segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Terça-feira da 19ª semana do Tempo Comum

S. Maximiliano Maria Kolbe
Presbítero e Mártir

1ª Leitura (Ez 2,8—3,4): Eis o que diz o Senhor: «Tu, filho do homem, escuta o que te digo; não sejas rebelde, como este povo de rebeldes. Abre a boca e come o que te vou dar». Eu olhei e vi um braço estender-se para mim, tendo na mão um livro em forma de rolo. Desenrolou-o diante de mim e vi que estava escrito pelos dois lados e continha prantos, gemidos e lamentações. Disse-me ainda: «Filho do homem: Come o que aqui tens diante de ti; come este rolo e vai falar à casa de Israel». Abri a boca e ele deu-me o rolo a comer, dizendo: «Filho do homem, alimenta-te e sacia-te com o rolo que eu te dou». Eu comi-o e tornou-se-me na boca tão doce como o mel. Depois disse-me: «Filho do homem, vai ter com a casa de Israel e comunica-lhe as minhas palavras».

Salmo Responsorial: 118
R. As vossas palavras, Senhor, são mais doces que o mel.

Não há maior riqueza para mim, Senhor, do que seguir a vossa vontade. As vossas ordens são as minhas delícias e os vossos decretos meus conselheiros.

Para mim vale mais a lei da vossa boca do que milhões em ouro e prata. Como são doces ao meu paladar as vossas palavras, mais que o mel para a minha boca.

As vossas ordens são a minha herança eterna, são a alegria do meu coração. Eu abro a minha boca e aspiro, porque estou ávido dos vossos andamentos.

Aleluia. Tomai o meu jugo sobre vós, diz o Senhor, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração. Aleluia.

Evangelho (Mt 18,1-5.10.12-14): Naquela hora, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: «Quem é o maior no Reino dos Céus?». Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: «Em verdade vos digo, se não vos converterdes e não vos tornardes como criança não entrará no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. E quem acolher em meu nome uma criança como esta, estará acolhendo a mim mesmo. Cuidado! Não desprezeis um só destes pequenos! Eu vos digo que os seus anjos, no céu, contemplam sem cessar a face do meu Pai que está nos céus. Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos morros, para ir à procura daquela que se perdeu? E se ele a encontrar, em verdade vos digo, terá mais alegria por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos».

«O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos»

Rev. D. Valentí ALONSO i Roig (Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho volta a nos revelar o coração de Deus que nos faz entender com que sentimentos atua o Pai do céu em relação a seus filhos. A solicitude mais fervorosa é para com os pequenos, aqueles com os quais não se presta atenção, aqueles que não chegam aonde todo mundo chega. Sabíamos que o Pai, como bom Pai que é, tem predileção pelos filhos pequenos, mas hoje, nos damos conta de outro desejo do Pai, que se converte em obrigação para nós: «Se não vos converterdes e não vos tornardes como criança não entrará no Reino dos Céus» (Mt 18,3).

Portanto, entendemos que o Pai não valoriza tanto o “ser pequeno”, mas o “fazer-se pequeno”. «Quem se faz pequeno (...), esse é o maior no Reino dos Céus» (Mt 18,4). Por isso, devemos entender nossa responsabilidade nesta ação de nos diminuirmos. Não se trata tanto de ter sido criado pequeno ou simples, limitado ou com mais ou menos capacidade, mas de saber prescindir da possível grandeza de cada um, para nos mantermos no nível dos mais humildes e simples. A verdadeira importância de cada um está em nos assemelharmos a um destes pequenos que Jesus mesmo nos apresenta com cara e olhos.

Para terminar, o Evangelho ainda nos amplia a lição de hoje. Há, e muito perto de nós! Uns “pequenos” que estão mais abandonados do que os outros: aqueles que são como ovelhas que se desgarraram; e o Pai as busca e, quando as encontra, se alegra porque as faz voltar para casa e já não se perdem. Talvez, se contemplássemos a quem nos rodeia como ovelhas procuradas pelo Pai e devolvidas, mais do que desgarradas, seriam capazes de ver, mais frequentemente, e mais de perto, o rosto de Deus. Como diz Santo Asterio de Amasea: «A parábola da ovelha perdida e do pastor nos ensina que não devemos desconfiar precipitadamente dos homens, nem desistir de ajudar aos que se encontram em risco».

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

Semana de oração pela familia
* Aqui no capítulo 18 do evangelho de Mateus começa o quarto grande discurso da Nova Lei, o Sermão da Comunidade. O Evangelho de Mateus, escrito para as comunidades dos judeus cristãos da Galileia e Síria, apresenta Jesus como o novo Moisés. No AT, a Lei de Moisés foi codificada nos cinco livros do Pentateuco. Imitando o modelo antigo, Mateus apresenta a Nova Lei em cinco grandes Sermões: 
1) O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,29); 
2) O Sermão da Missão (Mt 10,1-42); 
3) O Sermão das Parábolas (Mt 13,1-52); 
4) O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35); 
5) O Sermão do Futuro do Reino (Mt 24,1 a 25,46).
As partes narrativas, intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram como ele praticava e encarnava a nova Lei em sua vida.

