quinta-feira, 25 de abril de 2019

Sexta-feira da oitava da Páscoa

Nossa Senhora do Bom Conselho

1ª Leitura (At 4,1-12): Naqueles dias, estavam Pedro e João a falar ao povo, depois da cura do cego de nascença, quando surgiram os sacerdotes, o comandante do templo e os saduceus, irritados por eles estarem a ensinar o povo e a anunciar a ressurreição dos mortos que se verificara em Jesus. Apoderaram-se deles e, porque já era tarde, meteram-nos na prisão, até ao dia seguinte. Entretanto, muitos dos que tinham ouvido a palavra de Deus abraçaram a fé e o número de homens elevou-se a uns cinco mil. No dia seguinte, os chefes do povo, os anciãos e os escribas reuniram-se em Jerusalém, com o sumo sacerdote Anás, com Caifás, João e Alexandre, e todos os que eram da família dos príncipes dos sacerdotes. Mandaram vir os Apóstolos à sua presença e começaram a interrogá-los: «Com que poder ou em nome de quem fizestes semelhante coisa?» Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um benefício feito a um enfermo e o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se encontra perfeitamente curado na vossa presença. Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que veio a tornar se pedra angular. E em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos».

Salmo Responsorial: 117
R. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Israel: é eterna a sua misericórdia. Digam os que temem o Senhor: é eterna a sua misericórdia.

A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

Senhor, salvai os vossos servos, Senhor, dai-nos a vitória. Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos abençoamos. O Senhor é Deus e fez brilhar sobre nós a sua luz.

Aleluia. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. Aleluia.

Evangelho (Jo 21,1-14): Depois disso, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele. Simão Pedro disse a eles: «Eu vou pescar». Eles disseram: «Nós vamos contigo». Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite. Já de manhã, Jesus estava aí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Ele perguntou: «Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?» Responderam: «Não». Ele lhes disse: «Lançai a rede à direita do barco e achareis». Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros. Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes». Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou. Jesus disse-lhes: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

«Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos»

Rev. D. Joaquim MONRÓS i Guitart (Tarragona, Espanha)

Hoje, pela terceira vez Jesus aparece aos discípulos desde que ressuscitou. Pedro voltava ao seu trabalho de pescador e os outros se encorajam para acompanhá-lo. É lógico que como ele era pescador antes de seguir a Jesus, o continue sendo depois, não obstante haja quem ache estranho que ele não tenha abandonado seu honrado trabalho para seguir a Cristo.

Naquela noite eles não pescaram nada! Quando ao amanhecer Jesus aparece, eles não o reconhecem, até que Ele lhes pede algo para comer. Ao dizer-lhe que não têm nada, Ele lhes indica onde devem lançar a rede. Muito embora os pescadores saibam de todas as coisas, e neste caso tinham lutado sem conseguir resultados, eles lhe obedecem. «Oh, poder da obediência! — O lago de Genesaré negava seus peixes à rede de Pedro. Uma noite inteira em vão. – Agora, obediente, tornou a lançar a rede na água e pescaram (...) uma grande quantidade de peixes. Creiam em mim: o milagre se repete a cada dia» (São Josemaria Escrivá)

O evangelista faz notar que eram «cento e cinquenta e três» grandes peixes (cf. Jo 21,11) e, embora sendo tantos, as redes não se romperam. São detalhes que se deve ter em conta, já que a Redenção foi realizada com obediência responsável e em meio às tarefas habituais.

Todos sabiam «que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles» (cf. Jo 21, 12-13). Fez o mesmo com os peixes. Tanto o alimento espiritual como também o alimento material não faltarão, se obedecemos. Ele ensina aos seus seguidores mais próximos e nos torna a dizer através de João Paulo II: «No início do novo milênio ressoam no nosso coração as palavras com que um dia Jesus (...) convidou o Apóstolo a ‘fazer-se ao largo” para a pesca: ‘Duc in altumc’ (Lc 5,4). Pedro e os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e ‘pegaram uma grande quantidade de peixes’ (cf. Lc 5, 6). Estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos».

Pela obediência, como a de Maria, pedimos ao Senhor que continue dando frutos apostólicos para toda a Igreja.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta-feira da semana de Páscoa.

* João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. 
Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galileia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pegaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.

* João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. 
Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.

* João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar.
Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles.  Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.

* João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. 
Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.

Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?

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