quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Quinta-feira da 26ª semana do Tempo Comum - São Francisco de Assis

S. Francisco, Diácono

1ª Leitura (Jó 19,21-27): Job tomou a palavra e disse: «Tende compaixão, meus amigos, tende compaixão de mim, pois a mão de Deus me atingiu! Porque me perseguis, como Deus faz, e não vos cansais de me torturar? Quem dera que as minhas palavras fossem escritas num livro, ou gravadas em bronze com estilete de ferro, ou esculpidas em pedra para sempre! Eu sei que o meu Redentor está vivo e no último dia Se levantará sobre a terra. Revestido da minha pele, estarei de pé; na minha carne verei a Deus. Eu próprio O verei, meus olhos O hão de contemplar. Dentro de mim suspira o meu coração».

Salmo Responsorial: 27
R. Espero contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos.

Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica, tende compaixão de mim e atendei-me. Diz-me o coração: «Procurai a sua face». A vossa face, Senhor, eu procuro.

Não escondais de mim o vosso rosto, nem afasteis com ira o vosso servo. Não me rejeiteis nem me abandoneis, meu Deus e meu Salvador.

Espero vir a contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos. Confia no Senhor, sê forte. Tem coragem e confia no Senhor.

Aleluia. Está próximo o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Aleluia.

Evangelho (Lc 10,1-12): Naquele tempo, O Senhor escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir. E dizia-lhes: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não vos demoreis para saudar ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa! Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós. Permanecei naquela mesma casa; comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador tem direito a seu salário. Não passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei: O Reino de Deus está próximo de vós. Mas quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: Até a poeira de vossa cidade que se grudou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo! Eu vos digo: naquele dia, Sodoma receberá sentença menos dura do que aquela cidade».

«Pedi (...) ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita»

Rev. D. Ignasi NAVARRI i Benet (La Seu d'Urgell, Lleida, Espanha)

Hoje Jesus nos fala da missão apostólica. Porém «escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois» (Lc 10,1), a proclamação do Evangelho é uma tarefa «que não pode ser delegada a uns poucos especialistas» diz S. João Paulo II: todos estamos chamados a essa tarefa e, todos vamos sentir-nos responsáveis dela. Cada um desde seu lugar e condição. O dia do Batismo nos disseram: «Sois Sacerdote, Profeta e Rei para a vida eterna». Hoje mais que nunca, nosso mundo precisa do testemunho dos seguidores de Cristo.

«A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos» (Lc 10,2): É interessante esse sentido positivo da missão, pois o texto não diz: «Há muito para semear e poucos trabalhadores». Tal vez, hoje teríamos que falar desse jeito, pelo grande desconhecimento de Jesus Cristo e sua Igreja em nossa sociedade. Um olhar esperançado da missão gera otimismo e ilusão. Não nos deixemos abater pela desilusão e a desesperança.

No inicio, a missão que nos espera é, ao mesmo tempo, apaixonante e difícil. O anúncio da Verdade e da Vida, nossa missão, não pode nem deve pretender forçar a adesão, pelo contrário, deve suscitar uma livre adesão. As ideias, devem se propor e não impor, nos lembra o Papa.

«Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias...» (Lc 10,4): a única força do missionário deve ser Cristo. E para que ele encha sua vida, é preciso que o evangelizador se esvazie de tudo aquilo que não é Cristo. A pobreza evangélica é um requisito importante e, ao mesmo tempo, o testemunho mais crível que o apóstolo pode dar, além de que só esse desprendimento nos fará livres.

O missionário anuncia a paz. É portador de paz, porque leva a Cristo, o Príncipe da Paz. Por isso, «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa! Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós» (Lc 10,5-6). Nosso mundo, nossas famílias, nosso Eu pessoal, têm necessidade de Paz. Nossa missão é urgente e apaixonante.

Reflexão

Contexto. O capítulo 10 do qual o nosso texto é o começo, tem um caráter de revelação. Em 9,51, é dito que Jesus "tomou a firme decisão de começar uma viagem em direção a Jerusalém." Este caminho, expressão do seu ser filial, é caracterizado por uma dupla ação: está intimamente unido ao “ser tirado” de Jesus (v. 51), a sua "vinda", mediante o envio dos seus discípulos (V. 52): há uma ligação no duplo movimento:” ser tirado do mundo" para ir ao Pai, e ser enviado aos homens.

