sábado, 19 de maio de 2018

SOLENIDADE DE PENTECOSTES


MISSA DA VIGÍLIA

Evangelho (Jo 7,37-39)

«Do seu interior correrão rios de água viva»

Rev. D. Joan MARTÍNEZ Porcel (Barcelona, Espanha)

Hoje contemplamos Jesus no último dia da festa dos Tabernáculos, quando de pé gritou: «Se alguém tem sede, venha a mim, e beba quem crê em mim, conforme a Escritura: ‘Do seu interior correrão rios de água viva’» (Jo 7,37-38). Referia-se ao Espírito. A vinda do Espírito é um teofania na que o vento e o fogo nos lembram a transcendência de Deus. Depois de receber ao Espírito, os discípulos falam sem medo. Na Eucaristia da vigília vemos ao Espírito como usualmente referimo-nos ao papel do Espírito em relação individual, porém hoje a palavra de Deus remarca sua ação na comunidade cristã: «Ele disse isso falando do Espírito que haviam de receber os que acreditassem nele» (Jo 7,39). O Espírito constitui a unidade firme e sólida que transforma a comunidade em um corpo só, o corpo de Cristo. Também, ele mesmo é a origem da diversidade de dons e carismas que nos diferenciam a todos e a cada um de nós.

A unidade é signo claro da presença do Espírito nas nossas comunidades. O mais importante da Igreja é invisível e, é precisamente a presença do Espírito que a vivifica. Quando olhamos a Igreja unicamente com olhos humanos, sem fazê-la objeto de fé, erramos, porque deixamos de perceber nela a força do Espírito. Na normal tensão entre unidade e diversidade, entre igreja universal e local, entre comunhão sobrenatural e comunidade de irmãos, necessitamos saborear a presença do Reino de Deus na sua Igreja peregrina. Na oração coleta da celebração eucarística da vigília pedimos a Deus que «os povos divididos (...) se congreguem por meio do teu Espírito e, reunidos, confessem teu nome na diversidade de suas línguas».

Agora devemos pedir a Deus saber descobrir o Espírito como alma de nossa alma e alma da Igreja.

MISSA DO DIA

1ª Leitura (At 2,1-11): Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».

Salmo Responsorial: 103
R. Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor. Senhor, meu Deus, como sois grande! Como são grandes, Senhor, as vossas obras! A terra está cheia das vossas criaturas.

Se lhes tirais o alento, morrem e voltam ao pó donde vieram. Se mandais o vosso espírito, e tomam a vida e renovais a face da terra.

Glória a Deus para sempre! Rejubile o Senhor nas suas obras. Grato Lhe seja o meu canto e eu terei alegria no Senhor.

2ª Leitura (1Cor 12,3b-7.12-13): Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nós foi dado a beber um único Espírito.

SEQUÊNCIA: Vinde, ó santo Espírito, vinde, Amor ardente, acendei na terra vossa luz fulgente. Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições, vinde encher de gozo nossos corações. Benfeitor supremo em todo o momento, habitando em nós sois o nosso alento. Descanso na luta e na paz encanto, no calor sois brisa, conforto no pranto. Luz de santidade, que no Céu ardeis, abrasai as almas dos vossos fiéis. Sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja inocente. Lavai nossas manchas, a aridez regai, sarai os enfermos e a todos salvai. Abrandai durezas para os caminhantes, animai os tristes, guiai os errantes. Vossos sete dons concedei à alma do que em Vós confia: Virtude na vida, amparo na morte, no Céu alegria.

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.

Evangelho (Jo 20,19-23): Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: «A paz esteja convosco». Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse de novo: «A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio». Então, soprou sobre eles e falou: «Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos».

«Recebei o Espírito Santo»

Mons. Josep Àngel SAIZ i Meneses Bispo de Terrassa. (Barcelona, Espanha)

Hoje, no dia de Pentecostés se realiza o cumprimento da promessa que Cristo fez aos Apóstolos. Na tarde do dia de Páscoa soprou sobre eles e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo» (Jo 20,22). A vinda do Espírito Santo o dia de Pentecostés renova e leva à plenitude esse dom de um modo solene e com manifestações externas. Assim culmina o mistério pascal.

O Espírito que Jesus comunica cria no discípulo uma nova condição humana e produz unidade. Quando o orgulho do homem lhe leva a desafiar a Deus construindo a torre de Babel, Deus confunde as suas línguas e não podem se entender. Em Pentencostés acontece o contrário: por graça do Espírito Santo, os Apóstolos são entendidos por pessoas das mais diversas procedências e línguas.

O Espírito Santo é o Mestre interior que guia ao discípulo até a verdade, que lhe move a obrar o bem, que o consola na dor, que o transforma interiormente, dando-lhe uma força, uma capacidade nova.

O primeiro dia de Pentecostes da era cristã, os apóstolos estavam reunidos em companhia de Maria e, estavam em oração. O recolhimento, a atitude orante é imprescindível para receber o Espírito. «De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles» (At 2,2-3).

