segunda-feira, 15 de junho de 2015

MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS - Terça-feira da 11ª semana do Tempo Comum


Evangelho (Mt 5,43-48): «Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito».

Comentário: Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Rubí, Barcelona, Espanha)

«Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito».

Hoje, Cristo convida-nos a amar. Amar sem medida, que é a medida do amor verdadeiro. Deus é Amor «ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos» (Mt 5,45). E o homem, faísca de Deus, tem que lutar para assemelhar-se a Ele cada dia, «Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus». Onde encontramos o rosto de Cristo? Nos outros, no próximo. É muito fácil compadecer-se das crianças da Etiópia que têm fome quando as assistimos na TV, ou dos imigrantes que cada dia chegam as nossas praias. Mas, e os que estão em casa? E os nossos parceiros de trabalho? E aquela parenta que esta longe e sozinha à qual poderíamos fazer companhia? Os outros, como os tratamos? Como os amamos? Que atos de serviço temos com eles cada dia?

É muito fácil amar quem nos ama. Mais o Senhor convida-nos ir mais além, porque «Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?» (Mt 5,46). Amar nossos inimigos! Amar aquelas pessoas que sabemos — com certeza — que nunca nos devolverão o afeto, nem o sorriso, nem aquele favor. Simplesmente porque nos ignoram. O cristão, todo cristão, não pode amar de maneira “interessada”; não tem de dar um troço de pão, uma esmola aos que estão no sinal. Tem que dar-se a sim mesmo. O Senhor, morrendo na Cruz, perdoa aos que o crucificaram. Nenhum reproche, nem uma queixa, nem um gesto desagradável...

Amar, sem esperar nada em troca. À hora de amar temos que enterrar as calculadoras. A perfeição é amar sem medida, a perfeição a temos nas mãos no meio do mundo, no meio do nosso dia-a-dia. Fazendo o que devemos, e não o que nos convém. A Mãe de Deus, nas bodas de Caná da Galileia, vê que os convidados não têm vinho. E pede para o Senhor que faça o milagre. Peçamos-lhe hoje o milagre de sabê-lo descobrir nas necessidades dos outros.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.


V Centenário do Nascimento (1515-2015)
No evangelho de hoje alcançamos o topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidar: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes em seguida ele já tinha afirmado: “Antigamente foi dito, mas eu digo!” (Mt 5,21.27,31.33.38). Era sinal de muita coragem da parte dele de corrigir, publicamente, diante de todo o povo reunido, o tesouro mais sagrado do povo, a raiz da sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo olhar para entender e praticar a Lei de Deus. A chave para poder atingir este novo olhar é a afirmação: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito!” Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós. Por que será que ele colocou diante de nós um ideal impossível a ser atingido por nós mortais?

* Mateus 5,43-45: Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo
Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com que os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeu e não judeu, entre próximo e não-próximo, entre santo e pecador, entre puro o impuro, etc. Jesus manda subverter esta pretensa ordem nascida de divisões interesseiras. Ele manda ultrapassar as divisões. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos”. E aqui atingimos a fonte, de onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos este Deus: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (5,48). E' imitando este Deus que criamos uma sociedade justa, radicalmente nova.

* Mateus 5,46-48: Ser perfeito como o Pai celeste é perfeito
Tudo se resume em imitar Deus: "Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu" (Mt 5,43-48). O amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem descrimina o outro por motivo de raça, sexo, sexo, religião ou classe social, mas que nasce de um bem querer totalmente gratuito. Foi um crescendo contínuo, desde o nascimento até à morte na Cruz.

* A manifestação plena do amor criador em Jesus.
Foi quando na Cruz ele ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário deixaram-no totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário daqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).

Para um confronto pessoal
1) Qual a motivação mais profunda do esforço que você faz para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, te mantém em vida e te salva?
2) Como você entende a frase “ser perfeito como o Pai do céu é perfeito”?

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