Eis a tua Mãe» (Jo 19,26-27), tal como Jesus disse. Entregando o seu corpo aos homens e devolvendo o seu espírito a seu Pai, Jesus Cristo até deu os seus amigos a sua Mãe.

E o maior amor é aquele com que Jesus ama a sua Igreja (cf. Ef 5,25), à qual pertencem os seus amigos. Portanto, os filhos adoptados por Deus não podem ter Jesus por irmão se não tiverem Maria como Mãe porque, enquanto Maria ama o seu Filho, ama a Igreja da qual Ela é membro eminente. O que não significa que Maria seja superior à Igreja, mas antes que Ela é «mãe dos membros de Cristo» (Sto. Agostinho).

O Concílio Vaticano II acrescenta que Maria é «verdadeiramente mãe dos membros de Cristo por ter cooperado com o seu amor para que nascessem na Igreja os fiéis, que são membros daquela Cabeça (Jesus)». Além disso, permanecendo no meio dos Apóstolos no Cenáculo (cf. At 1,14), Maria - Mãe da Igreja - recorda a presença, o dom e a ação do Espírito Santo na Igreja missionária. Ao implorar o Espírito Santo no coração da Igreja, Maria reza com a Igreja e reza pela Igreja, porque «elevada à glória do céu, assiste com amor materno a Igreja, protegendo os seus passos» (Prefácio da Missa “Maria, Mãe da Igreja”).

Maria cuida dos seus filhos. Podemos, pois, confiar-lhe toda a vida da Igreja, como fez o Papa S. Paulo VI: «Oh, Virgem Maria, veneranda Mãe da Igreja, a Vós encomendamos toda a Igreja e o Concílio Ecumênico!».

DEUS NOS ENTREGA ELA COMO MÃE DE TODOS OS REGENERADOS NO BATISMO, E CONVERTIDOS EM MEMBROS DE CRISTO: MÃE DA IGREJA INTEIRA

do Papa Francisco

Início da Trezana de Sto Antônio
Gostaria de contemplar Maria como imagem e modelo da Igreja. E faço-o, retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Lê-se na Constituição Lumen gentium: “A Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava santo Ambrósio” (n. 63).

Comecemos a partir do primeiro aspecto: Maria, como modelo de fé. Em que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma jovem judia que, com todo o seu coração, esperava a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo que Ela mesma ainda não conhecia: no desígnio de amor de Deus, estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-lhe “cheia de graça”, revelando-se este desígnio. Maria responde “sim” e, a partir daquele momento, a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela recebeu a carne e em quem se realizam as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, pois nela está concentrado precisamente todo o caminho, toda a estrada daquele povo que esperava a redenção, e neste sentido Ela é o modelo da fé da Igreja, que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.

Como Maria viveu esta fé? Viveu-a na simplicidade dos numerosos trabalhos e preocupações de todas as mães, como prover à comida, à roupa, aos afazeres de casa... Precisamente esta existência normal de Senhora foi o terreno onde se desenvolveram uma relação singular e um diálogo profundo entre Ela e Deus, entre Ela e o seu Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até à hora da Cruz. Ali a sua maternidade dilatou-se, abarcando cada um de nós, a nossa vida, para nos orientar rumo ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério do Deus que se fez homem, como primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração, à luz do Espírito Santo, para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus.

Podemos interrogar-nos: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou pensamos que Ela está distante, que é demasiado diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de obscuridade, olhamos para Ela como modelo de confiança em Deus que deseja, sempre e somente, o nosso bem? Pensemos nisto, talvez nos faça bem voltar a encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que Ela tinha!

Venhamos ao segundo aspecto: Maria, modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos na sua disponibilidade em relação à sua prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou apenas uma ajuda material — também isto — mas levou-lhe Jesus, que já vivia no seu ventre. Levar Jesus àquela casa significava levar o júbilo, a alegria completa. Isabel e Zacarias estavam felizes com a gravidez, que parecia impossível na sua idade, mas é a jovem Maria que lhes leva a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e que se manifesta na caridade gratuita, na partilha, no ajudar-se, no compreender-se.

Nossa Senhora quer trazer também a nós, a todos nós, a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria, quando foi visitar Isabel. O que lhe levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus que compartilha, perdoa e acompanha, ou é um amor diluído, como se dilui o vinho que parece água? É um amor forte ou frágil, a ponto de seguir as simpatias, procurar a retribuição, um amor interesseiro?

Outra pergunta: Jesus gosta do amor interesseiro? Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Tratamo-nos como irmãos e irmãs? Ou julgamo-nos, falamos mal uns dos outros, cuidamos cada um dos próprios “interesses”, ou prestamos atenção uns dos outros? São perguntas de caridade!

E, brevemente, um último aspecto: Maria, modelo de união com Cristo. A vida da Virgem Santa foi a existência de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga... Mas cada gesto era realizado sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o seu apogeu no Calvário: aqui Maria une-se ao Filho no martírio do coração e na oferenda da sua vida ao Pai, para a salvação da humanidade. Nossa Senhora fez seu o sofrimento do Filho, aceitando com Ele a vontade do Pai naquela obediência fecunda, que confere a vitória genuína sobre o mal e a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: estarmos sempre unidos a Jesus. Podemos perguntar: recordamo-nos de Jesus só quando algo não funciona e temos necessidades, ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quando se trata de segui-lo pelo caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos conceda a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na existência de cada comunidade eclesial se reflita o modelo de Maria, Mãe da Igreja (Audiência, 23 de outubro de 2013).

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