sábado, 16 de janeiro de 2016

II DOMINGO DO TEMPO COMUM

Textos: Is 62, 1-5; 1 Co 12, 4-11; Jo 2, 1-11

Evangelho (Jo 2,1-12): No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento. Faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: «Eles não têm vinho!» Jesus lhe respondeu: «Mulher, que é isso, para mim e para ti? A minha hora ainda não chegou». Sua mãe disse aos que estavam servindo: «Fazei tudo o que ele vos disser!». Estavam ali seis talhas de pedra, de quase cem litros cada, destinadas às purificações rituais dos judeus. Jesus disse aos que estavam servindo: «Enchei as talhas de água!». E eles as encheram até à borda. Então disse: «Agora, tirai e levai ao encarregado da festa”. E eles levaram. O encarregado da festa provou da água mudada em vinho, sem saber de onde viesse, embora os serventes que tiraram a água o soubessem. Então chamou o noivo e disse-lhe: «Todo o mundo serve primeiro o vinho bom e, quando os convidados já beberam bastante, serve o menos bom. Tu guardaste o vinho bom até agora». Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia. Manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele. Depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Lá, permaneceram apenas alguns dias.

«A mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento»

Rev. D. Enric PRAT i Jordana (Sort, Lleida, Espanha).

Hoje, contemplamos os efeitos salutares da presença de Jesus e de Maria, Sua Mãe, no centro dos acontecimentos humanos, como no episódio que nos ocupa: «Naquele tempo, houve um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento» (Jo 2,1-2).

Jesus e Maria, com intensidade diferente, tornam Deus presente em qualquer lugar onde estejam e, onde está Deus, aí há amor, graça e milagre. Deus é o bem, a verdade, a beleza, a abundância. Quando o sol difunde os seus raios no horizonte, a terra ilumina-se e recebe calor, e toda a vida trabalha para produzir os seus frutos. Quando deixamos que Deus se aproxime, o bem, a paz e a felicidade crescem manifestamente nos corações, até então talvez frios ou adormecidos.

A mediação escolhida por Deus para se fazer presente no meio dos homens e se comunicar profundamente com eles, é Jesus Cristo. A obra de Deus chega ao coração do mundo através da humanidade de Jesus e, depois, através da presença de Maria. Os noivos de Caná pouco sabiam sobre aqueles convidados para a sua boda. O convite correspondia provavelmente a alguma relação de amizade ou parentesco. Naquela altura, Jesus ainda não tinha feito nenhum milagre e desconhecia-se a sua importância.

Aceitou o convite porque é a favor das relações humanas importantes e sinceras e se sentiu atraído pela honestidade e boa disposição daquela família. Por isso, estava presente naquela celebração familiar. «Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia» Jo 2,11) e ali o Messias «abriu o coração dos discípulos à fé graças à intervenção de Maria, a primeira crente» (S. João Paulo II).

Aproximemo-nos também da humanidade de Jesus, tratando de conhecer e amar, mais e de modo progressivo, a Sua trajetória humana, escutando a Sua palavra, crescendo em fé e confiança, até ver nele o rosto do Pai.

O vinho novo trazido por Cristo ao nosso mundo e a cada lar, por mediação de Maria.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Sto Antônio, o Grande (Sto Antão)
Abade
A uns meses da conclusão do Sínodo sobre a família, Deus nos surpreende neste domingo com o evangelho das Bodas de Caná. Sabemos que é um dos “sinais” de São João que nos revelam um profundo significado. Este evangelho traz muita cristologia, mariologia e messianismo. Difícil e codificado. Tentemos descodificar. Tanto Isaias na primeira leitura como São João no evangelho insistem nesse sinal: Deus nos ama com um amor comparável ao do esposo para com a esposa. Cristo aparece como o Noivo ou o Esposo, o Vinho novo que Deus preparou para os últimos tempos. Chegou a hora do Esposo que cumpre as promessas do Antigo Testamento.

