terça-feira, 19 de novembro de 2019

21 de novembro: Apresentação de Nossa Senhora


1ª Leitura (Zacarias 2,14-17) - Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do Senhor. Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos. O Senhor possuirá Judá como seu domínio, e Jerusalém será de novo (sua cidade) escolhida. Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge de sua santa morada.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial - Lc 1
R. O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome.

A minha alma engrandece o Senhor,
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.

Pois ele viu a pequenez de sua serva,
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez por mim maravilhas e santo é o seu nome!

Seu amor, de geração em geração, chega a todos os que o respeitam.
Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos.

Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou.
De bens saciou os famintos e despediu, em nada, os ricos.

Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor,
como havia prometido aos nossos pais
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.

Aleluia. Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! Aleluia

Evangelho (Mt 12,46-50): Naquele tempo, Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: «Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te». Jesus respondeu-lhe: «Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?» E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: «Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».

«Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, a Igreja recorda aquele momento em que a jovem Maria entregou totalmente o seu coração ao Altíssimo. A Virgem Santa Maria foi cheia de graça e sem mancha de pecado já desde o primeiro instante da sua concepção no seio de sua mãe, Santa Ana. Evidentemente, Ela não tinha consciência deste situação, porém era plenamente consequente com ela.

A tradição cristã está convencida de que Maria - sendo muito nova - decidiu dedicar-se plenamente de alma e corpo a Deus. Na realidade, este foi o motivo pelo qual num dia como hoje, mas no ano 543, em Jerusalém, foi feita a dedicação da igreja de Santa Maria a Nova.

O que são os caminhos de Deus! frequentemente discretos e sempre eficazes. Na antiguidade era totalmente impensável que uma rapariga não fosse dada em casamento. Uma rapariga “solteira”, estava sujeita a que dela se suspeitasse o contrário do que Maria pretendia. Porém assim, coisas do Espírito Santo! a jovem Maria foi desposada por José. Sem dúvida, a Divina Providência tinha preparado um homem santo - também o imaginamos jovem - capaz de cuidar de Maria tal “como Deus manda”.

Não sabemos como, mas podemos pensar que Maria e José tinham acordado entregar-se completamente a Deus partilhando um “matrimónio virginal” (algo também impensável). Se não fosse através deste caminho peculiar, como se podia proteger a virgindade de Santa Maria? Seguramente S. José era o único rapaz judeu capaz de aceitar a missão de proteger a virgindade de Maria através de um matrimónio também virginal. Os dois, como irmãos dedicados plenamente ao querer de Deus.

Finalmente, aconteceu que esse matrimónio tão característico – virginal – fosse o instrumento necessário que Deus preparou para o seu Filho “entrar” na terra, «nascido de uma mulher, e submetido a uma lei» (Gal 4,4). «Maria concebeu Cristo no seu coração pela fé antes de O conceber fisicamente no seu corpo» (Santo Agostinho). Também nós, imitando a Virgem Santa Maria, podemos conceber Jesus no nosso coração através da fé e da obediência a Deus, uma vez que «Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha mãe» (Mt 12,50).

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

• A família de Jesus. Os parentes chegam à casa onde Jesus está. Provavelmente chegavam de Nazaré. De lá para Cafarnaum são uns 40 km. Sua mãe estava com eles. Não entram, mas enviam um recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te”. A reação Jesus é firme: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Para entender bem o significado desta resposta deve-se olhar para a situação da família no tempo de Jesus.

• No antigo Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade) era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o fluxo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta de que as pessoas da época tinham a encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

• Na Galileia no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante o longo governo de Herodes, o Grande (37 aC a 4 aC) e seu filho Herodes Antipas (4 aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Devia-se pagar impostos tanto para o governo como para o Templo, a dívida pública crescia, dominava a mentalidade individualista da ideologia helenista, havia frequentes ameaças de repressão violenta da parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospitalidade, os problemas cada vez maiores da sobrevivência, tudo isto levava as famílias fecharem-se em suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dava a sua herança para o Templo, eles poderiam deixar seus pais sem ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a dobradiça do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, endemoniados, publicanos, doentes, aleijados, paralíticos.

• E assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem em comunidade. Então, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na vida comunitária do povo, as pessoas tinham de ir além dos limites estreitos da pequena família e abrir-se novamente para a grande família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família tentou agarrá-lo, reagiu e alargou o sentido da família: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe ". Criou comunidade.

• Jesus pedia o mesmo para todos os que queiram segui-lo. As famílias não poderiam fechar-se em si mesmas. Os excluídos e marginalizados deviam ser recebidos dentro da convivência e, assim, se sentir acolhidos por Deus (cf. Lc 14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia: "Não deve haver pobres entre vós" (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procurava fortalecer a vida comunitária nas aldeias da Galileia. Ele retoma o sentido mais profundo do clã, família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

Para um confronto pessoal
• Viver a fé em comunidade. Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
• Hoje, em grandes cidades, a massificação promove o individualismo que é contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?

Sobre a Apresentação de Nossa Senhora

A memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado proto-evangelho de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém. Celebra-se a “dedicação” que Maria fez de si mesma a Deus, já desde a infância, movida pelo Espírito Santo que a encheu de graça desde a sua imaculada conceição.

Segundo uma piedosa tradição, Maria Santíssima, tendo apenas três anos de idade, foi pelos  pais, em cumprimento de uma promessa, levada ao templo, para ali, com outras meninas, receber educação adequada  à sua idade e  posição. A Igreja oriental distinguiu este fato com as honras de uma festa litúrgica. A Igreja ocidental conhece a comemoração da Apresentação de Nossa Senhora desde o século VIII. Estabelecida primeiramente pelo Papa Gregório XI, em 1372, só para a corte papal, em Avignon, em 1585, Sixto V ordenou que fosse celebrada em toda a Igreja.

Tanto no Oriente, quanto no Ocidente trata-se de uma celebração mariana nascida do meio do povo. Foi acolhida pela Liturgia Católica com a finalidade de exaltar a Jesus através daquela muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:

“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.

Foi no dia 21 de novembro de 1964 – dia comemoração da Apresentação de Nossa Senhora - que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.

Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!

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