sábado, 25 de abril de 2020

III Domingo da Páscoa


I Leitura (At 2,14.22-33) - No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Homens de Israel, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis. Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou O, livrando O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. Diz David a seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. Destes me a conhecer os caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença’. Irmãos, seja-me permitido falar vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra se ainda hoje entre nós. Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo, dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne conheceu a corrupção. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis»

Salmo Responsorial – Sl 15 (16)
R.  Mostrai me, Senhor, o caminho da vida.

Defendei me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas Vossas mãos o meu destino.

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção.

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em Vossa presença,
delícias eternas à Vossa direita.

II Leitura (1Pd 1,17-21) - Caríssimos: Se invocais como Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo. Lembrai vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.

Aleluia. Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras, falai-nos e inflamai o nosso coração. Aleluia.

Evangelho (Lc 24,13-35): Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então Jesus perguntou: «O que andais conversando pelo caminho?». Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: «És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?». Ele perguntou: «Que foi?». Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu». Então ele lhes disse: «Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?». E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. Eles, porém, insistiram: «Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!». Ele entrou para ficar com eles. Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. Então um disse ao outro: «Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: «Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!».Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

«Naquele mesmo dia, o primeiro da semana»

Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)

26 de abril
Nossa Senhora do Bom Conselho
Hoje comentamos a proclamação do Evangelho com a expressão: «Naquele mesmo dia, o domingo» (Lc 24,13). Sim, ainda Domingo. A Páscoa —já o dissemos— é como um grande domingo de cinquenta dias. Oh, se conhecêssemos a importância que tem este dia na vida dos cristãos! «Existem motivos para dizer, como sugere a homilia de um autor do século IV (o pseudo Eusébio de Alexandria), que o “dia do Senhor” é o “senhor dos dias” (…). Esta é, efetivamente, para os cristãos a “festa primordial”» (São João Paulo II). O domingo, para nós, é como o seio materno, berço, celebração, casa e também alento missionário. Oh, se entrevíssemos a luz da poesia que leva! Então afirmaríamos como aqueles mártires dos primeiros séculos: «Não podemos viver sem o domingo».

Mas quando o dia do Senhor perde relevância na nossa existência, também se eclipsa o “Senhor do dia”, e ficamos tão pragmáticos e “sérios” que apenas damos crédito aos nossos projetos e previsões, planos e estratégias; então, inclusive essa liberdade com que Deus atua, é para nós motivo de escândalo e de afastamento. Ignorando o assombro, fechamo-nos à manifestação mais luminosa da glória de Deus, e tudo se converte num entardecer de decepção, prelúdio de uma noite interminável, onde a vida parece condenada a uma permanente insônia.

Apesar disso, o Evangelho proclamado no meio das assembleias dominicais é sempre anúncio angélico de uma claridade dirigida a entendimentos e corações lentos para crer (cf. Lc 24,25), e por isso é suave, não explosiva, pois —de outro modo— mais que iluminar-nos, nos cegaria. É a Vida do Ressuscitado que o Espírito nos comunica com a Palavra e o Pão partido, respeitando o nosso caminhar feito com passos curtos e nem sempre bem dirigidos.

Cada domingo recordemos que Jesus «entrou para ficar com eles» (Lc 24,29), conosco. Cristão, hoje já o reconheces-te?

Para reconhecer a Cristo ressuscitado nas nossas vidas precisamos dos olhos da fé, os pés da esperança bem ágeis e coração abrasado.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Jesus ressuscitado está presente realmente entre nós. Para perceber a sua presença temos que ter os olhos da fé bem abertos para a luz da Palavra de Deus, os pés bem ágeis para caminhar pela vida com asas da esperança e o coração aquecido pela Eucaristia para reconhecer Jesus no partir do pão.

Em primer lugar, para reconhecer a presença de Cristo ressuscitado precisamos que nossos olhos da fé estejam bem abertos para ser iluminados pela Palavra de Deus que é luz no caminho da vida e nos explica todos os eventos da história da salvação. A Escritura nos dá a visão correta sobre Deus, sobre Cristo, a Igreja, o homem e todos os eventos de nossas vidas. A Escritura é bússola que marca o norte. Sem isso, teremos uma visão horizontalista, relativista e parcial de tudo, como os dois discípulos de Emaús. Deixemos que seja Cristo que nos explique, através da Igreja, as Escrituras para que estejamos abertos ao entendimento e nos retire as teias de aranha que possa existir.

Em segundo lugar, para reconhecer a presença de Cristo ressuscitado precisamos os pés da esperança bem ágeis. Os dois discípulos caminhavam entristecidos, pois tinham a esperança quebrada pela decepção, pelo desânimo e o desengano. “Nós esperávamos que…”. Cristo, ao se unir a eles no caminho, lhes acelera o ritmo, renova-lhes a esperança com sua presença e sua palavra, e repreende-os com carinho, porque suas expectativas estavam muito distantes dos ideais do Senhor. Dissipa lhes os projetos horizontalistas e temporais, e lhes conduz a uma visão sobrenatural para fazer renascer neles a esperança. E ressuscitou lhes a esperança ao lhes dar uma leitura e exegese espiritual dos acontecimentos daqueles dias, que para eles eram motivo de escândalo e enfraquecia sua esperança. Só então o cristianismo não será um escândalo, nem a cruz uma derrota nem o sangue de Cristo um desperdício desnecessário. Deixemos que Cristo repreenda nossas visões planas e mesquinhas do seu mistério humano-divino, e quebre os grilhões de nossos pés.

Finalmente, para reconhecer a presença de Cristo ressuscitado, precisamos de um coração inflamado em brasas. Só então convidaremos Jesus, como fizeram esses discípulos, a entrar em nossa casa para celebrar sua Páscoa eucarística conosco e partir o seu Pão. Só graças à Eucaristia o ardor divino derreterá o gelo do nosso egoísmo que nos tem petrificados, e dissipará a nuvem de preocupações e pedidos vãos que escurecerem o nosso espírito. A companhia de Jesus eucarístico é sempre santificadora; as comunhões, por mais desolados que estejamos, têm uma eficácia inesperada. “Fica conosco Senhor, porque já é tarde”. Com Jesus Eucarístico tudo se ilumina, os fantasmas e medos fogem. É Jesus, mas transfigurado! Aquela brasa do caminho se converte em uma chama ardente. E Jesus desaparece naquele momento. Quer que passemos da sua presença carnal a sua presença espiritual e eucarística. A ressurreição de Cristo inaugura este tipo de presença. Passemos – é o significado da Páscoa – de uma visão materialista, a uma visão de fé. E com pés ágeis saiamos para anunciar esta boa notícia: “Cristo ressuscitou” para aqueles que vivem nas trevas e na desolação. Cristo ressuscitado derreteu o gelo dos nossos corações e fez dele um fogo abrasador.

Para refletir: Por que às vezes acontece na celebração da Eucaristia dominical que os nossos olhos não se abrem para reconhecer Jesus e o nosso coração não arde quando ouvimos as Escrituras? Por que voltamos a casa com o coração perturbado como quando chegamos? Não será porque não temos reconhecido o Senhor na fração do pão e, portanto, não partimos o pão com os nossos irmãos?

Qualquer sugestão ou dúvida entre em contato Pe. Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org” arivero@legionaries.org

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