quinta-feira, 16 de maio de 2019

Domingo IV da Páscoa


Textos: Atos 13, 14.43-52; Ap 7, 9.14b-17; Jo 10, 27-30

Evangelho (Jo 10,27-30): «As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna. Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um».

«As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço»

P. Josep LAPLANA OSB Monje de Montserrat (Montserrat, Barcelona, Espanha)

Hoje, a atenção de Jesus sobre os homens é a atenção do bom pastor, que toma sob sua responsabilidade as ovelhas que lhe são confiadas e se ocupa de cada uma delas. Entre Ele e elas existe um vínculo, um instinto de conhecimento e de fidelidade: «As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem» (Jo 10,27). A voz do Bom Pastor é sempre um chamado a segui-lo, a entrar no círculo magnético de influência.

Cristo nos ganhou não somente com seu exemplo e com sua doutrina, e sim com o preço do seu Sangue. Nós tivemos um preço muito alto, e por isso Ele não quer que nenhum dos seus se perca. E, como toda evidência se impõe: uns seguem o chamado do Bom Pastor e outros não. O anuncio do Evangelho a uns lhes produz raiva e a outros, alegria. O que será que têm uns, e que não têm outros? Santo Agostinho, ante o mistério abismal da escolha divina, respondia: «Deus não te deixa, se tu não o deixas»; não te abandonará, se tu não o abandonas. Não ponha, portanto a culpa em Deus, nem na Igreja, nem nos outros, porque o problema de tua fidelidade é teu. Deus não nega suas graças a ninguém, e esta é a nossa força: agarremo-nos bem forte á graça de Deus. Não é nenhum mérito nosso; simplesmente, fomos “agraciados”.

A fé entra pelo ouvido, pela audição da Palavra do Senhor, e o maior perigo que temos é a surdez, não ouvir a voz do Bom Pastor, porque temos a cabeça cheia de ruídos e de outras vozes discordantes, ou o que é ainda mais grave, aquilo que os Exercícios de Santo Inácio dizem «fingir-se que é surdo», saber que Deus te chama e não dar-se por aludido. Aquele que se nega ao chamado de Deus conscientemente, reiteradamente, perde a sintonia com Jesus e perderá a alegria de ser cristão para ir a outras pastagens que não saciam nem dão a vida eterna. No entanto, Ele é o único que pode dizer: «Eu lhes dou a vida eterna. Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão» (Jo 10,28).

Vejamos o coração misericordioso de Cristo, o Bom Pastor. E como devemos ser as ovelhas.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

São Pancrácio, mártir
Das várias imagens que tentam descrever quem é Jesus para nós (Cordeiro, Senhor, Rei, Pedra angular, Luz, Verdade, Porta…), neste quarto domingo da Páscoa Jesus se apresenta para nós como o Bom Pastor, seguindo o capítulo 10 do evangelho de João. Pastor que conhece, ama, alimenta, defende e dá a vida pelas ovelhas. E as ovelhas, por sua parte, escutam a sua voz e o seguem, isto é, obedecem-lhe.

Em primeiro lugar, Cristo é Pastor para todos (1 leitura). Para todo tipo de ovelhas: sãs e doentes, calmas e rebeldes, nutridas e desnutridas, fortes e fracas, mancas e íntegras, perdidas e fiéis, merinas e de boa lã ou montesinas e de boa carne. Ovelhas que Ele conhece muito bem, ama-as com ternura e misericórdia, seguem-no com alegria, alimenta-as diariamente com a vida eterna e as sacia nas fontes de águas vivas dos sacramentos e as defende com o cajado da Igreja para que o lobo não as arrebate do seu aprisco. Pastor que vai na frente, guiando-nos no caminho. Jesus nos conhece e nos ama, adapta-se a cada um, ajudando-nos de acordo com as nossas necessidades e debilidades. Num rebanho, algumas ovelhas são lentas e preguiçosas, outras são muito ansiosas e rápidas; algumas estão enfermas, outras mancas, algumas têm tendência a se perder, outras a se desviar. Jesus é cuidadoso no guiar cada pessoa, com infinita compaixão e misericórdia, às pastagens da vida verdadeira e perdurável. Pastor que sabe que foi o seu Pai que colocou nas suas mãos estas ovelhas (evangelho).