*  O evangelho de hoje traz a primeira parte do Sermão da Comunidade (Mt 18,1-14) que tem como palavra chave os “pequenos”. Os pequenos não são só as crianças, mas também as pessoas pobres e sem importância na sociedade e na comunidade, inclusive as crianças. Jesus pede que estes pequenos estejam no centro das preocupações da comunidade, pois "o Pai não quer que um só destes pequenos se perca" (Mt 18,14).

*  Mateus 18,1: A pergunta dos discípulos que provocou o ensinamento de Jesus
Os discípulos querem saber quem é o maior no Reino. Só o fato de eles fazerem esta pergunta revela que pouco ou nada tinham entendido da mensagem de Jesus. O Sermão da Comunidade, todo inteiro, é para fazer entender que entre os seguidores e as seguidoras de Jesus deve vigorar o espírito de serviço, doação, perdão, reconciliação e amor gratuito, sem buscar o próprio interesse e a autopromoção.

*  Mateus 18,2-5: O critério básico: o menor é o maior.
Os discípulos querem um critério para poder medir a importância das pessoas na comunidade: "Quem é o maior no Reino do Céu?". Jesus responde que o critério é a criança! Criança não tem importância social, não pertence ao mundo dos grandes. Os discípulos devem tornar-se como crianças. Em vez de querer crescer para cima, devem crescer para baixo e para a periferia, onde vivem os pobres, os pequenos. Assim serão os maiores no Reino! E o motivo é este: “Quem recebe a um destes pequenos, recebe a mim!” Jesus se identifica com eles. O amor de Jesus pelos pequenos não tem explicação. Criança não tem mérito. É a pura gratuidade do amor de Deus que aqui se manifesta e pede para ser imitada na comunidade dos que se dizem discípulos e discípulas de Jesus.

*  Mateus 18,6-9: Não escandalizar os pequenos.
Estes quatro versículos sobre os escândalos dos pequenos foram omitidos no texto do evangelho de hoje. Damos um breve comentário. Escandalizar os pequenos significa: ser motivo para que os pequenos percam a fé em Deus e abandonem a comunidade. Mateus conservou uma frase muito dura de Jesus: “Quem escandalizar um desses pequeninos que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no fundo do mar”. Sinal de que naquele tempo muitos pequenos já não se identificavam mais com a comunidade e procuravam outros abrigos. E hoje? Na América Latina, por exemplo, cada ano, são em torno de 3 milhões de pessoas que abandonam as igrejas históricas e mudam para as igrejas evangélicas. Sinal de que já não se sentem em casa entre nós. E muitas vezes são os mais pobres que nos abandonam. O que falta em nós? Qual a causa deste escândalo dos pequenos? Para evitar o escândalo, Jesus manda cortar mão ou pé e arrancar o olho. Esta frase não pode ser tomada ao pé da letra. Ela significa que se deve ser muito exigente no combate ao escândalo que afasta os pequenos. Não podemos permitir, de forma nenhuma, que os pequenos se sintam marginalizados na nossa comunidade. Pois neste caso a comunidade já não seria um sinal do Reino de Deus.

Mateus 18,10-11: Os anjos dos pequenos estão na presença do Pai
*  Jesus evoca o salmo 91. Os pequenos fazem de Javé o seu refúgio e tomam o Altíssimo como defensor (Sl 91,9) e, por isso: “A desgraça jamais o atingirá, e praga nenhuma vai chegar à sua tenda, pois ele ordenou aos seus anjos que guardem você em seus caminhos. Eles o levarão nas mãos, para que seu pé não tropece numa pedra”. (Sl 91,10-12).

*  Mateus 18,12-14: A parábola das cem ovelhas
Para Lucas, esta parábola revela a alegria de Deus pela conversão de um pecador (Lc 15,3-7). Para Mateus, ela revela que o Pai não quer que um destes pequeninos se perca. Com outras palavras, os pequenos devem ser a prioridade pastoral da Comunidade, da Igreja. Eles devem estar no centro da preocupação de todos. O amor aos pequenos e excluídos deve ser o eixo da comunidade dos que querem seguir Jesus. Pois é deste modo que a comunidade se torna amostra do amor gratuito de Deus que acolhe a todos.

Para um confronto pessoal
1. As pessoas mais pobres do bairro participam da nossa comunidade? Elas se sentem bem ou encontram em nós motivo para se afastar?
2. Deus Pai não quer que se perca nenhum dos pequenos. O que significa isto para a nossa comunidade?

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