sexta-feira, 19 de junho de 2015

MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – XII Domingo do Tempo Ordinário

Textos: Jó 38, 1.8-11; 2 Cor 5, 14-17; Mc 4, 35-41
Evangelho (Mc 4,35-41): Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos: «Passemos para a outra margem! » Eles despediram as multidões e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no barco; e outros barcos o acompanhavam.      Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se enchia de água. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe: «Mestre, não te importa que estejamos perecendo? » Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar: «Silêncio! Cala-te! » O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. Jesus disse-lhes então: «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? » Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: «Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar? ».

Comentário: Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

«Mestre, não te importa que estejamos perecendo?»

Hoje ―nestes tempos de «forte ventania»― nos encontramos interpelados pelo Evangelho. A humanidade viveu dramas que, como ondas violentas, irromperam sobre homens e povos inteiros, particularmente durante o século XX e o início do XXI. E, às vezes, sai do fundo da alma perguntar-lhe: «Mestre, não te importa que pereçamos? » (Mc 4,38); se tu verdadeiramente existes, se Tu és Pai, por que ocorrem estes episódios?

Ante a lembrança dos horrores dos campos de concentração da II Guerra Mundial, o Papa Bento se pergunta: «Onde estava Deus nesses dias? Por que permaneceu calado? Como pôde tolerar este excesso de destruição? ». Uma pergunta que Israel, ainda no Antigo Testamento, se fazia: «Por que dormes? (...). Por que escondes teu rosto e esqueces nossa desgraça» (Sal 44,24-25).

Deus não responderá a estas perguntas: podemos pedir tudo a Ele, menos o porquê das coisas; não temos o direito de pedir-Lhe contas. Na realidade, Deus está e está falando; somos nós quem não estamos [na sua presença] e, portanto, não ouvimos a sua voz. «Nos ―diz Bento XVI― não podemos escrutar o segredo de Deus e da história. Neste caso, não defenderíamos ao homem, mas contribuiríamos somente à sua destruição».

Efetivamente, o problema não é que Deus não exista ou que não esteja, porém que os homens vivamos como se Deus não existisse. Aqui está a resposta de Deus: «Por que estais com tanto medo? Como não tens fé? » (Mc 4,40). Isso disse Jesus aos Apóstolos, e o mesmo lhe disse a Santa Faustina Kowalska: «Minha filha, não tenhas medo de nada, Eu sempre estou contigo, ainda que te pareça que não esteja»

Não lhe perguntemos, melhor rezemos e respeitemos a sua vontade e.., então haverá menos dramas... e, assombrados, exclamaremos: «Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem» (Mc 4,41). ― Jesus, em vos confio!

Na vida atravessamos por tempestades.
Pe. Antonio Rivero, L.C.

Na tradição dos povos do Oriente Médio o mar foi sempre o lugar das forças caóticas do mal, opostas a Deus. Jesus deixa a margem de Cafarnaum para passar para a outra margem, à costa ocidental do lago de Galileia, que na época era território não judeu, e, portanto, terra de pagãos. No meio da travessia do mar se levanta um forte temporal, como se as forças do mal quisessem obstaculizar a difusão do evangelho do Reino de Deus. Cristo pede fé na sua divindade e confiança.

Em primeiro lugar, Jó na primeira leitura experimentou a tormenta na sua vida. Deus o provou. Provas: A imensa perda de Jó sobre as coisas terrenas, a prova física no seu corpo, o seu matrimônio foi se desmoronando, perdeu a sua boa reputação. Como reagiu Jó diante destas provas? Aferrou-se ao seu Senhor, apesar de que o Senhor primeiro não respondeu a sua oração e aparentemente não fez chegar para ele nenhuma ajuda. Disse: “O que? Receberemos de Deus o bem, e não receberemos também o mal? ” (2,10). A nave da vida de Jó estava ancorada no seu Deus. Nenhuma tormenta podia afastá-lo Dele. O Senhor era o primeiro na sua vida. O escuro propósito que Satanás tinha para Jó, no final das contas levou à glorificação do Senhor, pois Jó continuou aferrado ao seu Deus! Triunfalmente exclamou ainda mais nesses momentos: “Eu sei que o meu Redentor vive”. Quando já não sobrou nada mais na vida de Jó, permaneceram ainda o Senhor e ele, o próprio Jó. Que íntima chegou a ser a sua comunhão com o seu Senhor através desta prova e desta tormenta!    

