terça-feira, 25 de julho de 2017

26 de julho: São Joaquim e Santa Ana, pais da Virgem Maria.

Evangelho (Mt 13,1-9): Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: «O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram frutos: umas cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça».

«O semeador saiu para semear»

P. Julio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)

Hoje, Jesus-na pluma de Mateus— nos introduz nos mistérios do Reino através desta forma tão característica de apresentar-nos sua dinâmica, por meio de Parábolas.

A semente é a palavra proclamada, e o semeador é Ele mesmo. Ele não procura semear no melhor dos terrenos, mas assegurar a melhor das colheitas. Ele veio para que todos «tenham vida, e a tenham em abundância» (Jo 10,10). Por isso, é que Ele não se poupa em espalhar punhados generosos de sementes, seja «à beira do caminho (Mt 13,4), como no «terreno cheio de pedras» (v. 5), ou «no meio dos espinhos» (v. 7), e finalmente «em terra boa» (v.8).

Assim, as sementes espalhadas por generosos punhos produzem a porcentagem de rendimento que as possibilidades “toponímicas” lhes permitem. O Concílio Vaticano II diz: «A palavra do Senhor é comparada à semente lançada ao campo: os que a ouvem com fé e pertencem ao pequeno rebanho de Cristo, acolheram o reino de Deus; e então a semente germina por virtude própria e cresce até ao tempo da ceifa» (Lumen gentium, n. 5).

«Os que a ouvem com fé», nos diz o Concílio. Você está acostumado a ouvi-la, talvez a lê-la e quiçá a refleti-la. Segundo a profundidade de sua escuta na fé será sua possibilidade de produzir frutos. Embora estes venham, de certa forma, garantidos pela potência vital da Palavra-semente, não é menor a responsabilidade que tens na escuta atenta dessa Palavra. Por isso, «Quem tem ouvidos, ouça» (Mt 13,9).

Pede hoje ao Senhor o mesmo desejo do profeta: «Bastava descobrir tuas palavras e eu já as devorava, tuas palavras para mim são prazer e alegria do coração, pois a ti sou consagrado, Senhor, Deus dos exércitos» (Jr 15,16).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* No capítulo 13 do Evangelho de Mateus começa o terceiro grande discurso, o Sermão das Parábolas. Como já dissemos anteriormente no comentário do evangelho do dia 9 de julho, Mateus organizou o seu evangelho como uma nova edição da Lei de Deus ou como um novo “Pentateuco” com seus cinco livros. Por isso, o seu evangelho traz cinco grandes discursos ou ensinamentos de Jesus, seguidos por partes narrativas, nas quais se descreve como Jesus praticava o que tinha ensinado nos discursos. Eis o esquema:
Introdução: nascimento e preparação do Messias (Mt 1 a 4)
1. Sermão da Montanha: a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7)
Narrativa Mt 8 e 9
2. Sermão da Missão: como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10)
Narrativa Mt 11 e 12
3. Sermão das Parábolas: o mistério do Reino presente na vida (Mt 13)
Narrativa Mt 14 a 17
4. Sermão da Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18)
Narrativa 19 a 23
5. Sermão da vinda futura do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25)
Conclusão: paixão, morte e ressurreição (Mt 26 a 28).

* No evangelho de hoje vamos meditar sobre a parábola da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio de comparações e parábolas. Geralmente, quando terminava de contar uma parábola, ele não explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). De vez em quando, ele explicava para os discípulos (Mt 13,36). As parábolas falam das coisas da vida: semente, lâmpada, grão de mostarda, sal, etc. São coisas que existem na vida de todos, tanto do povo daquele tempo como de hoje. Deste modo, a experiência que hoje nós temos destas coisas da vida tornam-se para nós um meio para descobrir a presença do mistério de Deus em nossas vidas. Falar em Parábolas é revelar o mistério do Reino presente na vida.

* Mateus 13,1-3: Sentado num barco, Jesus ensina o povo.
Como no Sermão da Montanha (Mt 5,1-2), também aqui Mateus faz uma breve introdução ao Sermão das Parábolas, descrevendo o jeito de Jesus ensinar o povo na praia, sentado no barco, e muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha frequentado a escola superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades religiosas, começou a ensinar o povo. O povo gostava de ouvi-lo. Jesus ensinava, sobretudo através de parábolas. Já vimos várias: do pescador de homens (Mt 4,19), do sal (Mt 5,13), da lâmpada (Mt 5,15), das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6,26.28), da casa construída na rocha (Mt 7,24). Mas agora, no capítulo 13, as parábolas começam a ter um significado especial: servem para revelar o mistério do Reino de Deus presente no meio do povo e na atividade de Jesus.

* Mateus 13,4-8: A parábola da semente retrata a vida do camponês.
Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muitas pedras. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mt 12,1). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza. A parábola do semeador descreve o que todos sabiam e faziam: a semente jogada pelo agricultor vai caindo. Uma parte cai à beira do caminho; outra parte, nas pedras ou entre os espinhos; outra parte em terra boa, onde, de acordo com a qualidade do terreno, vai produzindo trinta, sessenta e até cem. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. O povo da Galileia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, e colheita. Ora, eram exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usou na parábola para explicar o mistério do Reino.

* Mateus 13,9: Quem tem ouvidos ouça
A expressão “Quem tem ouvidos ouça” significa: “É isso! Vocês ouviram. Agora tratem de entender!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou a parábola, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou!

Para um confronto pessoal
1. Como foi o ensino do catecismo que você recebeu quando criança? Foi de comparações tiradas da vida? Você lembra alguma comparação importante que a catequista contou? E hoje, como é a catequese na sua comunidade?
2. Às vezes, somos caminho; outras vezes, pedra; outras vezes, espinhos; outras vezes, é terra boa. O que sou eu? Na nossa comunidade, o que somos? Quais os frutos que a Palavra de Deus está produzindo na minha vida, na minha família e na nossa comunidade: trinta, sessenta ou cem?

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