Na verdade, acontece que, por vezes, o mensageiro não é aceito (9,52 e, portanto, deve aprender a ser "entregue", sem se deixar desanimar pela recusa dos homens (9,54-55).
Três cenas curtas fazem o leitor a compreender o que significa seguir a Jesus que vai a Jerusalém para ser retirado do mundo. Na primeira cena é apresentado a um homem que quer seguir Jesus onde quer que vá; Jesus convida-o a abandonar tudo o que proporciona bem-estar e segurança. Aqueles que querem segui-lo devem compartilhar o seu destino de nômade.

Na segunda cena é Jesus quem toma a iniciativa e chama um homem cujo pai acabou de morrer. O homem pede um tempo para cumprir com o seu dever de enterrar o pai. A urgência de proclamar o reino supera esse dever: a preocupação de enterrar os mortos é inútil, porque Jesus vai além das portas da morte e o exige inclusive para aqueles que o seguem.

Finalmente na terceira cena é apresentado a um homem que se oferece para seguir Jesus, mas apresenta uma condição: despedir-se antes de seus pais. Entrar no reino não admite atrasos. Após esta tríplice renúncia, a expressão de Lc 9,62: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus." introduz o tema do capítulo 10.

A dinâmica do relato. O trecho, que é o objeto de nossa meditação, começa com expressões bastante densas. A primeira: "Depois disto”, se refere à oração de Jesus e à sua firme decisão de ir a Jerusalém. A segunda relaciona-se com o verbo "designar": "designou setenta e dois outros discípulos e mandou-os..." (10,1), onde se especifica que os mandou adiante de si, ou seja, com a mesma resolução que ele se encaminha para Jerusalém.

As recomendações, que Jesus lhes dá antes do envio, são um convite para estar cientes da realidade em que eles são enviados: colheita abundante em contraste com o pequeno número de operários. O Senhor da colheita chega com toda a sua força, mas a alegria desta chegada é dificultada pelo pequeno número de operários. Daí o convite categórico à oração: "Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe" (v. 2). A iniciativa de enviar em missão é de responsabilidade do Pai, mas Jesus transmite a ordem: "Ide", e, em seguida, indica como seguir (vv. 4-11). Ela começa com o equipamento: sem bolsa, nem alforje, nem sandálias. Estes elementos denotam a fragilidade daquele que é enviado e a sua dependência da ajuda que recebe do Senhor e dos habitantes da cidade.
As prescrições positivas são sintetizadas em primeiro lugar na chegada à casa (vv. 5-7) e, em seguida, no êxito na cidade (vv. 8-11). Em ambos os casos não se exclui a rejeição. A casa é o primeiro lugar onde os missionários têm os primeiros intercâmbios, os primeiros relacionamentos, valorizando os gestos humanos de comer, beber e descansar, como mediações simples e comuns para comunicar o evangelho. A "paz" é o dom que precede a missão deles, ou seja, a plenitude da vida e relacionamentos, e a alegria verdadeira e real é o sinal que marca a chegada do Reino. Não é necessário buscar conforto, é essencial ser acolhido. A cidade torna-se, no entanto, o maior campo de missão: ali se desenvolve a vida, a atividade política, a possibilidade de conversão, de aceitação ou rejeição.

A este último aspecto se une o ato de sacudir a poeira (vv. 10-11), como que se os discípulos, ao abandonar a cidade que os rejeitou, dissessem aos moradores que estes não aprenderam nada ou ainda poderia expressar o corte de relações. Finalmente, Jesus lembra a culpa daquela cidade que se fecha para a proclamação do evangelho (v. 12).

Para um confronto pessoal
1) Todos os dias, você é enviado pelo Senhor para anunciar o Evangelho aos seus íntimos (a casa) e aos homens (da cidade). Você está assumindo um estilo pobre, essencial, no testemunho de sua identidade como um cristão?
2) Você está ciente de que o sucesso de seu testemunho não depende de sua capacidade individual, mas somente do Senhor que envia e da sua disponibilidade?

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