sábado, 10 de outubro de 2015

27 º Domingo do Tempo Comum

Textos: Sb 7, 7-11; Hb 4, 12-13; Mc 10, 17-30

São João XXIII, Papa
Evangelho (Mc 10,17-30): Jesus saiu caminhando, quando veio alguém correndo, caiu de joelhos diante dele e perguntou: Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna? Disse Jesus: Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Conheces os mandamentos: não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não prejudicarás ninguém, honra teu pai e tua mãe! Ele então respondeu: Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude. Jesus, olhando bem para ele, com amor lhe disse: Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.  Ao ouvir isso, ele ficou pesaroso por causa desta palavra e foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens. Olhando em volta, Jesus disse aos seus discípulos: Como é difícil, para os que possuem riquezas, entrar no Reino de Deus. Os discípulos ficaram espantados com estas palavras. E Jesus tornou a falar: Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus! Eles ficaram mais admirados e diziam uns aos outros: Quem então poderá salvar-se? Olhando bem para eles, Jesus lhes disse: Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível! Pedro começou a dizer-lhe: Olha, nós deixamos tudo e te seguimos. Jesus respondeu: Em verdade vos digo: todo aquele que deixa casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim e do evangelho, recebe cem vezes mais agora, durante esta vida - casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições -, e no mundo futuro, vida eterna.

«Foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens»

Rev. D. Xavier SERRA i Permanyer (Sabadell, Barcelona, Espanha)

Hoje vemos como Jesus, que nos ama, quer que todos entremos no Reino dos céus. Daí esta advertência tão severa aos ricos. Também eles estão chamados a entrar nele. Mas sim, eles têm uma situação mais difícil para se abrir a Deus. As riquezas podem fazer crer que já têm tudo; têm a tentação de pôr a própria segurança e a confiança em suas possibilidades e riquezas, sem se dar conta de que a confiança e a segurança devem-se pôr em Deus. Mas não somente de palavra: é fácil dizer Sagrado Coração de Jesus, em vos confio, mas é difícil dizê-lo com a vida. Se somos ricos, quando digamos essa jaculatória de coração, trataremos de fazer de nossas riquezas um bem para os demais, nos sentiremos administradores dos bens que Deus nos tem dado.

Acostumo ir à Venezuela em missão, e ali realmente, na pobreza, ao não ter muitas seguranças humanas, as pessoas se dão conta de que a vida pendura de um fio, que sua existência é frágil. Essa situação lhes facilita ver que é Deus quem lhes dá consistência, que suas vidas estão nas mãos de Deus. Ao contrário, aqui em nosso mundo consumista, temos tantas coisas que podemos cair na tentação de crer que elas nos outorgam segurança, que nos seguram com uma grande corda. Mas na realidade, ao igual que os pobres, estamos pendurados por um fio. Dizia a Mãe Teresa: Deus não pode encher o que está cheio de outras coisas; temos o perigo de ter a Deus como um elemento mais em nossa vida, um livro a mais na biblioteca; importante, sim, mas um livro a mais. E, portanto, não considerá-lo em verdade como nosso Salvador.

Mas tanto os ricos como os pobres, ninguém se pode salvar por si mesmo: Quem então poderá salvar-se? (Mc 10,26), exclamarão os discípulos. Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível! (Mc 10,27), responderá Jesus. Confiemo-nos todos e plenamente à Jesus, e que essa confiança se manifeste em nossas vidas.

Onde está a verdadeira sabedoria?
Pe. Antonio Rivero, L.C.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
Todas as leituras de hoje nos falam da sabedoria. De maneira explícita, a primeira leitura, salmo responsório e a aclamação ao evangelho. O evangelho do jovem rico, embora não diz nada à primeira vista sobre a sabedoria, pelo contrário, esse jovem ao perguntar sobre como conseguir a vida eterna quer saber (sabedoria) sobre a coisa mais importante na vida. A verdadeira sabedoria está em seguir Cristo crucificado, que para muitos é escândalo e loucura. Para nós é força e sabedoria de Deus.

Em primeiro lugar, temos a falsa sabedoria. Muitos homens construíram para si ao longo dos séculos uma sabedoria humana do seu jeito, quando deixaram a sabedoria divina que podiam ter aprendido no grande livro da Criação e no livro revelado da Sagrada Escritura. Para os judeus, essa sabedoria humana se chamava a lei; não a lei expressão autêntica da vontade de Deus, mas a lei transformada em fonte de jactância, de falsas seguranças, uma ciência mais do que uma sapiência; leu sem a alma da caridade. Para os pagãos- os gregos – a sabedoria humana se chama filosofia, e cujo ídolo é aquela sabedoria que não tem no centro, como explicação e fim de tudo, Deus, mas o homem. Assim exprimiu isto Protágoras, no século V a. C.: “O homem é a medida de todas as coisas”. O apóstolo São Tiago nos dirá duramente na sua carta que esta falsa sabedoria tem estas características: “é terrenal, selvagem, demoníaca” (3,15). Entenda-se bem, sabedoria humana sem abertura à transcendência e aos valores do espírito. Por acaso não são tão conhecidas para nós tantas entrevistas e livros ideológicos onde se ataca Deus e a religião, o matrimônio e a família, a moral e a ética? Esta falsa sabedoria banaliza o sexo, ri-se da virtude e entroniza o prazer, o relativismo, a moral de situação e as novas ideologias malucas e antinaturais, que tocaram já as portas de tantos Parlamentos, Câmaras de deputados e Congressos, e até às portas sacrossantas do Sínodo ordinário da família que começou no dia 4 de outubro. Que Deus nos livre desta falsa sabedoria que conduz à necedade radical!