Em primeiro lugar, Jesus ocupa o centro do relato das bodas. O “vinho” que Jesus traz è excepcional, abundante (mais de quinhentos litros) e superior à água incolor, inodora e insípida das talhas de “pedra” do judaísmo; alusão à lei, escrita em tábuas de pedra. Cristo não traz um sistema doutrinal, mas a manifestação do seu mistério. Por isso escolhe umas bodas. A aliança messiânica foi anunciada pelos profetas sob o simbolismo de umas bodas (cf. Os 2,16-25; Jr 2, 1s; 3, 1-6; Ez 54, 4-8). O vinho era uma característica predominante dos tempos e bens messiânicos. Se a água dos judeus purificava os corpos; o vinho de Cristo purificará as almas, porque o converterá depois no seu Sangue bendito. O quarto evangelho dá inicio à atividade de Jesus com a alegria das bodas messiânicas. O esposo é Jesus e a esposa, a pequena comunidade que se une ao seu redor pela fé. A glória que os discípulos contemplam em Jesus é a sua manifestação como o novo esposo messiânica. E a presença de Maria ai representa o Antigo Testamento e a humanidade inteira. Constata a falta de algo que era essencial nos tempos messiânicos: a abundância e a qualidade do vinho. Assim afirma depois o organizador da festa. E Ela, com amor misericordioso e materno, intercede por nós diante do seu Filho. E consegue o milagre, adiantando a Hora do seu Filho e também a sua própria hora como mãe da humanidade inteira. Ao chamá-la de “Mulher”, Jesus está afirmando que os laços da família de Deus são mais fortes que os do sangue. Jesus atua porque pede a sua mãe, quanto mais quando tiver chegado a sua Hora!

Em segundo lugar, as bodas de Caná são a primeira boda cristã que nos consta, lendo os evangelhos, onde Jesus em pessoa entrou e compartilhou o vinho da sua benção, elevando essa união matrimonial ao sacramento, fonte de graça divina e reflexo do amor que Ele tem pela sua Igreja. Sem Cristo no matrimonio, e na vida, faltar-nos-á o vinho do amor, da alegria e do sentido pleno da existência; e o nosso vinho humano se avinagrará com facilidade. Com Cristo, teremos sempre o vinho de primeira qualidade que nunca azedará. Vinho que alegrará um lar e a convivência matrimonial. Vinho que compartilharemos com os filhos, parentes e amigos, com manifestações de interesse, de ternura, generosidade, conselho. Vinho que com o passar dos anos- se continuar Jesus no centro da família- terá um buquê especial que regozijará os olhos, o olfato e o paladar, e nos ajudará a vencer as dificuldades normais da convivência. Basta nos sentar e saborear uma taça desse vinho novo trazido por Cristo para que as penas diminuam, o sorriso floresça nos lábios e os abraços se estreitem uma vez mais. Por isso, o sinal milagroso de Caná exprime o “sim” de Cristo ao amor, à festa, à alegria de todos os matrimônios e famílias.

Finalmente, e quando faltar o vinho, o que fazer? Qual é o vinho que falta no nosso mundo? O vinho da paz, o da ternura em tantas famílias; o vinho da fé, da esperança e do amor em tantos corações; o vinho da verdade em tantas mentes...? Quando faltam estes vinhos, a vida se “avinagra”. Surgem as brigas, as separações, os divórcios, os interesses partidários, as trapaças econômicas, as frivolidades vácuas, a mentira como ferramenta de comunicação, o relativismo moral, a violência e o terror. O que fazer? Invocar a Maria; Ela é a onipotência suplicante, como são Bernardo nos disse. Maria viu a carência na boda, fê-la sua solidariamente, e colocou mãos a obra. Não ficou em relatar o que acontece e se lamentar pelo que falta ou vai mal. Dar-se conta do “vinho” que falta, arregaçar as mangas no que depende de nós, tendo na Palavra de Jesus a nossa força e a nossa luz. Isto foi Caná. Esta foi Maria. O Evangelho termina dizendo que “os discípulos creram Nele” (Jo 2,11). O final è que tendo vinho, teve festa, e os discípulos vendo o sinal, o milagre, creram em Jesus. Necessitamos milagres de “vinho”; o mundo necessita ver que os vinagres do absurdo se transformam em vinho bom e generoso, o do amor e da esperança, o que germina em fé. Sempre tem um brinde por ser feito. Que seja com o vinho como o de Maria em Caná.

Para refletir: como está a talha do meu coração: vazia, meio cheia ou cheia até a borda? Tem vinho de alegria e entusiasmo ou água incolor, inodora e insípida? Quais coisas avinagram o meu vinho que Cristo me deu do meu casamento, no dia da minha ordenação sacerdotal, no dia da minha consagração religiosa? Costumo invocar Maria Santíssima para que interceda por mim diante do seu Filho Jesus?

Para rezar: Maria, dizei ao vosso Filho que está acabando o vinho da alegria, do amor, da fé e da confiança em nós. Dizei ao vosso Filho que tem muitas famílias só com água ou pior, com vinho avinagrado; que tenha piedade de nós. Obrigado, Maria, pela vossa intercessão. Tirai-nos do apuro, como fizeste em Caná.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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