domingo, 21 de setembro de 2014

Segunda-feira da 25ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Lc 8,16-18): «Ninguém acende uma lâmpada para escondê-la debaixo de uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ela é posta no candelabro, a fim de que os que entram vejam a claridade. Ora, nada há de escondido que não venha a ser descoberto. Nada há de secreto que não venha a ser conhecido e se tornar público. Olhai, portanto, a maneira como ouvis! Pois a quem tem será dado, e a quem não tem, até aquilo que julga ter lhe será tirado!»

Comentário: Rev. D. Joaquim FONT i Gassol (Igualada, Barcelona, Espanha)

Ela é posta no candelabro, a fim de que os que entram vejam a claridade

Hoje, este Evangelho tão breve é rico em temas que chamam a nossa atenção. Em primeiro lugar, “dar luz”: tudo é evidente aos olhos de Deus! Segundo grande tema: as Graças estão encadeadas, a fidelidade a uma atrai as outras: «Gratia pro Gratia» (Jo 1,16).

Luz para os que entram na Igreja! Desde há séculos, as mães cristãs ensinaram os seus filhos na intimidade, com palavras expressivas, mas sobretudo com a “luz” do seu bom exemplo. Também semearam, com a típica candura popular e evangélica, comprimida em muitos provérbios, plenos de sabedoria e, ao mesmo tempo, de fé. Um deles é o seguinte: «Iluminar e não defumar». São Mateus diz-nos: «…onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus (Mt 5,15-16).

O nosso exame de consciência, no final de cada dia, pode comparar-se ao trabalho do lojista, que verifica a caixa para ver o fruto do seu trabalho. Não começa por perguntar: Quanto perdi? Antes, pelo contrário: Quanto ganhei? E imediatamente: Como poderei ganhar mais amanhã, que posso fazer para melhorar? A revisão do nosso dia acaba com uma ação de graças e, por contraste, com um ato de dor amoroso. Dói-me não ter amado mais, e espero cheio de confiança, começar amanhã o novo dia para agradar mais a Nosso Senhor, que sempre me vê, e me acompanha e me ama tanto. Quero proporcionar mais luz e diminuir o fumo do fogo do meu amor.

Nos serões familiares, os pais e os avós forjaram – e continuam a forjar – a personalidade e a piedade das crianças de hoje e dos homens de amanhã. Vale a pena! É urgente! Maria, Estrela da Manhã, Virgem do amanhecer que precede a Luz do Sol-Jesus, guia-nos e dá-nos a mão. «Oh, Virgem ditosa! É impossível que se perca aquele em quem pões o teu olhar» (Santo Anselmo).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz três pequenos dizeres de Jesus. São frases soltas que Lucas colocou aqui logo depois da parábola da semente (Lc 8,4-8) e da sua explicação aos discípulos (Lc 8,9-15). Este contexto literário, em que Lucas colocou as três frases, ajuda a entender como ele quer que a gente entenda estas frases de Jesus.

* Lucas 8,16: A lâmpada que ilumina
"Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que todos os que entram, vejam a luz”.  Esta frase de Jesus é uma pequena parábola. Jesus não explica, pois todo mundo sabia de que se tratava. Era algo da vida de todos os dias. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Você imagine o seguinte. A família está reunida em casa. Começa a escurecer. Alguém levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que o pessoal vai dizer? Todo mundo vai gritar: “Seu bobo! Coloque a luz na mesa!” Numa reunião bíblica, alguém fez o seguinte comentário: A palavra de Deus é uma lamparina para ser acesa na escuridão da noite. Enquanto ela estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é como a lamparina debaixo do caixote. Ela só é colocada na mesa e ilumina a casa, quando for lida em comunidade e ligada à vida.
No contexto em que Lucas colocou esta frase, ela se refere à explicação que Jesus deu da parábola da semente (Lc 8,9-15). É como se dissesse: as coisas que vocês acabaram de ouvir, vocês não devem guardá-las para si mesmos, mas devem irradiá-las aos outros. Um cristão não deve ter medo de dar testemunho e de irradiar a Boa Nova. Humildade é importante, mas é falsa a humildade que esconde os dons de Deus dados para edificar a comunidade (1Cor 12,4-26; Rom 12,3-8).

* Lucas 8,17: O escondido se tornará manifesto
“Tudo o que está escondido, deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo, deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto.”  Esta segunda frase de Jesus, de acordo com o contexto em que foi posto por Lucas, também se refere aos ensinamentos que Jesus deu em particular aos discípulos (Lc 8,9-10). Os discípulos não podem conservá-los só para si, mas devem divulgá-los, pois fazem parte da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe.

* Lucas 8,18: Prestar atenção aos preconceitos
“Prestem atenção como vocês ouvem: para quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter". Naquele tempo, havia muitos preconceitos sobre o Messias que impediam o povo de entender de maneira correta a Boa Nova do Reino que Jesus anunciava. Por isso, esta advertência de Jesus com relação aos preconceitos tinha muita atualidade. Jesus pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele lhes oferece. Através desta frase de Jesus, Lucas está dizendo às comunidades e a todos nós: “Prestem bem atenção nas ideias com que vocês olham para Jesus!”  Pois, se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a ideia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso, recebo e ensino sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu penso que o messias deve ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina sobre a Cruz, sobre o sofrimento, perseguição e compromisso, e até vou perder aquilo que eu pensava possuir. Unindo esta terceira frase com a primeira, pode-se concluir o seguinte: quem segurar fechado em si o que receber e não o distribuir aos outros, perde aquilo que tem, pois vai apodrecer.

Para um confronto pessoal
1. Você já teve experiência de preconceitos que o impediam de perceber e de apreciar no seu devido valor, as coisas boas que as pessoas fazem?
2. Você já percebeu os preconceitos que estão por trás de certas histórias, piadas e parábolas que as pessoas contam?

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