Em segundo lugar, temos a autêntica sabedoria. Em Cristo, a sabedoria de Deus se fez carne e habitou entre nós. Jesus se o Logos, isto é, a Palavra do Pai. Palavra encarnada que vem para nos ensinar a ternura e o carinho de Deus, o pensamento e os critérios de Deus, o caminho de realização humana e espiritual, da justiça e da paz. Que pena que esta sabedoria de Deus em Cristo é sinal de contradição! Os sabichões orgulhosos deste mundo não a aceitam; tudo ao contrário, protestam e a rejeitam. Pelo contrário, os humildes se sentam aos pés de Cristo e aprendem esta sabedoria divina. Deus esconde os seus mistérios aos soberbos com ares de sábios; e os revela aos pequeninos (cf. Mt 11,25-26). O apóstolo São Tiago nos dirá também na sua carta as características desta autêntica sabedoria: é pura, pacífica, dócil, compreensiva, piedosa, produz bons resultados, não discrimina nem é mentirosa (3,17). Esta sabedoria não consiste em saber muitas coisas, mas em colocar-se os óculos do Evangelho para tomar consciência e sair airosos do “deserto” das tentações sociais e espirituais. Que Deus nos dê esta verdadeira sabedoria que nos faz sábios segundo o evangelho!

Finalmente, façamos um resumo: a sabedoria se encontra em Jesus e com Jesus. Para obtê-la, é preciso ir até Jesus e segui-lo. A sabedoria autêntica e que vem do alto é a sabedoria de Deus em Cristo crucificado (1 Cor 1,24). A condição para fazê-lo nos oferece o evangelho de hoje: vender tudo, isto é, renunciar apoiar-se em qualquer outra fonte de segurança, seja material, como a riqueza; seja religiosa, como o cumprimento frio e sem alma da lei. Para que todo este esforço por se desprender de fardos pesados? Para seguir Cristo. Aqui está a verdadeira sabedoria! Em seguir Jesus que é a autêntica riqueza, o sentido profundo da vida, a felicidade que todos nós procuramos, a paz do coração e o caminho da justiça e da honestidade! Descobrir Jesus é deixar de ser bobo e começar a ser sábio. Jesus é quem nos explica toda a riqueza do seu Pai celestial. Explica para a nossa mente e nos faz saborear no coração. Os dominadores deste mundo se aliam, em nome da sabedoria, para eliminar esta nova sabedoria vinda para estragar todos os planos e todos os valores, que privilegia os fracos, socava os poderes e prega a liberdade. Eles crucificam o “Senhor da glória” (1 Cor 2,8), porque para eles é loucura e escândalo, porque é uma sabedoria que está pregada na cruz com dois paus: um vertical que se eleva ao Céu para nos reconciliar com Deus, e se crava na terra para redimi-la e curá-la. E outro, horizontal, estendido a todos os pontos da terá porque somos irmãos em Cristo, todos da mesma dignidade. Quem entende tudo isto? Só os que têm a verdadeira sabedoria que emana de Cristo e este Crucificado.

Para refletir: A carta de São Tiago nos diz assim: “Se para algum de vós falta sabedoria, peça a Deus, e a receberá, porque ele dá a todos generosamente e sem reprimendas. Porém que peça com confiança e sem duvidar...” (1,5-6). A filósofa alemã, Edith Stein, primeiro judia, depois freira carmelita, e hoje santa Teresa Benedita não só escreveu páginas profundas sobre a “ciência da Cruz”, mas também percorreu até o fundo o caminho que conduz à escola da Cruz. Muitos contemporâneos nossos quiseram fazer calar a Cruz. Mas nada é mais eloquente do que a Cruz que se faz calar! A verdadeira mensagem da dor é uma lição de amor. O amor faz ser fecunda a dor e a dor dá profundidade ao amor. Mediante a experiência da Cruz, Edith Stein pôde abrir um caminho a um novo encontro com o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé e a cruz lhe revelaram o seu caráter inseparável. E morreu mártir num campo de concentração nazista de Auschwitz por pregar a sabedoria autêntica.

Para rezar: Senhor, fazei-me sábio para Vós, embora o mundo me considere um ignorante. Na vossa cruz está a verdadeira sabedoria que quero aprender cada dia e dar testemunho dela.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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