Em segundo lugar, os apóstolos também experimentaram a tormenta na barca, levando Jesus nela. As últimas parábolas que Marcos narrou mostravam a força do crescimento irresistível do Reino. Agora a cena muda radicalmente: descreve uma situação comprometida dos discípulos. Tudo produz certo arrepio: torna-se escuro; levanta-se de repente um forte temporal e as ondas irrompem contra o frágil barco que pouco a pouco vai se enchendo de água. O grupo -a comunidade- corre o perigo, vive numa situação limite; em qualquer momento podem afundar. Enquanto isso Jesus “dorme” no lugar do timoneiro desde onde se marca o rumo da nave. Jesus não se sente ameaçado, não perdeu a paz. Os discípulos, ao contrário, meio histéricos gritam e vão de em lado para outro, tentando salvar a própria pele... E Jesus “dorme”! Como pode Jesus despreocupar-se desse jeito? Nem lhe importa os seus seguidores? Esta atitude de Jesus recorda aquele semeador da parábola que dorme enquanto a semente faz o seu trabalho. Mas os discípulos não pensam naquela parábola, de tão assustados, amedrontados e alarmados como estão. E acordam Jesus recriminando-o, porque Ele está abandonando-os justo naquele momento de extremo risco. “Não te importa que pereçamos? ”.  Os discípulos- e também nós- ainda tem o coração endurecido, para eles é custoso abrir-se com fé à pessoa de Jesus. Custa entender que Jesus não dorme, mas que sabe viver sempre, na tempestade e na bonança, na certeza de estar sempre nas boas mãos de Deus que é todo Amor. Aprender a fazer esta experiência, não só ficam reduzidas as dificuldades, mas que se aprende a ser discípulo.  

São Luís Gonzaga, SJ 
(vera efigie - as 3 pinturas acima)
Finalmente, nós, como a Igreja, não nos escaparemos das diversas tormentas que Deus ou quer ou permite na nossa vida. Mais de 2.000 anos já passaram desde que Jesus Cristo fundou a Igreja. Mais de 2.000 já passaram de cristianismo e parece que tudo vai desabando; parece que as novas doutrinas religiosas estão tomando o lugar da Igreja, mas não é assim. A Igreja parece naufragar na tempestade do mundo e nos problemas que vão surgindo; mas cada vez que nós, os homens, duvidamos se levanta uma voz que parece despertar de um longo sono: Não tenham medo, tenham fé! E o mar se acalma de novo; o barco de Pedro continua o seu rumo através dos anos, dos séculos e dos milênios. Cristo não está longe de nós; dorme junto do timão, para que quando a nossa fé desfalecer, quando estivermos tristes e desamparados, Ele toma o timão da nossa vida. Aliás, no mar da nossa vida brilha uma estrela, relampeja no céu da nossa alma a estrela de Maria, para não perdermos o rumo. Quantas situações de angústia e de perigo vivemos! Incompreensão, crise familiar ou comunitária, fracasso da evangelização, esfriamento do compromisso, escândalos, forças incontroláveis do mal, ideologias de todo tipo, etc. Às vezes as comunidades temos a sensação de estar perdidas, de ir à deriva, de ter perdido o norte... E não entendemos o silêncio de Deus.     

Para refletir: Dedique um bom tempo para guardar silêncio no seu interior, buscar a calma no meio de tantas preocupações, temores, incertezas. Quais tormentas estás atravessando neste momento? Como Jesus, coloque-se nas mãos do bom Deus que é todo Amor. Faça um ato de fé em Jesus que ocupa o lugar do Deus que é todo Amor na sua comunidade ou na sua família. Ele está presente, não nos abandonou, o que podemos temer? Peça saber viver na confiança. Peça a força interior para aguentar os golpes da vida, os vazios, a falta de sentido, o medo de seguir Jesus. Tudo o que dificulta verdadeiramente a fé. Adira-se à pessoa de Jesus, que nos livra das paralisias e nos faz agir para poder seguir liberando muitos outros de qualquer tipo de paralisias e desconfiança.    

Para rezar: Senhor, aumentai a minha fé e a minha confiança em Vós, que levais o barco da minha vida. Permiti–me gritar a Vós na oração quando Vós estejais dormindo e venha a tempestade da prova, da dor, do mal, do silêncio de Deus, da crise de fé, do medo.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO