quarta-feira, 6 de maio de 2015

MÊS DE MARIA - Quinta-feira da 5ª semana da Páscoa


Evangelho (Jo 15,9-11): «Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu observei o que mandou meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa».

Comentário: Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)

Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo.

Hoje, ouvimos outra vez a intima confidência que Jesus nos faz na Quinta-feira Santa: «Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo» (Jo 15,9). O amor do Pai ao Filho é grande, terno, íntimo. Lemo-lo no livro dos Provérbios, quando afirma que antes de começar as obras «junto a ele estava eu como artífice, brincando todo o tempo diante dele» (Prov 8,30). Desse jeito Ele nos ama e, o anunciando profeticamente nesse livro, acrescenta que «brincando sobre o globo de sua terra, achando as minhas delícias junto aos filhos dos homens» (Prov 8,31).

O Pai ama ao Filho, e Jesus não deixa de nos di-lo: «Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado» (Jo 8,29). O Pai proclamou bem forte no Jordão, quando ouvimos: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti ponho minha afeição» (Mc 1,11) e, mais tarde no Tabor: «Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o» (Mc 9,7).

Jesus respondeu, «Abba», Pai! Agora revela nos, «como meu Pai me ama, assim também eu vos amo». E nós, o que vamos fazer? Pois, mantermos no seu amor, cumprir os seus mandamentos, amar à vontade do Pai. Não é esse o exemplo que Ele nos dá? «Eu faço sempre o que agrada Ele».

Mas nós, que somos débeis, inconstantes, covardes, e — porque não di-lo — maus, perderemos, pois sua amizade para sempre? Não, Ele não permitirá que sejamos tentados por cima de nossas forças! Mas, se acaso nos apartamos de seus mandamentos, peçamos lhe a graça de voltar como o filho pródigo à casa do Pai e acudir ao sacramento da Penitência para receber o perdão de nossos pecados. «Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15,9. 11).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* A reflexão em torno da parábola da videira compreende os versículos 1 a 17. Ontem meditamos os versículos 1 a 8. Hoje meditamos os versículos 9 a 11. Depois de amanhã, o evangelho do dia salta os versículos 12 a 17 e retoma no versículo 18, que já traz outro assunto. Por isso, incluímos hoje um breve comentário dos versículos 12 a 17, pois é nestes versículos que desabrocha a flor e que a parábola da videira mostra toda a sua beleza.

* O evangelho de hoje é de apenas três versículos, que dão continuidade ao evangelho de ontem e trazendo mais luz para aplicar a comparação da videira à vida das comunidades. A comunidade é como uma videira. Ela passa por momentos difíceis. É o momento da poda, momento necessário para que produza mais frutos.

* João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da perfeita alegria.
Jesus permanece no amor do Pai observando os mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com que ele observou os mandamentos do Pai: “Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”.  É nesta união de amor do Pai e de Jesus que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”.

* João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!"

* João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu mando", a saber, a prática do amor até a doação total de si!  Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida dos discípulos e das discípulas. Ele diz: "Não chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês!" Jesus não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da vida em comunidade: chegarmos à total transparência, ao ponto de não haver mais segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante alguns anos. Eles "eram um só coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46). 

* João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu. 
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galileia. A última recomendação: "Isto vos mando: amai-vos uns aos outros!"

* O Símbolo da Videira na Bíblia.
O povo da Bíblia cultivava videiras e produzia bom vinho. A colheita da uva era uma festa, com cantos e danças. Foi daí que se originou o cântico da vinha, usado pelo profeta Isaías. Ele compara o povo de Israel com uma videira (Is 5,1-7; 27,2-5; Sl 80,9-19). Antes dele, o profeta Oséias já tinha comparado Israel a uma vinha exuberante que quanto mais produzia frutos, mais multiplicava suas idolatrias (Os 10,1). Este tema foi também utilizado por Jeremias, que comparou Israel a uma vinha bastarda (Jr 2,21), da qual seriam arrancados os ramos (Jr 5,10; 6,9). Jeremias usa estes símbolos porque ele mesmo teve uma vinha que foi pisada e devastada pelos invasores (Jr 12,10). Durante o cativeiro da Babilônia, Ezequiel usou o símbolo da videira para denunciar a infidelidade do povo de Israel. Ele contou três parábolas sobre a videira: 
1) A videira queimada que já não serve mais para coisa alguma (Ez 15,1-8); 
2) A videira falsa plantada e protegida por duas águias, símbolos dos reis da Babilônia e do Egito, inimigos de Israel (Ez 17,1-10). 
3) A videira destruída pelo vento oriental, imagem do cativeiro da Babilônia (Ez 19,10-14). 
A comparação da videira foi usada por Jesus em várias parábolas: os trabalhadores da vinha (Mt 21,1-16); os dois filhos que devem trabalhar na vinha (Mt 21,33-32); os que arrendaram uma vinha, não pagaram ao dono, espancaram seus servos e mataram seu filho (Mt 21,33-45); a figueira estéril plantada na vinha (Lc 13,6-9); a videira e os ramos (Jo 15,1-17).

Para confronto pessoal
1. Somos amigos e não empregados. Como vivo isto no meu relacionamento com as pessoas?
2. Amar como Jesus nos amou. Como cresce em mim este ideal do amor?

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