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, puseram-se a predicar valentemente. Aqueles homens atemorizados tinham sido transformados em valentes predicadores que não temiam o cárcere, nem a tortura, nem o martírio. Não é estranho; a força do Espírito estava neles.

O Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é a alma da minha alma, a vida da minha vida, o ser de meu ser; é o meu santificador, o hóspede do meu interior mais profundo. Para chegar à maturação na vida de fé é preciso que a relação com Ele seja cada vez mais consciente, mais pessoal. Nesta celebração de Pentecostes abramos as portas de nosso interior de par em par.

Eu creio no Espírito Santo, que é Deus.

Pe. Antonio Rivero, L.C

Creio no Espírito Santo, Senhor e Dador de vida, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho recebe uma mesma adoração e glória, e que falou pelos profetas e conduz a Igreja à verdade completa, e as almas dos homens à santidade, sempre e quando abram a porta e possam dar pousada para Ele como Hóspede divino.

Em primeiro lugar, um pouco de história do dogma sobre o Espírito Santo. De maio a julho do ano 381, o imperador Teodósio I reuniu em Constantinopla 185 bispos do Oriente e do Ocidente: 150 a favor e 36 contra o Espírito Santo. Os 36 diziam: o Espírito Santo não é Deus. Os 150 diziam: é Deus. O concílio disse: o Espírito Santo “cum Patre et Filio adoratur et conglorificatur” (recebe uma mesma adoração e glória com o Pai e o Filho) e, portanto, é Deus que procede do Pai e do Filho. Dito concílio condenou e excomungou, e o imperador desterrou e expropriou templos e impôs ao império o Credo Niceno-Constantinopolitano, o mesmo que hoje rezamos nas igrejas já faz 1.400 anos. Tantas lutas e tantos concílios custava fundar a linhagem dos cristãos, tantas heresias e condenas, montar peça por peça, dogma por dogma, o Credo no qual vivemos, rezamos e morremos!    

Em segundo lugar, o Espírito Santo tem uma longa biografia no Antigo e no Novo Testamento. Desde a primeira página do Gênesis já se fala da existência eterna do Espírito que “pairava sobre as águas”. Ele foi quem equipou de fé o patriarca Abraão e o enviou como missionário a terras idolátricas; encheu de força Sansão, de astúcia Judite. O Espírito Santo fez visionário de acontecimentos futuros Isaias que anunciou a encarnação de Deus; o que ungiu Davi como rei; o que inspirou Ezequiel a promessa de Deus de tirar o nosso coração de pedra e de colocar em nós um coração espiritual. E digamos alguns episódios do Novo Testamento para não alargar a história: o Espírito Santo ilumina e convence Maria de Nazaré para ser Mãe de Deus; e conduz Jesus ao deserto; o que contagia e reveste os apóstolos de ousadia e de força para ir pelo mundo inteiro para pregar o evangelho, testemunhando a sua fé com o seu sangue. Haveria mártires sem o Espírito Santo? Haveria virgens que se consagrariam a Cristo em corpo e alma, sem o Espírito Santo? Haveria homens que deixariam tudo para se configurar com Cristo, Cabeça e Pastor, sem o Espírito Santo? Haveria leigos bem comprometidos com a causa da Igreja e da evangelização sem o Espírito Santo? Portanto, o Espírito Santo é o protagonista da história sagrada e eclesial, pessoal e comunitária. O Espírito Santo dirige os destinos da Igreja através de tantos séculos.        

Finalmente, por isso, eu hoje neste dia de Pentecostes quero reafirmar a minha fé profunda e sólida no Espírito Santo, que é o Espírito de Cristo: espírito de justiça, dignidade, verdade, santidade, graça. E porque preciso Dele, eu creio no Espírito da Igreja com o seu programa de amor contra o egoísmo que campeia o nosso mundo, que o avassala e paganiza; da verdade eterna contra o erro aberrante e ensurdecedor; da virtude contra o pecado demolidor e camuflado. Eu creio no Espírito de Deus, que cada manhã fala com o meu espírito de homem e o aconselha, corrige, insinua, manda, proíbe, tonifica, ensina a saber pesar e distinguir bem estas coisas do coração, do corpo, das lágrimas e dos risos, dos estados terminais da alma, a glória, a eternidade e Deus. 

Para refletir: Como é a minha relação com o Espírito Santo no meu dia-a-dia? Inspira os meus pensamentos, purifica o meu coração, fortalece a minha vontade? Lança-me a pregar Cristo sem vergonha e com audácia e alegria?

Para rezar:
Ó Espírito Santo,
Amor do Pai, e do Filho,
Inspirai-me sempre
O que devo pensar,
O que devo dizer,
Como devo dizer,
O que devo calar,
Como devo agir,
O que devo fazer,
Para a glória de Deus,
Para o bem das almas
E para a minha própria Santificação.

Espírito Santo,
Dai-me agudeza para entender,
Capacidade para reter,
Método e faculdade para aprender,
Sutileza para interpretar,
Graça e eficácia para falar.
Dai-me acerto para começar
Direção para progredir
E perfeição ao acabar.
Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries

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