sexta-feira, 20 de março de 2015

Mês de São José - Domingo V da Quaresma

Textos: Jr 31, 31-34; Hb 5, 7-9; Jo 12, 20-33

Evangelho (Jo 12,20-33): Havia alguns gregos entre os que tinham subida a Jerusalém para adorar durante a festa. Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: «Senhor, queremos ver Jesus». Filipe conversou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem não faz conta de sua vida neste mundo, há de guardá-la para a vida eterna. Se alguém quer me servir, siga-me, e onde eu estiver, estará também aquele que me serve. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Sinto agora grande angústia. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora’? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai glorifica o teu nome! » Veio, então, uma voz do céu: «Eu já o glorifiquei, e o glorificarei de novo». A multidão que ali estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um anjo que falou com ele». Jesus respondeu: «Esta voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por vossa causa. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, e quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim». Ele falava assim para indicar de que morte iria morrer.

Comentário: Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell (Agullana, Girona, Espanha)

Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto

Hoje a Igreja, no último trecho da Quaresma, o que nos propõe este Evangelho para ajudar-nos a chegar ao Domingo de Ramos bem preparados em vistas a vivermos estes mistérios tão centrais na vida cristã. A Via Crucis é para o cristão uma “via lucis”, morrer é um tornar a nascer, e ainda mais, é necessário morrer para viver de verdade.

Na primeira parte do Evangelho, Jesus diz aos Apóstolos: «Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto» (Jo 12,24). Santo Agostinho comenta ao respeito: «Jesus diz de si mesmo “grão”, que havia de ser mortificado, para depois multiplicar-se; que tinha que ser mortificado pela infidelidade dos judeus e ser multiplicado para a Fe de todos os povos». O pão da Eucaristia, feito do grão de trigo, multiplica-se e parte-se para alimento de todos os cristãos. A morte de martírio é sempre fecunda. Por isso, «os que se apegam à vida», simultaneamente, a «perdem». Cristo morre para dar, com o seu sangue, fruto: nós temos de imitá-lo para ressuscitar com Ele e dar fruto com Ele. Quantos dão no silêncio da sua vida para o bem dos irmãos? Desde o silêncio e da humildade temos de aprender a ser grão que morre para tornar à Vida.

O Evangelho deste domingo acaba com uma exortação a caminhar à luz do Filho exaltado no alto da terra: «E quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim» (Jo 12,32). Temos que pedir ao bom Deus que em nós só haja luz e que Ele nos ajude a dissipar toda sombra. Agora é o momento de Deus, não lhe deixemos perder! «Estais dormidos? No tempo que se vos concedeu! » (São Ambrósio de Milão). Não podemos deixar de ser luz no nosso mundo. Como a lua recebe a sua luz do sol, em nós se há de ver a luz de Deus.

Já está chegando a Hora de Jesus.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Em três domingos sucessivos a liturgia nos apresenta uns símbolos para entender melhor o mistério da Páscoa do Senhor, a Hora de Jesus: o templo que Ele reedificará em três dias (3º domingo), a serpente levantada que cura quem olha para ela com fé (4º domingo) e hoje o grão de trigo. Mistério pascal que implica morte e ressurreição.

Em primeiro lugar, faz mais de 2.000 anos chegou a Hora de Deus: “Chegou a hora... sinto-me agitado. É melhor eu pedir para o Pai parar o relógio do Plano de salvação?” (Evangelho). Gritou, chorou (segunda leitura). Mas o Pai não mexeu nenhum dedo, não parou o relógio, não adiantou os ponteiros. Simplesmente deixou que se cumprisse a Hora. E o Filho foi detido, processado, condenado, executado. Assim se cumpriu a Hora da salvação do gênero humano. Não é a hora do calendário civil. É a Hora na língua bíblica, isto é, o desígnio de Deus, o plano de Deus, numa palavra, a vontade de Deus. E Jesus enfrentou essa Hora com decisão, com coragem, com obediência, com amor, mas sem economizar dor e sofrimento no corpo, na alma, no espírito.

Em segundo lugar, muitos dos nossos irmãos estão atravessando neste momento a Hora amarga: sofrimentos pessoais, familiares, sociais, políticos, econômicos, nacionais, internacionais, planetários. Hora permitida por Deus, mas muitas vezes querida pelos homens sem escrúpulos e sem o santo temor. O Papa Francisco já disse alguns desses espinhos na sua exortação: “Evangelii gaudium”: economia da exclusão, idolatria do dinheiro, dinheiro que governa em vez de servir, iniquidade que gera violência, perseguição de cristãos, indiferença relativista, famílias destruídas e frágeis nos seus vínculos. Outras cruzes duras que são o pão nosso de cada dia. O que digo eu a uma viúva de coração em luto, a um pai de cinco filhos condenado à morte de câncer, a uma mocinha a quem o galã resolveu deixar no pé do altar, vestida e desajeitada, à família com um filho que mexe com drogas ou se encontra numa cadeia, ao...? Não bastam conselhinhos analgésicos e euforizantes. Os meus irmãos e eu, queríamos que essa Hora passasse agora mesmo. Porém, o que Deus quer? O nosso Pai Deus em resposta a este desejo envia o seu Filho ao sofrimento; chegou o Filho e carregou a cruz sem resmungar, pois era a Hora do Pai para nos salvar. O cristão aprendeu assim o sentido que o Filho deu ao sofrimento: purificador dos próprios pecados, redentor das almas, colaboradores com Ele na salvação dos homens. Por tanto, a Hora do sofrimento é, de fato, a hora da verdade, dessas grandes verdades.

Finalmente, também cedo ou tarde chegará a nossa Hora. Cada um pense qual é a sua Hora, se estiver bem o ponteiro do relógio que marcará a Hora de Deus, então qual é a cor que tem o relógio que marcará essa Hora de Deus. Cada um pense se algum Vesúvio explodiu ou está quase a ponto de explodir na sua vida ou na vida da sua família, jogando para o céu rochas como aeróstatos de fogo, como aquele Vesúvio do dia 24 de agosto do ano 79 d.C. em Nápoles, cujos aeróstatos caiam como chumbo sobre os campos como bombas de napalm, e onde os torrentes de lava entraram invadindo as ruas, as praças e as casas de Satabiae - as termas cheias de prazer-, Pompeia- as salas de festa- e Herculanum - o comercio-; e onde “trens” de nuvens carregadas de cinzas descarregaram a sua força sobre essas cidades, sepultando-as debaixo de seis metros de pavesas e por 1.600 anos desapareceram da memória dos homens. Sim, a Hora de Deus é terrível, incompreensível, mas necessária e deve ser cumprida. O sofrimento e a morte são o trâmite para a ressurreição, para a eternidade e para a glória. Por tanto, a Hora de Deus é a Hora do Pai cheio de ternura e misericórdia que busca a ovelha perdida e salva a pecadora arrependida.

Para refletir: Como reajo diante da Hora de Deus na minha vida: com amor e obediência como Jesus; ou com rebeldia e desgosto? Deixo Deus Pai marcar a Hora na minha vida ou imponho a hora que eu quero?

Para rezar: Senhor, que se cumpra em mim a vossa Hora, quando Vós quiserdes, onde Vós quiserdes, como Vós quiserdes e no tempo que Vós quiserdes. Quero me parecer ao vosso Filho Jesus e a tantos dos vossos amigos, santos e santas. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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