sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

6 de janeiro (Féria do tempo de Natal)

Evangelho (Mc 1,6-11): João andava vestido de pelos de camelo, e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. Ele proclamava: «Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo». Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João, no rio Jordão. Logo que saiu da água, viu o céu rasgar-se e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado».

«Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

No dia em que Jesus foi batizado, todas as águas do mundo foram purificadas e receberam a força para significar a limpeza do pecado. Ainda que o Batismo que administrava João tinha só um significado de conversão e de reconhecimento do nosso pecado, Jesus quis passar por aí por solidariedade com todos os homens, como Vanguardista de uma renovada Humanidade. Ele, «que não cometeu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus» (2Cor 5,21). Jesus instituirá o novo Batismo que nos faz filhos de Deus Nele e nos reconciliará com o Pai: será o Cordeiro de Deus que tirará o pecado do mundo.

«Também hoje — escreve são Gregório Nazianzeno — Cristo é iluminado; deixemo-nos penetrar por esta luz divina. Cristo é batizado, baixemos com Ele a água, para subir depois com Ele». Aquele dia, no Jordão viu-se descender o Espírito Santo sobre o Senhor e ouviu-se a voz do Pai: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado» (Mc 1,11). João Paulo II comenta que «ao sair das águas da fonte sagrada, cada cristão torna a escutar a voz que um dia se ouviu perto do rio Jordão: ”Tu és o meu Filho...”; e entende que foi associado ao Filho predileto, chegando a ser filho adotivo».

São Cirilo de Jerusalém faz-nos reflexionar sobre este fato sobrenatural, dizendo-nos: «Se tu tens uma piedade sincera, sobre ti descenderá também o Espírito Santo e ouvirás a voz do Pai que vem do alto: Este não era meu filho, mas agora, depois do Batismo, foi feito filho meu». A partir deste momento todos estamos convidados a seguir o mesmo Caminho de Cristo, a conhecer a sua verdade e a viver a sua mesma Vida. Somos eleitos, consagrados e enviados para colaborar na missão apostólica. Somos também filhos amados e prediletos, e o Pai encontrará pleno agrado em cada um de nós.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, OCarm

Marcos 1,6-8: João Batista é o profeta Elias que o povo esperava
Do profeta Elias se dizia que ele viria preparar o caminho do Messias “reconduzindo o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais” (Mal 3,24; cf Lc 1,17), ou seja, esperavam que Elias viesse reconstruir a vida comunitária. Elias era conhecido como “o homem vestido de pelos que trazia um cinto de couro ao redor dos rins” (2 Rs 1,8). Marcos diz que João se vestia de pelos de camelo. Assim ele deixa claro que João Batista veio realizar a missão do Profeta Elias (Mc 9,11-13).

Nos anos 70, época em que Marcos escreve, muita gente achava que João Batista era o messias. (cf. At 19,1-3). Para ajudá-los a discernir Marcos traz as palavras do próprio João: Depois de mim vem o mais forte do que eu, de quem não sou digno de desatar o sapato. Eu batizo com água. Ele vai batizar vocês com o Espírito Santo. Marcos mostra que João aponta o caminho para Jesus. Assim, faz saber às Comunidades que João não era o Messias, mas sim o seu precursor.

A solene proclamação da Boa Nova (Mc 1,9-11)
O povo acreditava que o batismo de João era coisa de Deus! (Mc 11,32). Como o povo, também Jesus percebia Deus se manifestando na mensagem de João. Por isso, ele saiu de Nazaré, foi até o Jordão e entrou na fila do batismo. No momento de ser batizado, Jesus teve uma profunda experiência de Deus. Ele viu o céu se abrir e o Espírito Santo descer sobre si, e a voz do Pai lhe dizia: Tu és o meu Filho amado. Em Ti ponho a minha confiança. Nestas poucas palavras, aparecem três pontos muito importantes
1-Jesus experimentou a Deus como Pai e a si mesmo como Filho. Esta é a grande novidade que ele nos trouxe: Deus é Pai. O Deus que estava longe como Senhor Altíssimo, chegou perto como Pai, bem perto como Abba, Papai. Este é o centro da Boa Notícia que Jesus nos trouxe.
2-A frase que Jesus escutou do Pai era do profeta Isaías, onde este tinha anunciado o Messias como o Servidor de Deus e do povo (Is 42,1). O Pai estava indicando a Jesus a missão do Messias como Servidor, e não como Rei glorioso. Jesus assumiu esta missão de serviço e foi fiel a ela até à morte, e morte de cruz! (cf. Fil 2,7-8) Ele disse: “Não vim para ser servido, mas para servir! (Mc 10,45)”.
3-Jesus viu o céu se abrir e o Espírito, como uma pomba, descer sobre ele. No mesmo momento em que Jesus descobre a sua missão como Messias Servidor, ele recebe o dom do Espírito Santo para poder realizar a missão. O dom do Espírito tinha sido prometido pelos profetas (Is 11,1-9; 61,1-3; Joel 3,1). A promessa começa a realizar-se, solenemente, quando o Pai proclama Jesus como seu Filho amado.

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