Em segundo lugar, quais são as condições para pertencer ao rebanho de Cristo Pastor de todos e para todos? “As minhas ovelhas escutam a minha voz…e elas me seguem”. Escutar e seguir o Pastor. Escutá-lo com a inteligência e segui-lo com a vontade. Escutar o seu ensinamento, contido nos santos evangelhos e explicado pela Igreja. Conhecê-lo com a nossa inteligência e assim poder amá-lo, tendendo a Ele com todo o impulso da nossa vontade. Quem se resistir a escutar a voz deste Pastor caminha decididamente à sua própria perdição. Toda a Escritura é um reiterado convite a escutar. Na primeira leitura Paulo e Barnabé falam à cidade de Antioquia e foram muitos os que os escutavam, tantos que provocaram a inveja e palavras injuriosas nos que estavam com os ouvidos fechados à Boa Nova da ressurreição. Para escutar este Pastor se necessita humildade e silêncio interior. E para seguir a voz desse Pastor se necessita docilidade, para se deixar modelar pela sua doutrina, tornando-se cera mole nas suas mãos. Aqui entra o trabalho do Espírito Santo que vai modelando em nós, se permitirmos, a imagem de Cristo, exortando-nos a sair daquele vício ou pecado, da mediocridade, da tibieza, e a nos desprender do homem terreno e aspirar às coisas celestes. É preciso seguir o Pastor, é preciso seguir o Cordeiro aonde quer que Ele for, fazendo nossas as suas palavras, tendo a sua mesma mente e o mesmo coração.

Finalmente, Pastor, que antes foi Cordeiro (2 leitura) que se imolou na Cruz para com a sua morte nos dar a vida eterna e abrir para nós as portas do céu. Esse Pastor também foi primeiro Cordeiro que se sacrificou para purificar e santificar todas as ovelhas. Desde a fonte dos sacramentos nos salpica com o seu sangue abençoado que nos limpa. O que este Cordeiro ganhou para nós? A segunda leitura de hoje nos responde: preparou-nos o caminho para as pastagens eternas, o céu. Uma enorme multidão, impossível de contar, “formada por gente de todas as nações, famílias, povos e línguas”. Todos estão de pé, diante do trono do Cordeiro, com túnicas brancas e palmas nas mãos, louvando-o de maneira incessante. Ali, no céu, as suas ovelhas já não padecerão fome nem sede, nem serão oprimidas pelo sol e pelo calor, pela injustiça e pela maldade dos lobos. Agora vivem felizes do lado do Pastor- Cordeiro. E ali ninguém nos arrebatará das mãos do seu Pai Celestial.

Para refletir: Estou convencido de que Cristo me quer como sou, inclusive nos meus momentos maus e defeituosos? Imito Jesus o Bom Pastor na educação dos meus filhos, ou como professor, e em tudo o que eu fizer? Sou ovelha dócil, receptiva ou rebelde e arisca?

Para rezar: rezemos o salmo 23:
O Senhor é o meu pastor;
Nada me falta.
Em verdes pastagens me faz repousar,
À águas tranquilas me conduz,
E renova as minhas forças,
Levando por caminhos retos
Em honra do seu nome.
Se eu andasse por vales escuros,
Ainda assim não terei nenhum medo,
Porque está meu Senhor junto a mim;
O seu cajado me sustenta e me dá confiança.
Preparaste para mim um banquete
À vista dos meus inimigos;
Perfumaste a minha cabeça;
E o meu cálice transborda.
A tua bondade e o teu amor me acompanham
Todos os dias da minha vida,
E na casa do Senhor habitarei, por tempos sem fim.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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