sábado, 23 de dezembro de 2017

A Natividade do Senhor (Missa da Meia Noite)

Textos: Is 9, 1-3, 5-6; Tit 2, 11-14; Lc 2, 1-14

Evangelho (Lc 2,1-14): Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra — o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.  Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: «Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura» De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: «Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!».

«E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós (Jo 1,14)»

Mons. Jaume PUJOL i Balcells Arcebispo de Tarragona e Primaz de Catalunha (Tarragona, Espanha)

Hoje, com a simplicidade das crianças, consideramos o grande mistério de nossa fé. O nascimento de Jesus marca a chegada da “plenitude dos tempos”. Desde o pecado de nossos primeiros pais, a linhagem humana se havia afastado do Criador. Mas Deus, compadecido de nossa triste situação, enviou o seu Filho eterno, nascido da Virgem Maria, para resgatar-nos da escravidão do pecado.

O apóstolo João o explica usando expressões de grande profundidade teológica: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.» (Jo 1,1). João chama “Palavra” ao Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. E complementa: «E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o filho único recebe do seu pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14).

Isto é o que celebramos hoje, por isso fazemos festa. Maravilhados, contemplamos Jesus acabado de nascer. É um recém-nascido… E, ao mesmo tempo, Deus onipotente; sem deixar de ser Deus, agora é também um de nós.

Veio à terra para devolver-nos a condição de filhos de Deus. Mas é necessário que cada um acolha em seu interior a salvação que Ele nos oferece. Tal como explica São João, «Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,12). Filhos de Deus! Ficamos admirados ante este mistério inefável: «O Filho de Deus se fez filho do homem para fazer aos homens filhos de Deus» (São João Crisóstomo).

Acolhamos Jesus, busquemos: somente Nele encontraremos a salvação, a verdadeira solução para nossos problemas; só Ele dá o último sentido da vida e das contrariedades e da dor. Por isto, hoje lhes proponho: vamos ler mais o Evangelho, vamos meditá-lo; vamos procurar viver verdadeiramente de acordo com os ensinamentos de Jesus, ele Filho de Deus que veio a nós. E então veremos como será verdade que, entre todos, faremos um mundo melhor.

Os paradoxos de Deus na noite de Natal.

Pe. Antonio Rivero, L.C

Deus feito homem. O Eterno desceu no tempo. O não abarcável e Infinito cabe nos braços de Maria. A Palavra do Pai no silêncio. O Imensamente Rico deitado num presépio e envolvido em faixas. O Alimentador do gênero humano necessitado do peito de Maria para não morrer. O Fogo ardente da caridade tremendo de frio nessa noite gelada de inverno. O Desejado das nações rejeitado; e como não tinha lugar para Ele nas hospedagens deste mundo humano, teve que nascer num curral de animais.

Em primeiro lugar, por que e para que destes paradoxos? Porque se cumpriu o tempo, o “Kairòs” pensado por Deus desde toda a eternidade para reconquistar o homem caído e fazê-lo entrar na luz (primeira leitura). E tudo por pura benignidade de Deus, para nos converter em povo seu (segunda leitura), para devolver-lhe a sua glória e trazer a paz tão desejada para toda a humanidade (evangelho). Paz com essa densidade bíblica: bem-estar, prosperidade, desenvolvimento, alegria, justiça. Paz que é harmonia entre homem e homem; entre homem e cosmos; entre homem e Deus. A paz é a definição mesma de Cristo, “Príncipe da paz”. Paz que é vida, amor, salvação, doação. “Não apaguemos a chama ardente desta paz acesa por Cristo” (François Mauriac).

Em segundo lugar, como aconteceram estes paradoxos? Na simplicidade dos personagens: uma donzela humilde e pura, um casto varão, justo e sem dinheiro, e um menino indefeso que é puro candor e ternura; uns pastores pobres sem poder, sem influencias nem títulos, que viviam na intempérie e na vida seminômade. Na simplicidade do lugar: não na Jerusalém prestigiosa e religiosa, mas na pequena cidade de Belém, lugar do pão; esse pão terno de Jesus que necessitará ser cozinhado durante esses anos de vida oculta e pública, até chegar no forno do Cenáculo e do Calvário; e chegará a nós misteriosamente em cada missa. Na simplicidade da cova miserável de animais porque os humanos não lhe deram hospedagem. Na simplicidade da noite, sem barulhos de foguetes, bengalas e fogos artificiais.

Finalmente, em troca de que estes paradoxos? De que nossos olhos olhem para Ele com ternura e lhe deem um sorriso, e assim dos nossos olhos caiam as escamas das nossas miopias. De que nossos lábios o beijem e ficam assim purificados, livres já de mentiras e de palavras indignas. De que nossos braços o acolham, e fiquem bem fortalecidos para ajudar ao irmão que está prostrado no chão da depressão ou da tristeza. De que nossas mãos o acariciem e se abram à generosidade com os que sofrem e estão necessitados. De que nossos joelhos se dobrem e o adorem na oração como Deus e Senhor. De que nosso coração seja uma doce hospedagem onde convidar Jesus.

Para refletir: Com são Leão Magno refletimos: “Não pode existir lugar para a tristeza, quando nasce aquela vida que vem para destruir o temor da morte e para dar-nos a esperança de uma eternidade gozosa. Que ninguém se considere excluído desta alegria, pois o motivo deste gozo é comum para todos; nosso Senhor, de fato, vencedor do pecado e da morte, assim como não encontrou ninguém livre de culpabilidade, assim veio para salvar todos. Alegre-se, pois, o justo, porque se aproxima à recompensa; regozija-se o pecador, porque será condecorado com o perdão; anime-se o pagão, porque está chamado à vida” (Sermão I sobre o Natal, 1-3).

Para rezar: Terminemos com esta oração: “Menino do presépio, pequeno Deus Menino, irmão dos homens. A minha alma se enche de ternura e o coração de alegria, quando vos vejo assim, pequeno, pobre e humilde, débil e indefeso, deitado nas palhas do presépio. Ensinai-me, Jesus, a apreciar o que vale vossa doce Encarnação. Ajudai-me a compreender o profundo sentido da vossa presença entre nós. Fazei que o meu coração sinta a grandeza da vossa generosidade, a profundidade da vossa humildade, a maravilha da vossa bondade e do vosso amor salvador. Não vos peço entender os paradoxos de Belém, porém peço-vos saborear esses paradoxos com o coração extasiado na fé e na gratidão”.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org.

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