domingo, 23 de julho de 2017

Segunda-feira da 16ª semana do Tempo Comum

Beato João Soreth
Presbítero de nossa Ordem
Fundador das Ordens II e III do Carmo
Evangelho (Mt 12,38-42): Naquele tempo, alguns escribas e fariseus disseram a Jesus: «Mestre, queremos ver um sinal da tua parte». Ele respondeu-lhes: «Uma geração perversa e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. De fato, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra. No dia do Juízo, os habitantes de Nínive se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão, pois eles mostraram arrependimento com a pregação de Jonas, e aqui está quem é mais do que Jonas. No dia do Juízo, a rainha do Sul se levantará juntamente com esta geração e a condenará; pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é mais do que Salomão».

«Mestre, queremos ver um sinal da tua parte»

Pe. Joel PIRES Teixeira (Faro, Portugal)

Hoje, Jesus é colocado à prova, por «alguns escribas e fariseus» (Mt 12,38; cf. Mc 10,12), estes sentem-se ameaçados pela pessoa de Jesus, não por razões de fé, mas sim de poder. Com medo de perder o seu poder, procuram descredibilizar Jesus, provocando-O. Estes “alguns”, somos muitas vezes nós, quando procuramos seguir os nossos egoísmos e interesses individuais; quando olhamos para a Igreja como uma realidade meramente humana e não como projeto de amor de Deus por e para cada um de nós.

A resposta de Jesus é clara: «Nenhum sinal lhe será dado» (cf. Mt 12,39), não por ter medo, mas para centrar e recordar que os “sinais” são relação de comunhão e amor entre Deus e a humanidade e não de interesses e poderes individuais. Jesus recorda que há muitos sinais dados por Deus, não é provocando ou chantageando Deus, que se consegue chegar a Ele.

Jesus é o sinal maior. Neste dia a Palavra é um convite para que cada um de nós compreenda, com humildade, que só um coração convertido, voltado para Deus, pode acolher, interpretar e viver este sinal que é Jesus. A humildade é a realidade que nos aproxima não só de Deus, mas também da humanidade. Pela humildade reconhecemos as nossas limitações e virtudes, mas sobretudo vemos os outros como irmãos e Deus como Pai.

Como nos recorda o Papa Francisco: «O Senhor é deveras paciente para conosco! Não se cansa de recomeçar de novo, cada vez que caímos». Por isso, apesar das nossas faltas e provocações, o Senhor está de braços abertos para nos acolher e recomeçar. Que procuremos que na nossa vida, e hoje em particular, esta palavra ganhe vida em nós. A alegria do cristão está em ser reconhecido pelo amor que se vê na sua vida, amor que brota de Jesus.

«Mestre, queremos ver um sinal da tua parte»

+ Rev. D. Lluís ROQUÉ i Roqué (Manresa, Barcelona, Espanha)

Beatas Maria Pilar de São Francisco de Borja, 
Teresa do Menino Jesus e Maria de São José,
Virgens de nossa Ordem e mártires
Hoje, no Evangelho, contemplamos alguns mestres da Lei e fariseus que pretendem que Jesus demonstre a sua origem divina através de um sinal prodigioso (cf. Mt 12,38). Ele já havia realizado muitos, mais do que os necessários para provar que não só vinha de Deus, mas que Ele próprio era Deus. Porém, apesar de tantos milagres que realizara, tal não fora suficiente: por mais que fizesse, não teriam acreditado.

Jesus, servindo-se de um sinal prodigioso do Antigo Testamento, anuncia, em tom profético, a sua morte, sepultura e ressurreição: «De fato, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra» (Mt 12,40), e daí sairá cheio de vida.

O povo de Nínive recuperou a amizade com Deus, mediante a conversão e a penitência. Também nós, através da conversão, da penitência e do Batismo, fomos sepultados com Cristo e vivemos com Ele e por Ele, agora e para sempre, tendo dado um verdadeiro passo pascal: da morte para a vida, do pecado para a graça. Libertos da escravidão do demônio, tornamo-nos filhos de Deus. É o grande prodígio, que ilumina a nossa fé e a esperança de vivermos amando como Deus manda, possuindo Deus Amor em plenitude.

Grandes prodígios, tanto o da Páscoa de Jesus, como o da nossa através do Batismo. Ninguém os viu, já que Jesus saiu do sepulcro, cheio de vida, e nós saímos do pecado, cheios de vida divina. Assim o cremos e vivemos evitando cair na incredulidade daqueles que querem ver para crer, ou dos que gostariam de ver a Igreja sem a opacidade dos homens que a formam. Que o mistério pascal de Cristo, que tão profundamente repercute em toda a humanidade e em toda a criação, nos baste, pois ele é a causa de tantos “milagres da graça”.

