Chagas de São Francisco |
«Cada árvore se
reconhece pelo seu fruto»
P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (San Domenico di
Fiesole, Florença, Itália)
Hoje, o
Senhor nos surpreende fazendo “publicidade” de si mesmo. Não tenho a intenção
de “escandalizar” ninguém com essa afirmação. É nossa publicidade em sentido
mundano o que minimiza as coisas grandes e sobrenaturais. É prometer, por
exemplo, que daqui a poucas semanas uma pessoa gorda possa perder cinco ou seis
quilogramas usando um determinado “produto-engano” (e outras promessas
semelhantes) o que nos faz olhar a publicidade com desconfiança. Mas quando a
gente tiver um “produto” garantido cem por cento, —e como o Senhor— não vende
nada por dinheiro, somente nos pede que acreditemos tendo Ele como guia e
modelo de um perfeito estilo de vida, então essa “publicidade” não nos
surpreenderá e nos parecerá a mais lícita do mundo. Não tem sido Jesus o maior
“publicitário” ao dizer de si mesmo «Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida» (Jo
14,6)?
Hoje afirma
que quem «vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática» é prudente,
«semelhante a alguém que, para construir uma casa, cavou fundo e firmou o
alicerce sobre a rocha» (Lc 6,47-48), desse jeito obtém uma construção sólida e
firme, que pode desafiar as batidas do mau tempo. Se, do outro jeito, quem
edifica não tiver prudência, encontrará à casa derrubada, e se ele mesmo
estiver no interior, no momento da batida da chuva, perderá a casa, mas também
à vida.
Não é
suficiente aproximar-se de Jesus, também é preciso ouvir com muita atenção seus
ensinamentos e, principalmente, pô-los em prática, já que, inclusive, o curioso
se aproxima dele, também o herege, o estudioso da história e da filologia… Mas
apenas será aproximando-nos, ouvindo, e fundamentalmente praticando a doutrina
de Jesus, que levantaremos o edifício da santidade cristã, para exemplo de
fiéis peregrinos e para glória da Igreja celestial.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da
Planície que é a versão que Lucas dá do Sermão da Montanha do evangelho de
Mateus. Neste final, Lucas reúne
* Lucas 6,43-45: A parábola da
árvore que dá bons frutos
"Não
existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons;
porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de
espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas”. A carta do apóstolo
Tiago serve como comentário para esta palavra de Jesus: “Por acaso, a fonte
pode fazer jorrar da mesma mina água doce e água salobra? Meus irmãos, por
acaso uma figueira pode dar azeitonas, e uma videira pode dar figos? Assim
também uma fonte salgada não pode produzir água” (Tiago 3,11-12). A pessoa bem
formada na tradição da convivência comunitária faz crescer dentro de si uma boa
índole que a leva a praticar o bem. Ele “tira coisas boas do bom tesouro do seu
coração”, mas a pessoa que descuidou da sua formação terá dificuldade de
produzir coisas boas. Ao contrário, “ele tira do seu mal coisas más, porque a
boca fala daquilo de que o coração está cheio". A respeito do “bom tesouro do coração” vale a
pena lembrar o que diz o livro do Eclesiástico sobre o coração como fonte do
bom conselho: “Siga o conselho do seu próprio coração, porque mais do que este
ninguém será fiel a você. O coração do homem frequentemente o avisa melhor do
que sete sentinelas colocadas em lugar alto. Além disso tudo, peça ao Altíssimo
que dirija seu comportamento conforme a verdade” (Eclo 37,13-15).
* Lucas 6,46: Não basta dizer
Senhor, Senhor
O
importante não é falar bonito sobre Deus, mas é fazer a vontade do Pai e ser
assim uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo.
* Lucas 6,47-49: Construir a casa
sobre a rocha
Ouvir e
praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava
segurança e poder religioso através de dons extraordinários ou de observâncias.
Mas a segurança verdadeira não vem do poder, não vem de nada disso. Ela vem de
Deus! E Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua
vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das
tempestades.
* Deus como rocha da nossa vida.
No livro
dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a
minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que
me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a
justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua
vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo
que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que
buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da
qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is
51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado e lembrar como
Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus.
Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do
cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce
a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para
fortalecer os seus irmãos na fé. Este é também o sentido do nome que Jesus deu
a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt
16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unirem-se a
Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e
pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
Para um confronto pessoal
1) Qual a
qualidade do meu coração?
2) Minha
casa está construída sobre a rocha?
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