sábado, 14 de novembro de 2015

XXXIII domingo do Tempo Comum

Textos: Dn 12, 1-3; Hb 10, 11-14.18; Mc 13, 24-32

Fiéis Defuntos da Ordem do Carmo
15 de novembro
Evangelho (Mc 13,24-32): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Mas, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol ficará escuro e a lua perderá sua claridade, as estrelas estarão caindo do céu e as potências celestes serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro cantos da terra, da extremidade da terra à extremidade do céu.  Aprendei da figueira a lição: quando seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que está próximo, às portas. Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Ora, quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai».

«Está próximo»

Rev. D. Pedro IGLESIAS Martínez (Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje, recordamos como a Igreja nos preparava, ao começar o ano litúrgico, para a primeira vinda de Cristo, que nos traz a salvação. A duas semanas do final do ano, prepara-nos para a segunda vinda, aquela em que se pronunciará a última e definitiva palavra sobre cada um de nós.

Perante o Evangelho de hoje podemos pensar que ainda vem longe, mas «Ele está próximo» (Mc 13,29). E, contudo, na nossa sociedade é incômodo - até incorreto!- aludir à morte. Porém, não podemos falar de ressurreição sem pensar que temos de morrer. O fim do mundo, para cada um de nós, ocorre no dia em que falecermos, momento em que terminará o tempo que nos foi dado para optar. O Evangelho é sempre uma Boa Nova e o Deus de Cristo é Deus de Vida: por que esse medo? Talvez pela nossa falta de esperança?

Diante da rapidez com que esse juízo chegará, temos de saber converter-nos em juízes severos, não dos outros, mas de nós próprios. Não cair no engano da auto-justificação, do relativismo ou do - eu não acho que seja assim-... Jesus Cristo se nos dá através da Igreja e, com Ele, os meios e recursos para que esse juízo universal não seja o dia da nossa condenação, mas um espetáculo muito interessante, em que finalmente, se tornarão públicas as verdades mais ocultas dos conflitos que tanto atormentaram os homens.

A Igreja anuncia que temos um salvador, Cristo, o Senhor. Menos medos e mais coerência na nossa atuação, de acordo com aquilo em que cremos! «Quando chegarmos à presença de Deus, nos perguntarão duas coisas: se estávamos na Igreja e se trabalhávamos na Igreja; Tudo o resto não tem valor» (Beato J.H. Newman). A Igreja não só nos ensina uma forma de morrer, mas também uma de forma de viver para poder ressuscitar. Porque o que prega não é a sua mensagem, mas a Daquele cuja palavra é fonte de vida. Só partindo desta esperança enfrentaremos com serenidade o juízo de Deus.

Vigiar e preparar-nos para a vinda de Cristo. Só assim evitaremos a angústia e o medo.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Terminamos hoje a leitura do evangelista Marcos, que nos acompanhou durante todo o ano. No próximo domingo, festa de Cristo Rei, leremos São João. Termina o ano litúrgico e por isso as leituras nos orientam à escatologia, o futuro da história, para nos preparar para esse dia. Não necessitamos nem horóscopos nem adivinhos para buscar respostas às interrogações do amanhã. O futuro nos fascina e nos inquieta ao mesmo tempo. Ou porque desejamos ter tudo controlado. Ou porque nos ajudaria planejar o presente. O melhor é confiar em Cristo e na sua vitória.

Em primeiro lugar, quem não tem terror do que Jesus narra no evangelho de hoje? Visões tremendas, de arrepiar; soberbas imagens para um filme de terror: explosão de galáxias, apagão do sol, estrelas arrebentando-se, queda da lua, uma bagunça na criação. Hoje, outro tanto: explosão demográfica, destruição do ecossistema e da casa comum, como o Papa Francisco escreveu na sua encíclica “Lodato si’”, guerra das galáxias e, para que ninguém ficar de fora, nos silos uma bombinha de 180 kg atômicos por pessoa. Consequências? Homens secos de pessimismo derrotista, agressividade à flor de pele, angústia endêmica, depressões epidêmicas. Filmes atrozes que alertam uma neurose massiva e expansiva - veja na internet-, a bagunça ético-social –novas ideologias contrárias à Lei de Deus- e o homem de bruços no caos. A nossa ciência se tornou horrível, perigosa a nossa insatisfação, mortais os nossos conhecimentos. Isto é, parece estarmos nos aproximando do quadro clinico psiquiátrico deste evangelho sobre o fim do mundo. O que fazer?