A Virgem Maria confiou na Palavra de Deus, e não teve que correr até ao sepulcro para embalsamar o corpo de seu Filho e para comprovar que o sepulcro estava vazio: ela simplesmente acreditou e “viu”.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

B. Mª das Mercês do Sagrado Coração Prat
Religiosa da Companhia de Santa Teresa
Virgem e mártir
* O evangelho de hoje traz mais uma discussão entre Jesus e as autoridades religiosas da época. Desta vez são os doutores da lei e os fariseus que pedem que Jesus faça um sinal para eles. Jesus já tinha realizado muitos sinais: curou o leproso (Mt 8,1-4), curou o empregado do centurião (Mt 8,5-13), a sogra de Pedro (Mt 8,14-15), os doentes e possessos da cidade (Mt 8,16), acalmou a tempestade (Mt 8,23-27), expulsou os demônios (Mt 8,28-34) e tantos outros milagres. O povo, vendo os sinais reconheceu em Jesus o Servo de Javé (Mt 8,17; 12,17-21). Mas os doutores e os fariseus não foram capazes de perceber o significado de tantos sinais que Jesus já tinha realizado. Eles queriam algo diferente.

* Mateus 12,38: O pedido de doutores e fariseus por um sinal
Os fariseus chegam e dizem a Jesus: "Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti".  Querem que Jesus realize para eles um sinal, um milagre, para que eles possam examinar e verificar se Jesus é ou não o enviado por Deus conforme eles o imaginavam e esperavam. Querem prová-lo. Querem que se Jesus se submeta aos critérios deles, para que possam enquadrá-lo dentro do esquema do messianismo deles. Não há neles abertura para uma possível conversão. Não tinham entendido nada de tudo que Jesus tinha feito.

* Mateus 12,39: A resposta de Jesus: o sinal de Jonas
Jesus não se submete ao pedido das autoridades religiosas, pois não há sinceridade no pedido deles. "Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas”. Estas palavras proferem um julgamento muito forte a respeito dos doutores e fariseus. Elas evocam o oráculo de Oséias que denunciava o povo como esposa infiel e adúltera (Os 2,4). O evangelho de Marcos diz que Jesus, diante do pedido dos fariseus, soltou um profundo suspiro (Mc 8,12), provavelmente de desgosto e de tristeza diante de tão grande cegueira. Pois não adianta mostrar uma pintura bonita a quem não quer abrir os olhos. Quem fecha os olhos não pode ver! O único sinal que lhe será dado é o sinal de Jonas.

* Mateus 12,41: Aqui está mais do que Jonas
Jesus aponta para o futuro: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra”. Ou seja, o único sinal será a ressurreição de Jesus que se prolongará na ressurreição de seus seguidores. Este é o sinal que, futuramente, vai ser dado aos doutores e fariseus. Eles serão confrontados com o fato de que Jesus, por eles condenado à morte de cruz, será ressuscitado por Deus e continuará ressuscitando de muitas maneiras naqueles que nele acreditarem, por exemplo, ele ressuscitará no testemunho dos apóstolos “pessoas iletradas” que terão a coragem de enfrentar as autoridades anunciando a ressurreição de Jesus (At 4,13). O que converte é o testemunho! Não os milagres. “No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar”. O povo de Nínive se converteu diante do testemunho da pregação de Jonas e vai denunciar a incredulidade dos doutores e dos fariseus. Pois “aqui está quem é maior do que Jonas”.

* Mateus 12,42: Aqui está mais do que Salomão
A alusão à conversão do povo de Nínive associou e fez lembrar o episódio da Rainha de Sabá: “No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão". Esta evocação quase ocasional do episódio da Rainha de Sabá que reconheceu a sabedoria de Salomão, mostra como se usava a Bíblia naquele tempo. Era por associação. A regra principal da interpretação era esta: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Até hoje, esta é uma das normas mais importantes para a interpretação da Bíblia, sobretudo para a Leitura Orante da Palavra de Deus.

Para um confronto pessoal
1) Converter-se é mudar não só de comportamento moral, mas também de idéias e de modo de pensar. Moralista é quem muda de comportamento, mas mantém seu modo de pensar inalterável. E eu, quem sou?
2) Diante da atual renovação da Igreja, sou fariseu que pede mais um sinal ou sou como o povo que reconhece que este é o caminho que Deus quer?

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