sábado, 30 de dezembro de 2017

A Sagrada Família

Textos: Eclo 3, 3-7.14-17; Col 3, 12-21; Lc 2, 20-40

Evangelho (Lc 2,22-40): E quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor». Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele. Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo». O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: «Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição — e a ti, uma espada traspassará tua alma! — e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações».  Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galileia. O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.

«Levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor»

Rev. D. Joan Ant. MATEO i García (La Fuliola, Lleida, Espanha)

Hoje, celebramos a festa da Sagrada Família. O nosso olhar vira-se para o centro de Belém —Jesus— para contemplar perto Dele a Maria e a José. O filho eterno do Pai passa da família eterna, que é a Santíssima Trindade, à família terrena formada por Maria e José. Como deve ser importante a família aos olhos de Deus quando a primeira coisa que procura para o seu Filho é uma família!

João Paulo II, na sua Carta apostólica O Rosário da Virgem Maria, voltou a destacar a importância capital que tem a família como fundamento da Igreja e da sociedade humana e pediu-nos que rezássemos pela família e que rezássemos em família o Santo Rosário para revitalizarmos essa instituição. Se a família estiver bem, a sociedade e a Igreja estarão bem.

O Evangelho de hoje diz-nos que o Menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria. Jesus encontrou o calor de uma família que se ia construindo através das suas reciprocas relações de amor. Que bonito e proveitoso seria se nos esforçássemos mais e mais por construir a nossa família: com espírito de serviço e de oração, com amor mutuo, com uma grande capacidade de compreender e de perdoar. Gostaríamos —como na casa de Nazaré — o céu e a terra! Construir a família é hoje uma das tarefas mais urgentes. Os pais, como recordava o Concilio Vaticano II, tem aí um papel insubstituível: «É dever dos pais criar um ambiente de família animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens, e que favoreça uma educação integra a nível pessoal e social dos seus filhos». Na família aprende-se o mais importante: a ser pessoas.

Por fim, falar de família para os cristãos é falar da Igreja. O Evangelista S. Lucas diz-nos que os pais de Jesus o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor. Aquela oferenda era a figura da oferenda sacrificial de Jesus ao Pai, fruto da qual nascemos cristãos. Considerar esta gozosa realidade nos abrirá a uma maior fraternidade e nos levará a amar mais a Igreja.

A Sagrada Família de Nazaré é modelo, alento e força para todas as nossas famílias.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Esta festa é recente e foi estabelecida faz pouco mais de um século pelo papa Leão XIII para dar às famílias cristas um modelo evangélico de vida, virtudes domesticas e de união no amor, para que depois das provas desta vida possam gozar no céu da eterna companhia de Deus e da Sagrada Família de Nazaré.

Em primeiro lugar, todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje sofrem algumas das nossas famílias, que colocou em evidencia o sínodo extraordinário da família em outubro de 2014: famílias fragmentadas, feridas, quebradas, em necessidades de pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e externas. Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na educação dos filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os reduzidos tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores disgregados como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da prática abortiva. O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os filhos como objetos de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo os seus desejos. Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas de dependência sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões livres ou em segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O que fazer diante destes desafios?

Em segundo lugar, hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família para que nos digam o segredo para formar uma família ideal e possamos lançar luz nestes desafios. Quando Paulo VI esteve em Nazaré tirou umas anotações ou lições da Sagrada Família de Nazaré, a modo de fotografia. “Primeiro, lição de silêncio. Renasça em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável condição do espírito; em nós, atordoados por tantos ruídos, tantos estrépitos, tantas vozes da nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. Silêncio de Nazaré, ensinai-nos o recolhimento, a interioridade, a aptidão de prestar atenção às boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres; ensinai-nos a necessidade e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que Deus só vê secretamente. Segundo, a lição da vida doméstica. Que Nazaré nos ensine o que é a família; a sua comunhão de amor, a sua simples e austera beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; ensine quão doce insubstituível é a sua pedagogia; ensine quão fundamental e insuperável a sua sociologia. E terceiro, lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “Filho do Carpinteiro”, como queríamos compreender e celebrar aqui a lei severa, e redentora da fatiga humana; recompor aqui a consciência da dignidade do trabalho; recordar aqui como o trabalho não pode ser fim em si mesmo e como, quanto mais livre e alto for, tanto serão, ademais do valor econômico, os valores que tem como fim; saudar aqui os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande colega, o seu irmão divino, o Profeta de toda justiça para eles, Jesus Cristo Nosso Senhor!”. (Homilia de Paulo VI, 5 de janeiro de 1964 em Nazaré).

Finalmente, devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de Deus para a família. É verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão do seio da sua família, mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um descendente, de um herdeiro, Cristo, ao redor do qual se formaria a família perfeita. E quando com braço poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para constitui-los em povo, em família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus constituiu depois a Igreja- novo Israel- ao modo de uma família, com um Pai comum. Somos todos da família de Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a mãe e os filhos. São Paulo na segunda leitura de hoje nos dá a clave para edificar esta família de Jesus com um único alicerce: o amor mútuo, feito humildade, afabilidade, paciência, perdão, paz, gratidão, oração, respeito, obediência. O pai é a cabeça, a mãe é o coração e os filhos são a coroa desses pais.

Para refletir: O que é que mais impressiona da Sagrada Família de Nazaré? O que é que com mais urgência as nossas famílias deveriam aprender da Sagrada Família de Jesus, José e Maria? Como deveria se comportar a Igreja com essas famílias que estão passando por graves dificuldades?

Para rezar: Sagrada Família de Nazaré: ensinai-nos o recolhimento, a interioridade; dai-nos a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensinai-nos a necessidade do trabalho de reparação, do estudo, da vida interior pessoal, da oração, que só Deus vê no segredo; ensinai-nos o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua beleza simples e austera, o seu caráter sagrado e inviolável. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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