Em segundo lugar, certamente é impressionante a linguagem com a que Jesus descreve hoje o final da história. É uma linguagem pega do gênero literário “apocalíptico” e “escatológico”, com a que tanto os profetas do Antigo Testamento como em geral a literatura rabínica da época descrevem o futuro e a chegada do “dia do Senhor”. Esta descrição, nos lábios de Jesus, não quer ser angustiosa, mas precisamente o contrário, esperançosa, porque imediatamente diz que veremos “vir o Filho do Homem sobre as nuvens (símbolo da divindade) com grande poder e majestade”, e Ele vem para salvar. Se formos sinceros, temos que dizer que ninguém, nem sequer a Igreja, soube explicar o sentido destes discursos escatológicos. Grupos religiosos aproveitam estes discursos para obcecar os seus adeptos, inclinados ao fanatismo (adventistas, testemunhas de Jeová) e circulam de casa em casa infundindo temor com o anúncio do iminente fim do mundo. O que fazer?

Finalmente, se quisermos resumir a mensagem deste domingo, poderia ficar assim: o Senhor veio uma primeira vez –em Belém- e virá uma segunda vez no futuro. A segunda vinda não deve de infundir medo em nós; ela é uma promessa, não uma ameaça. É a promessa da que se nutre toda a experiência cristã. Isso explica aquele fato singular que se nota na Igreja primitiva: os cristãos de então, depois de ter escutado estes discursos que também nós escutamos hoje, começavam a rezar e a invocar tranquilamente: “Maranata: Vem, Senhor Jesus!”. O que fazer? Não esquecer nunca que a nossa vida é uma peregrinação. Quem peregrina tem sempre em conta, não só aonde vai, mas também aonde se dirige, qual é a meta da sua viagem. Do mesmo jeito que um esportista olha desde o começo a meta, ou o estudante que mira à prova final. O que fazer? Se a nossa meta é o céu e a companhia com Deus e com os santos, então temos que vigiar seriamente os nossos passos, os nossos pensamentos, os nossos afetos, para não perder o rumo do caminho. Devemos ter tudo preparado para que o Senhor nos encontre dignos de ser admitidos no seu Reino. Devemos olhar com respeito e com confiança esse Cristo glorioso que vem para julgar todos. Esse juiz é o mesmo em quem cremos, quem escutamos na proclamação do evangelho, quem tentamos seguir, quem recebemos na Eucaristia. Estas leituras não querem nos encher de angústia, mas estão anunciando para nós a vitória e a salvação.  

Para refletir: meditemos estas palavras de São Francisco de Sales: “viver cada dia da nossa vida como se fosse o último dia da nossa vida na terra”. Vivemos desse jeito? Ou evadimos pensar nessa realidade, tão certa como segura, do final da nossa existência – vamos morrer- ou do final dos tempos, - Cristo virá-? Ou talvez pensamos que logo ajeitaremos as coisas, enquanto o melhor que podemos fazer é gozar e viver do jeito que quisermos? Aqui está em jogo nada mais e nada menos que o nosso destino para toda a eternidade!

Para rezar: Façamos esta oração que nos diz São Paulo: “que o Senhor conserve os nossos corações irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, até o dia em que venha o nosso Senhor Jesus em companhia de todos os seus santos” (1Ts 3, 12-4.2). Ou o que nos diz Lucas: “Velem e rezem continuamente, para que possam escapar de tudo que vai acontecer e assim comparecer seguros diante do Filho do Homem” (21,36).

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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